AS TARIFAS E A GRANDE RUPTURA
Tudo é simples, mas os seres humanos complicam. As universidades têm a missão de entender o mundo e as leis universais do Criador que o regem, e contribuir para a formação de seres humanos valorosos, com discernimento e bom senso, aptos a beneficiar e construir um mundo melhor. Isso não tem nada a ver com religião. Com o surgimento do capitalismo de Estado, voltado para a produção de manufaturas para exportação, criou-se um impasse no mundo capitalista até agora atrelado à propriedade e livre iniciativa, com a proeminência de grandes corporações.
Olhar para o futuro assusta. As nações estão se esvaziando, perdendo a base e se tornando dependentes pela má gestão. Faltam estadistas sábios. As novas gerações estão sem rumo. Falta bom preparo. O consumo de drogas se espalha entre a população e está se tornando um grande problema para as nações.
O dinheiro se tornou a motivação e o poder. A China não emite dólares, mas acumulou poderosa reserva financeira. A humanidade criou muitas ilusões, ficou meio perdida, e não consegue encontrar o caminho do progresso pacífico e da elevação que é necessária para não retrogradar ao nível instintivo sem alma, que já está visível. As engrenagens do dinheiro não têm sido bem compreendidas pelos governantes; se abrem a guarda, não tardam a se tornarem reféns do dinheiro e das dívidas, com a exigências de mais juros e outras iniciativas. Enquanto isso o dinheiro global vai se concentrando e ficando escasso. Não se sabe a quantas andam as reservas da China, mas estima-se que são de grande porte e estão bem controladas pelo Partido Comunista.
No Brasil, a displicência com a gestão do dinheiro público, que deveria estar voltada para construir um futuro sólido, levou ao grande sufoco financeiro que começa nas prefeituras, onde não está dando para fazer nem o essencial, e tudo está piorando. Mas ninguém quer reconhecer isso, enquanto quem pode vai tirando proveito.
O ocidente já não é mais o mesmo. Durante séculos não conseguiu eliminar a pobreza e estabelecer melhor participação na riqueza produzida. Muitas indústrias ao redor do mundo estão empregando cada vez menos, devido a diversos fatores, como e relocalização, a automação, a globalização, a busca por maior produtividade, e redução dos custos. A indústria de transformação, em particular, tem visto uma redução na sua participação no emprego total. As transformações vão acelerando, mas não são criadas alternativas.
No passado, havia o confronto do Capitalismo com o Comunismo. Agora o Capitalismo de Mercado está sendo confrontado pelo Capitalismo de Estado, dois modos de conduzir a produção e o comércio. Se a China conseguiu tirar milhões da pobreza, daria para aplicar o método chinês exportador de manufaturas em outras regiões? Na Terra falta um projeto que estabeleça o equilíbrio econômico global. A questão fundamental é que os seres humanos estão sendo conduzidos para o trabalho e o consumo, tanto no ocidente quanto no oriente, sem espaço para se ocuparem com a real finalidade da vida.
A introdução das novas tarifas americanas estão criando uma ruptura no sistema econômico global, em funcionamento desde o pós-guerra mundial. O que se depreende é que chegou a hora do reconhecimento que ninguém queria admitir, de que estavam tirando proveito dos preços baixos das mercadorias importadas, enquanto iam transferindo empregos e dinheiro, abandonando a expertise fabril. Com isso, as nações foram fragilizadas, desequilibrando a economia global.
Os dirigentes poderiam ter buscado integração econômica das nações, sem que o ganho de uns resultasse em perdas para outros. O desequilíbrio econômico global está evidente. Há um centro financeiro, um centro fabril e o resto, mas o sistema está oscilando. A crise que se aproxima reúne vários fatores adversos resultantes da displicência de como a humanidade movimentou o dinheiro. A grande colheita se aproxima e toda desfaçatez resultante das cobiças vai apresentar a conta. Como a humanidade agirá? Buscará uma solução pacífica e equilibrada ou vai medir forças como tem feito em outras crises?
*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br