O AVANÇO DA PRECARIZAÇÃO

A falta de oportunidades avança pelo mundo. Com o fechamento de fábricas e o aumento da automação, além do grande endividamento geral e da consequente estagnação da economia, sobraram os serviços cujos salários são menores e nem sempre oferecem vagas. Perdeu-se o aprendizado técnico e as habilidades indispensáveis como: conhecimento e preparo para a vida; capacidade para aprender sempre; conhecimento técnico do trabalho; vontade de fazer bem feito e melhor. Quem depende de salário fixo ficou fragilizado, uma vez que o custo de vida vai aumentando e há contínua pressão para baixar as remunerações. Agora o serviço público, muito abusado nas esferas altas, segue nessa tendência também.

O Brasil manteve o regime escravocrata de trabalho por 300 anos, o que gerou a tradição de pagar mal aos trabalhadores em geral e remunerar bem os apaniguados e nababos do judiciário, do legislativo, das estatais e dos órgãos de poder, dando-lhes o status de servidores do rei, considerando os professores como trabalhadores comuns de salário baixo. Então, o custo dos servidores precisa ser detalhado para que não haja incompreensão.

A democracia deve lidar com as dificuldades antes que elas se tornem problemas insolúveis. É incompreensível a rigidez de senadores, deputados e vereadores, que priorizam os próprios interesses, deixando o país e sua população em plano secundário. Os governantes, como bons zeladores, têm de estar comprometidos com o bom uso dos recursos nas coisas simples de todos os dias que fazem a sociedade funcionar, mas, ao contrário, preferem gastar o que têm e o que não têm em obras faraônicas que rendem mais e chamam a atenção dos eleitores, e com isso vão aumentando a dívida pública.

Cálculos do Ministério da Economia indicam que a redução da Selic gerou, apenas no ano passado, uma economia de R$ 68,9 bilhões no serviço da dívida. Por aí se vê como foi a sangria financeira: uma barbaridade, pouco comentada, pouco analisada. Debilitada, a economia do Brasil tarda a se recompor. Quanto mais a dívida subiu com juros elevados e displicência nas contas pública, mais a economia foi parando. Mas o problema não é só a dívida, como também a burocracia arrogante, a corrupção galopante, a educação em retrocesso, o avanço dos importados de forma desequilibrada e o desemprego. Revertendo tudo isso, o país poderá retornar aos caminhos do progresso.

Neste ano teremos eleições municipais. É nessa época que aparece algum movimento cosmético buscando a reeleição, mas no geral tudo cai no abandono por falta de competência e interesse pelo bem das cidades. Como disse o professor Valter Caldana, da USP, com os eventos que vão se repetindo com mais frequência há que se fazer programação preventiva sistemática nesta cidade mal planejada, cuidando todos os meses das questões básicas, como limpeza, permeabilização, calha dos rios, lixo nas ruas e obras maiores. Mas o descaso é geral e no serviço público é assustador. Não há zeladoria nas cidades.

O avanço da tecnologia deveria contribuir para elevar o espírito humano, mas está contribuindo para o esvaziamento das capacitações, podendo transformar cada indivíduo num ser insensível que não sabe desfrutar das suas horas de lazer para se instruir e se aprimorar, optando por jogar fora o seu precioso tempo em bebedeiras e badernas. Mas é carnaval, outrora um momento de descontração e festa popular, hoje uma fase de inquietação e insegurança com vários riscos para as pessoas em geral porque o bom senso perdeu terreno e tudo que se imaginar de ruim e perigoso pode acontecer. Em Brasília já surgiram problemas nos festins com bebedeiras e drogas. Os pais que cuidem de seus filhos, pois a experiência poderá se revelar bem amarga, tanto nos salões como no carnaval de rua que criam uma atmosfera propícia ao desregramento e irresponsabilidade.

No mundo, ainda prevalece a questão das castas superiores e inferiores, uns sobre os outros e não lado a lado, progredindo em conjunto. Nesta época difícil com incompreensão, medo e ódio, é difícil manifestar o que pensamos porque as pessoas têm as suas paixões e só querem se basear em suas próprias pseudoverdades sem analisar objetivamente os fatos. Muitas pessoas não querem examinar a realidade do significado da vida e suas leis. Necessitamos de coragem, cautela e vigilância.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

GERAÇÃO #

A grande questão da educação é que os pais já não se lembram mais por que nasceram na Terra nem qual é o significado da vida e suas leis. Assim, o viver vai se tornando uma chatice porque não há propósitos enobrecedores, não há rumos claros e os jovens se veem neste mundo onde a natureza está reagindo de forma drástica. Na economia, os empregos estão sumindo e os líderes não sabem o que fazer com a massa disponível e sem renda, as telas se apresentam como uma forma de ir mantendo a turma distraída e ir camuflando o problema.

Leia abaixo o importante artigo de Marcelo Rubens Paiva, publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 22.02.2020. (https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,geracao-,70003206227)

Geração #

Aos 6 anos, já pede de presente cartas Pokémon e um iPhone 11

Por: Marcelo Rubens Paiva*

Meu filho Joaquim, de 6 anos, me perguntou passeando pelas ruas do bairro, num domingo ensolarado: “Pai, por que as pessoas se cansam de viver?”. Acendeu um alerta máximo no meu cérebro. Parei, abracei, beijei sua testa muitas vezes e perguntei de onde ele tirou aquilo. “Ué, você que me disse.”

Pesquei as conversas recentes armazenadas na memória sem a fluidez da infância. Memória gasta como um sapato velho. Até me lembrar. É, eu tinha dito, quando ele comentou, semanas antes, que queria viver mil anos, e falei que viver muito era chato, que seria melhor descansar, que morrer é parte do processo, que todos morrem, e é bom, as pessoas se cansam de viver muito, ficam muito doentes quando envelhecem. Até 100 anos dá. Mais que isso, será que vale a pena?

Por que, de uma hora pra outra, ele trouxe o assunto à tona? Os pais de hoje, depois do casamento demoníaco da internet com o telefone, que deu nas redes sociais, que deu na confusão entre real e digital, na sedução hipnótica das telas que cabem no bolso, estamos em alerta máximo.

Ele afirma que quer um celular. Eu afirmo que só sobre o meu cadáver. Ele afirma que fulaninho e beltraninha têm. Eu afirmo que os pais Fulanão e Beltronona são dois imbecis, que não sabem o que é bom para os filhos, e trocaram a boa brincadeira, o livrinho infantil, pela opção fácil da babá digital smartphone.

Os pais de hoje vivem um estresse antecipado do como será o futuro da geração que nasceu millennial, depois de 1997, sob o signo das redes sociais, a Geração Z: 70% convivem com ansiedade e depressão, 55% com bullying virtual, 50% com vício de drogas, 45% com alcoolismo, 30% com gravidez na adolescência, enumerou a The Economist.

Casam-se mais tarde. Começam a vida sexual mais tarde. São menos ligados a comunidades religiosas. Ficam tempo demais em redes sociais. A metade deles já largou emprego por conta de doença mental, o familiar Burnout. São conclusões de um conglomerado de institutos de pesquisa e organismos: Organização Mundial da Saúde, Blue Cross Blue Shield Health Index, Mind Share Partners, SAP e Qualtrics.

De acordo com BDA – Morneau Shepell, um em cada cinco millennials sofria de depressão nos EUA em 2015. A OMC alertou em 2016: o suicídio é a segunda principal causa de morte de jovens americanos entre os 15 e os 29 anos. No Brasil, o suicídio é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos.

Competição no trabalho, a busca incessante pelo like, ansiedade, pânico, “fear of missing out” (Fomo), ou seja, medo de estar por fora, dificuldade de se tornar “adulting” (de crescer), são frutos de uma sociedade carente e hiperconectada; precisam ser aceitos, curtidos, incríveis.

Nas escolas que dizem formar futuros líderes e empreendedores, alunos ganham tablets na matrícula. Nas da minha bolha, tablets e celulares não entram. Estamos perdidos, sem dados, sem rumo. Logicamente, que as empresas mais ricas do mundo, envolvidas na hiperconexão, não nos dão respostas às dúvidas que as novas tecnologias suscitam.

Já ouvimos dizer que o vício pelo like, assim como as cores das telas, é como o de uma droga estimulante. Sabemos que bebida, cigarro, drogas na infância e adolescência devem ser banidos. Não sabemos nada sobre as quatro telas. Para piorar, estamos cercados por elas.

Não existem carreiras de cocaína ou um copo de uísque on the rocks em cada sala de espera de médico, hospitais, na mesinha da poltrona do avião, nos táxis, em bares e restaurantes, nos aeroportos, rodoviárias, trens e metrô. E em todos eles, é proibido fumar. Mas existem telas, são mágicas, sedutoras e liberadas. Na mão da maioria das pessoas sentada, um celular.

Como dizer a uma criança que aquilo faz mal. Elas estão nos bolsos de cada um, nas mãos, mesas, bolsas. Meu filho adquiriu uma habilidade “pickpocketiana” de afanar meu celular carregando, guardado, ou aparelhos de primos, babás, amigos, para mergulhar fascinado naquele universo em que ele é proibido de entrar.

Sabe operar como poucos, baixar o que quiser, e onde está o segredo. E já pede de presente cartas Pokémon e um iPhone 11. Se ignoramos, pede dinheiro, sabe o preço do aparelho e onde tem promoções. Estamos fritos. E eles, então…

* Marcelo Rubens Paiva é escritor, roteirista, dramaturgo, há anos trabalha na imprensa como cronista do mundo contemporâneo, de olhos atentos à política, cultura e neuroses urbanas. É colunista do caderno de Cultura do jornal O Estado de S.Paulo.

VIDA AUTÊNTICA

O mal-estar da civilização avança pelo mundo, da Europa à China, do Canadá ao Chile. Qual é a origem? Facilmente as pessoas encontram justificativas para explicar a miséria, a precarização e o sentimento generalizado de insatisfação. Capitalismo, comunismo, neoliberalismo, são rótulos, mas por trás está o ser humano e sua despreocupação em causar danos ao próximo para satisfazer a própria cobiça.

Para entender os problemas que afligem o mundo é preciso buscar as causas espirituais. O ser humano se entregou ao materialismo e para isso teve que sufocar a espiritualidade, mas o mundo material criado pelo intelecto é frio e áspero, rouba energia, enfraquece e acarreta doenças.A depressão se tornou a grande epidemia que mostra os seus efeitos no cérebro, porém mais do que doença mental, é uma doença da alma.

Os seres humanos estão perdendo a naturalidade agindo de forma performática como se estivessem representando um papel aparentando ser o que não são. O problema é que não sabemos mais qual é a finalidade da existência nesta Terra em que tudo foi preparado pela natureza para uma vida de trabalho e progresso. Mas o ser humano quis dominar tudo, esquecendo que sua vida é uma passagem; quer comer, beber, se divertir, quer tirar o máximo proveito de tudo e sempre obter ganhos e, com isso, fez da vida, que deveria ser bela, um inferno na Terra.

Bebida, exibicionismo, sexualidade embrutecida, maconha e outras drogas. Ricos e pobres pouco pensam na seriedade da vida e vão gerando filhos que mantêm essa conduta da mesma forma errada. Poucos se ocupam em como poderiam melhorar as condições de vida tornando-a mais bela.

A insatisfação e a desesperança levam ao medo; este ao ódio, e este abre as portas para as “fúrias” – as constelações de sentimentos e pensamentos de revolta e vingança que se opõem às “benévolas” – as formas que visam a paz e a harmonia. É dolorido observar a realidade e a prevalência dos interesses de políticos e grupos que querem levar vantagens, enquanto as cidades ficaram abandonadas. Mas a situação ficou ainda pior, pois todos os efeitos negativos de gestões asquerosas estão em cena, ampliando a insatisfação e abrindo espaço para as fúrias e seus ataques.

Em muitas organizações, públicas ou privadas, evita-se indicar pessoas ativas e competentes que queiram concertar o que está errado para o bem geral. Ao contrário, escolhem pessoas mornas, sem muito empenho, dóceis, de intuição fraca, e que não representam uma ameaça para a preservação do poder na mão dos dirigentes interesseiros.

Uma nova ética deverá ser alcançada com o reconhecimento das responsabilidades individuais de não causar danos a outros para satisfazer a própria cobiça, e que leve ao reconhecimento das responsabilidades individuais para que o homem deixe de ser o lobo do homem.

A partir dos anos 1980, após a concentração financeira global e a centralização da produção industrial na Ásia com o consumo globalizado no ocidente, verificou-se no planeta a implantação do maior desequilíbrio econômico jamais existente com o avanço do desemprego, queda na renda e aumento da precarização. As nações perderam o pouco que mantinham de autossuficiência e se tornaram extremamente dependentes.

Com a crise econômica e seus efeitos que a tudo atingem, e devido ao declínio civilizatório, aumentam as ansiedades e depressões. As novas gerações não estão recebendo o adequado preparo para a vida, o que se agrava com a falta de responsabilidade de homens e mulheres na geração e preparo dos filhos. A decadência está penetrando também por meio da falsa cultura, uso de drogas, artistas que defendem uma vida desregrada e promíscua, desvalorizando a mulher, a mãe, e que zombam da beleza genuína.

A situação atual do planeta atesta a incompetência administrativa e o despreparo geral. Os jovens precisam conhecer a trajetória espiritual da humanidade com seus erros e acertos. A prioridade para fortalecer as novas gerações e o país está no bom preparo para a vida. As crianças devem, desde cedo, entender que sem educação e consideração não conseguirão progredir na direção de seres humanos de valor, espiritualmente fortes e responsáveis, benéficos a si mesmos e ao planeta. Para formar gerações fortes e sadias de corpo e alma, a prioridade básica está no bom preparo para o viver autêntico.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

O RETROCESSO ANUNCIADO

Durante longo período não havia partidos políticos, só a Igreja e os reis. As regiões descobertas se tornaram colônias. Os feudos foram aglutinados e transformados em Estados. Surgiram os partidos, as eleições e os eleitores foram mobilizados para fazer sua escolha no circo eleitoral. Eleita, a classe política queria mais e mais. O mundo globalizado está descontente com a classe política. Surge o Estado com partido único responsável pela escolha dos gestores e pelo relacionamento econômico com os demais países visando o melhor resultado. Diante da precariedade da economia, os eleitores estão se voltando para os líderes que apregoam a volta ao nacionalismo.

Nos anos 1980, os Estados Unidos elevaram a taxa de juros a 20% ao ano. Países atrasados, como o Brasil, que se endividaram na década de 1970 com juros baixos contratados com taxa flutuante, caíram na armadilha e perderam o rumo. Juros compostos a 20% em dólar é um desastre. O Brasil sangra até hoje, e seus gestores, desde Sarney, não tiveram dúvidas em priorizar interesse próprios, deixando o país de lado.

O economista Delfim Netto explica a grande mudança em andamento no trato da finança pública: “Um fato fundamental é que a política monetária iniciada por Ilan Goldfajn e continuada por Roberto Campos Neto (ajudada pelo rigor fiscal) nos levou a uma taxa de juros e a um ‘risco’ Brasil que eliminaram o carry trade. É, talvez, a primeira vez na nossa história que se criaram as condições para uma taxa de câmbio flutuante sustentada por forças endógenas e não por uma taxa real de juros destrutiva do nosso setor industrial.”

Trata-se de uma higienização no rançoso modo de administrar juros, câmbio e o desequilíbrio fiscal produzido pela incompetência e falta de seriedade. Mas urge resolver a questão de como aumentar a produção e renda, que se arrastam no chão por décadas num país em que falta tudo. Taxa Selic de 4,5 %, o estranho é como esteve tanto tempo acima de 12 % a juros compostos. Como essa proeza foi conseguida? Será porque todo o sistema se acha atado às dívidas?

A irresponsabilidade com as contas sempre traz resultados desastrosos, nas contas públicas é terrível com tantas interferências de agentes corruptos. A partir de 2012 caímos de novo na armadilha da grande catástrofe de dívida que hoje toda a nação paga e sofre. Foi um desatino financeiro, um assalto que revelou a cobiça e o imediatismo geral. Temos padecido com a permanente irresponsabilidade no trato das contas públicas e na terrível estrutura monetária e cambial que tem favorecido a especulação em vez de promover a estabilidade econômica.

Diziam os poetas, na década de 1920, que a vida é uma celebração do encantamento. Mas o jornalista francês Gilles Lapouge diz que hoje não é mais assim, pois é na Bolsa para onde vai todo o dinheiro do mundo, cobiçando ganhos mirabolantes, que se contabiliza o valor da vida, enquanto o resto da economia segue para o brejo. Países mal geridos pela corrupção e incompetência estão retrocedendo de degrau em degrau ao chamado terceiro mundo; países pobres, com falta de preparo para a vida, dependentes de uma economia voltada para a agricultura, pecuária e atividade extrativista. A desfaçatez com que os rios e mananciais têm sido manejados mostra bem o declínio.

No mundo áspero no qual vivemos há muitos “lobos” vestidos em pele de “cordeiro”, ódio disfarçado em sorrisos, inveja disfarçada em amor e falsidade disfarçada em amizade. É com a intuição que poderemos distinguir os cordeiros reais dos falsos. Se o querer, voltado para o bem, sempre for transformado em ação, a melhora geral será possível, buscando-se o auto aprimoramento, observando a lei do movimento aplicada na grande causa da humanização da vida, através do fortalecimento da espiritualidade e da coesão da vontade das pessoas para irradiar a Luz da Verdade.

Cada ser humano ativo no espírito tem de se adaptar aos meandros dos fios do destino produzidos por ele mesmo, com ampla coerência, incluindo intuição, pensamentos, ações, tudo integrado. Assim como numa árvore, as raízes, tronco e flores estão integrados, no ser humano, espírito, alma, corpo devem estar unidos de forma sadia, buscando elevação. A falta disso gerou as catástrofes que estamos enfrentando.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A TERRA É ESFÉRICA

Uma das questões mais absurdas que surgiram nos últimos tempos foi a afirmação, por alguns grupos, de que a Terra é plana e não uma esfera, como já foi comprovado cientificamente e por inúmeros astronautas e fotos de satélites. Qual será a causa dessa discussão infundada e irreal? Seria por conta da estagnação na economia e no preparo dos jovens? Em 2020 vamos continuar na mediocridade? Há brigas por todos os lados. Cada pessoa só pensa em si e nas suas conveniências. Enquanto faltar um ideal entranhado nas pessoas visando o bem geral, a espécie humana continuará decaindo.

Tudo na Terra poderia ter sido diferente se o ser humano mantivesse sua intuição voltada para a melhora geral. A população perdeu a confiança nesses homens maus que fazem de tudo para satisfazer sua cobiça por riqueza e poder, e que se esforçaram para manter as massas na indolência e ignorância. No passado, vivíamos de forma mais natural, mais leve. As intuições eram ouvidas, e os pensamentos, as falas e as ações continham consideração e sinceridade; as pessoas se beneficiavam mutuamente com seu querer voltado para o bem geral.

Estamos enfrentando a tragédia do desatino administrativo. Milhares de municípios estão com as contas no vermelho. Há todo tipo de desfaçatez, nas licitações, no lixo, nas contratações, no exagero de funcionários. Nada de tratamento do esgoto. E, no entanto, muitos prefeitos estão lá para serem reeleitos com a ajuda da máquina para continuarem seu trabalho de destruição das cidades e da educação das crianças. O líder também precisa saber avaliar os seus colaboradores e, aproveitando os seus talentos, dar a eles oportunidades para realizar trabalho de qualidade com dedicação. Mas na política valem os interesses e acordos, pouco importando a capacidade profissional.

A situação atual do planeta atesta a incompetência administrativa e o despreparo geral. Os jovens precisam conhecer a trajetória espiritual da humanidade com seus erros e acertos. O mundo está adentrando em uma recessão geopolítica irreconciliável que vai se aprofundando. As crianças devem, desde cedo, entender que sem educação e consideração não conseguirão progredir na direção de se tornarem seres humanos de valor, espiritualmente fortes e responsáveis, benéficos a si mesmos e ao planeta. Para formar gerações fortes e sadias de corpo e alma, a prioridade básica está no bom preparo para uma vida autêntica.

Na vida em geral a ciumeira é grande, a inveja e cobiça, maiores ainda. Num mundo onde os ideais enobrecedores foram abandonados, vale só o dinheiro. Isso acontece em todos os setores, mais ainda no governo. Agentes públicos e privados imediatistas não se preocupam se estão aumentando as fragilidades econômicas, sociais, ambientais. Hoje, porém, há um entorpecimento geral diante da velocidade com que se apresentam as consequências das decisões. Todos os sistemas de governo deram errado devido ao imediatismo e cobiça de poder. O s preços sobem, os salários estão encolhendo. Por que isso está ocorrendo? Seria o preparo para uma nova moeda digital mundial?

A economia e a produção deveriam estar voltadas para o atendimento das necessidades da humanidade levando em conta as finalidades evolutivas da espécie. Mas o homem inventou o dinheiro subordinando tudo a ele, e em vez de servir à sua própria evolução, passou a se subordinar aos interesses do capital, subvertendo tudo.

A possibilidade da criação de uma nova moeda mundial já havia sido mencionada pelo historiador Niall Ferguson em seus documentários. Mas qual é a posição dos criadores de moeda que agem nos bastidores? Um bom tema para ser pesquisado, afinal se trata do futuro da humanidade que abandonou os ideais enobrecedores, passando a dar valor apenas ao dinheiro.

O que estamos oferecendo às novas gerações? A educação em atraso é a questão prioritária que merece as atenções de todos. Os seres humanos estão abdicando de suas capacitações individuais, passando a agir como robôs. A prioridade básica para fortalecer as novas gerações e o país está no bom preparo para a vida e de incentivos que aprimorem a espécie humana para que pesquisem seriamente o significado da vida, por quê e para que nascemos na Terra, que não é o centro do universo, nem é plana.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

SERES HUMANOS ATIVOS

Em momento oportuno, o presidente Jair Bolsonaro visitou o primeiro ministro Narendra Modi, da Índia. Oportuna viagem frente ao déficit na balança comercial do Brasil com aquele país que esperamos seja revertido com aumento e diversificação das exportações. A diversificação é muito importante, pois os itens tradicionais de exportação demandam pouca mão de obra. No dia 24 de janeiro, a Índia, país que se tornou independente em 1947, comemorou 71 anos de sua república. O Brasil se tornou independente em 1822, mas o banimento do imperador D. Pedro II nos levou a uma improvisada república capenga e corrupta que manteve o país em grande atraso. Necessitamos de um Brasil viável, que não seja apenas um fornecedor de riquezas para o mundo.

As condições econômicas sofreram profundas alterações nos últimos trinta anos com instabilidades, imprevisibilidades e concentração da produção industrial no capitalismo de Estado. O planeta está no limite crítico com quase oito bilhões de almas encarnadas e dominado por homens arrogantes e cheios de cobiças. Falta à grande parte da população o bom preparo para a vida e oportunidades. Faltam empregos e, com isso, a economia de subsistência ficou desestruturada. A arte é livre, mas o achincalhe nunca poderá ser considerado como arte. Está na hora de retirar a “banheira do achincalhe” colocada na cultura brasileira desde longa data, quando a arte caiu nas malhas das drogas e da corrupção.

Especialistas advertiam sobre os efeitos que poderiam advir com a globalização, e mesmo assim nada foi feito. Os empregos foram embora. A classe média está evaporando. O dinheiro está se concentrando em poucas mãos, o que contribui para aumentar a precarização. Como reação, o slogan Jai Hindi – uma saudação e grito de guerra comumente utilizado na Índia em discursos e comunicações relativas ao patriotismo – está ressurgindo pelo mundo. Mas os conflitos de interesses estão criando um clima de confrontos econômicos que não se sabe até onde irão. Produzir, dar trabalho, renda, consumo, são as questões difíceis de solucionar na economia globalizada.

No mundo, o pessimismo tem sido a norma, embora ande às cegas, sem querer ver a realidade da economia globalizada. Quando eu soube como funcionavam as Sociedades Anônimas (S.A.) achei genial porque com isso todo mundo poderia ser dono de um pedaço das empresas e receber dividendos. Depois, vendo a história de Charles Chaplin que se afastou da bolsa pouco antes do crash de 1929, percebi que algo não estava certo. A indústria foi para o capitalismo de Estado, onde a liberdade é restrita. Com a baixa dos juros, o dinheiro corre para a bolsa e sua valorização pouco racional. Poucos investem em produção.

Na economia globalizada é difícil competir com as produções em larga escala. Então a economia fica nessa estagnação, a renda vai minguando, e com a queda na renda, o consumo também cai. O noticiário internacional trouxe um assunto preocupante de consequências assustadoras: o surgimento de um novo e perigoso vírus na China capaz de causar pneumonia forte e morte. Diante de tantas dificuldades, como o Brasil poderá conseguir dinamizar a produção e criar mais empregos?

A cidade de São Paulo, fundada em 25 de janeiro de 1554, surgiu como um ponto magnético no mapa do Brasil, para onde afluíram pessoas de todas as raças e todos os credos, que deveriam aglutinar os seus anseios na busca da Verdade, livres do dogmatismo e misticismo, contribuindo para que o Brasil se tornasse verdadeira Pátria de Luz.

Muitos empreendimentos tiveram sucesso porque seus realizadores aprenderam desde crianças com seus pais a arte de gerir negócios empresariais em vivências práticas diárias. Mas, com o tempo, os seres humanos se deixaram arrastar ao comodismo e indolência para que não se tornassem ativos no espírito e livres para buscarem a Verdade sobre a vida que se transformou no emaranhado criado pela ausência de propósitos enobrecedores.

Cada ser humano ativo tem de se adaptar aos meandros dos fios do destino com ampla coerência incluindo intuição, pensamentos, ações, tudo integrado. Assim como numa árvore, as raízes, tronco e flores estão integrados, no ser humano, espírito, alma, corpo devem estar unidos de forma sadia, buscando elevação. A falta disso gerou as catástrofes que estamos enfrentando.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

POR UM BRASIL VIÁVEL

Por milhares de anos a espécie humana tem sido mal orientada, arrastada para a indolência e estagnação. A massa semiescravizada se deixou apequenar, sem se equipar para desenvolver os talentos, reagir aos desafios com clareza e bom senso, permanecendo estagnada quando deveria evoluir de forma contínua. Em que os homens acreditam? Em que deveriam acreditar? Estamos enfrentando inúmeros problemas decorrentes da construção imediatista sem observar as leis da natureza que a tudo abrangem. A displicência com os mananciais e os rios está mostrando as duras consequências na escassez da água potável.

O mundo materialista fundamentado no dinheiro que não se interessa pelos ideais enobrecedores começa a oscilar. Oscila a construção áspera do homem dominado pelo raciocínio frio e calculista que quebrou a antena para a eternidade. Perdem-se as expectativas de progresso real para todos. Surge o capitalismo de Estado que vai introduzindo sistemas manufatureiros e tecnológicos visando acumular riqueza, poder e controle, atento ao equilíbrio da balança comercial e geral para garantir o acúmulo de reservas internacionais. Importa apenas o essencial e matérias-primas, avançando pelo mundo com muita atenção nos concorrentes.

No mundo apressado, separado da consciência ancestral, a humanidade se fragmentou, perdeu a coesão ligada aos mandamentos naturais da mãe Terra. Adentramos na era da precarização geral que, no limite da insanidade mental coletiva, poderá resultar em incontidas explosões de rancor, o que leva a elite dominante a pensar que a solução estaria na implementação de um governo autoritário mundial.

Os idosos não se aprofundaram na compreensão do significado da vida e suas leis, e muitos deles vão perambulando pela vida com insatisfações e angústias, sem olhar para o sentido maior da existência, mas eles tinham educação e bom senso, o que está acabando. Os mais jovens não foram preparados adequadamente para a vida, mas geram filhos menos preparados ainda e provocam consequências ruins para o presente e o futuro.

A Austrália, inicialmente povoada por presos ingleses, acabou se tornando uma região mais disciplinada que o Brasil corrupto e atrasado. Os ingleses também estiveram merendando no Brasil, mas pouco deixaram e muito levaram. A América Latina, com sua população sub educada e subnutrida é o pasto de engorda dos astutos globalizados e dos corruptos. No Brasil, recaímos na dívida grande. Na guerra cambial especulativa, a reserva em dólares poderá se reduzir. Tudo isso poderá tornar o Brasil inviável, com dificuldades para se tornar um pais com autodeterminação e progresso real, de onde os cidadãos querem fugir.

A permissão para os governantes, especialmente de Dilma Roussef, para endividar o Brasil até o pescoço, desencadeou a continuidade do aumento da desigualdade até que a dívida possa alcançar novamente os percentuais exigidos pelo mercado financeiro. Entre as grandes ameaças para a humanidade estão a falta de preparo para a vida, que está sufocando os ideais enobrecedores, e a ampliação do entorpecimento geral da população pelas drogas, cuja comercialização e faturamento clandestinos mundiais não têm medida.

A taxa de juros direciona o dinheiro, mas depende da inflação. Muitas categorias profissionais estão recebendo reajustes insignificantes, mas os preços em geral estão sendo reajustados. É o aperto, a transferência dos encargos para a população, que, sem dinheiro, reduz o consumo e a inflação não se manifesta, dando espaço para a baixa dos juros, indispensável para a contenção da dívida crescente e euforia nas bolsas.

No geral, amplia-se o atraso e o desânimo da população. Diante dos acontecimentos percebe-se que a construção financeira mundial dá mostras de estresse. Elites dominantes pensam em nova ordem de mando, fundada em novo dinheiro mais controlador. A cada novo dia, enfrentamos as consequências das ações praticadas anteriormente, que lamentavelmente pouco de bom promoveram.

Os indicadores apontam para anos difíceis pela frente. O século passado foi a coroação da irresponsabilidade. No atual, não houve mudança, a aridez e aspereza permanecem. Nada a estranhar sobre o que vem por aí. Quando o mundo se libertará do dogmatismo, do misticismo e de governantes que impõem sua vontade tirânica? “Conhecereis a Luz da Verdade e ela vos libertará”, mas o homem foi condicionado a não utilizar suas capacitações espirituais e mentais para examinar e analisar tudo que lhe é impingido e o resultado é o crescente apagão mental que se observa em todos os níveis.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

BONDADE ESPIRITUAL PARA 2020

Uma pessoa pode ser espiritualmente indolente e muito inteligente, mas um olhar atento pode revelar que falta a ela a sabedoria natural da vida, pois a atuação do espírito e a do raciocínio não são a mesma coisa. Falta a bondade espiritual, surgindo como consequência a frieza do raciocínio que impulsiona o ego para impor suas cobiças acarretando crescente aspereza no viver. Mais de sete bilhões de seres humanos estão agindo em oposição às leis da natureza. O que se poderia esperar senão a grande crise civilizatória em que estamos adentrando? Parece que o mundo tende ao desumano com muitos espinhos e poucas flores.

Os juros caíram. O governo tem de segurar o crescimento da dívida e recuperar o poder de decisão perdido pelo acúmulo de dívidas com muitos dispêndios supérfluos a juros maiores do mundo. Por que a economia não anda? O drama está na renda baixa dos consumidores, que resulta da baixa produção, falta de emprego, muitas utilidades vindas de fora que, apesar de custarem menos, requerem pagamento em dólares e transferem empregos para o exterior. Então, o que o ministro Guedes e sua equipe deveriam fazer?

A física quântica vai às entranhas da matéria, às partículas mínimas como átomos, moléculas, nêutrons e prótons, mas o que une e vivifica a matéria? Tudo se resume a uma só coisa:o automático funcionamento das leis da natureza. Nada acontece por acaso, tudo tem a sua causa e razão de ser, mas o homem, dotado de livre arbítrio, ainda engatinha nessa questão. É preciso colocar-se com humildade diante dessa grandeza e observar que tudo se processa de forma simples e natural. Por quê? Para quê?

As leis naturais da Criação atuam permanentemente, mas a grande maioria imagina que elas nem existem, apesar de dia a dia nos defrontarmos com os seus efeitos, dos quais ninguém consegue se esgueirar. Por isso mesmo temos de permanecer atentos aos efeitos de nossas ações sobre nós mesmos e outras pessoas também, para não semearmos ruína e infelicidade à nossa volta. O semear é livre, a colheita, obrigatória.

Para entender a vida, estudar a natureza, sua lógica e sua beleza é o melhor caminho. O intelecto, com sua mania de grandeza, quer dominar. Cada ser humano tem de utilizar seus talentos e sua intuição para encontrar as respostas e deixar de ser um zumbi, um vivo que mais parece um morto sem força de vontade.

O ano de 2020 convoca os líderes e as pessoas em geral para um trabalho digno da espécie humana. O mundo está inquieto e receoso, mas o Brasil afundou muito e tem de sair do buraco, sanar dívidas e imoralidades, o que requer força e perseverança. Do jeito que estava indo havia o sério risco de o país deixar de ser uma nação com autodeterminação, embora ainda corra esse risco, pois os privilegiados reagem e não querem ceder, fazendo de tudo para semear a insatisfação, revolta e promover o caos.

O ano novo dá a grande oportunidade para sair do marasmo e da restrição do raciocínio rígido incapaz de enxergar a realidade da vida. Convida para aprofundar no saber da espiritualidade. “Diga com quem andas e direi quem és”. Escolher acertadamente as pessoas para diálogos e reflexões, mas é fundamental que sejam pessoas que visem o aprimoramento humano, sem dogmas ou misticismo, com toda clareza e lógica das leis da Natureza.

Tomemos a sabedoria da obra Mensagem do Graal, de Abdruschin: “O ser humano deveria ser o elo de união deixando-se guiar pela intuição pura transmitindo-a para a matéria grosseira, utilizando o raciocínio para implantar tais intuições na vida material, favorecendo e enobrecendo toda a Criação. O ser humano pleno e espiritualizado, não acorrentado e restringido pelo raciocínio, atua favorecendo e enobrecendo toda a Criação de matéria grosseira, como a grande finalidade dos seres humanos na Terra. Semeia paz e compreensão do significado da vida na Luz da Verdade.”

Esqueça as mágoas, as traições dos falsos amigos, a pressão dos invejosos; jogue tudo no fundo do mar para que perca a consistência e vire pó inofensivo. Liberte-se e renove-se com nova coragem e alento vivificador para ingressar firme e forte no novo ano, em busca de progresso e evolução.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

ÉPOCA DE REFLEXÕES

As festas de final de ano são propícias para reflexões. É preciso enxergar a realidade da vida com clareza. Durante décadas, a humanidade descontente tem sido envolvida por sonhos utópicos de derrubar o poder e começar tudo de novo, o que levaria a outra situação que logo poria novamente a descoberto o mal-estar existencial decorrente do desconhecimento absoluto do significado da vida. Buscar esse saber deveria ser o grande alvo dos indivíduos, independentemente de onde nasceram e do que foram levados a acreditar. Hoje há desalento, comodismo e grupos radicais. A economia imediatista do dinheiro levou à globalização, a qual promoveu os desequilíbrios que assustam a humanidade.

Há mais de 30 anos atravessamos relaxamento econômico no país. Desde o tempo em que o Brasil se prestava para fornecer açúcar, café, ouro e outras preciosidades com regime escravocrata, não se formou um mercado interno forte dada a baixa renda e despreparo da população.

A política de dólar baixo inviabilizou a indústria e com isso foram trazidos produtos do exterior com preços baixos. Perdemos tempo, ampliamos o atraso. O mundo está convulsionado. Os EUA emitem dólares para o mercado financeiro, e os chineses produzem para abastecer o mundo, acumular dólares e investir de norte a sul. A competição é acirrada e o mercado interno continua fragilizado.

A globalização e os avanços no transporte fizeram com que populações semiestagnadas na economia de subsistência pudessem ser mobilizadas para a produção industrial com custo ínfimo, mas pouco se pensou nas consequências para o mundo, como o desemprego, queda de renda e desigualdade. A integração de mão de obra barata na produção globalizada, feita de forma imediatista e sem um planejamento, acarretou sérias consequências para a classe média. Deveria ter sido buscada uma forma menos traumática para melhorar as condições gerais de vida dessas populações.

A economia do Brasil permanece subordinada e dependente da exportação de matérias-primas e commodities, gerando poucos empregos e baixo valor agregado. A integração nas cadeias globais de produção deve ser feita sem desequilibrar ainda mais a economia do país Há no ar um cheiro de salve-se quem puder. Amplia-se pelo mundo a busca por acumulação de dinheiro, poder e a consequente desigualdade na partilha da renda; a diferença está apenas se a gestão é tipo empresarial ou centralizada no poder estatal.

Vivemos o drama do desequilíbrio econômico, financeiro, cambial e social ampliando a desigualdade, precarização geral, destruição da natureza e o baixo nível educacional, levando a luta pela sobrevivência a extremos jamais vistos. É preciso educar o ser humano efetivamente para a vida, para o bem geral. É preciso enxergar a realidade com clareza. O que restou sobre os ensinamentos de Jesus traz um ranço enganoso, místico e dogmático. O conhecimento do significado da vida deveria ser o grande alvo dos indivíduos. Com palavras simples, Jesus descrevia o processo natural do amadurecimento do germe espiritual que deveria se tornar verdadeiro ser humano. Três reis foram conduzidos para dar proteção, mas se retiraram.

Levou alguns séculos para o dinheiro se tornar o ídolo dominante. Os países foram estruturados para dar suporte legal ao dinheiro e, ao mesmo tempo, se tornarem deficitários. Vale tudo para acumular dinheiro e poder, a situação ficou difícil. No passado, havia expectativa de progresso e melhora, produzia-se, empregava-se. Depois vieram as dívidas e juros.

Os governantes passaram a achar que importar reduziria o custo de vida. A dívida explodiu no Brasil, Argentina e em outros países. Fala-se que o montante geral da dívida mundial ultrapassa 50 trilhões de dólares, um número muito perigoso para taxas de juros acima de zero. A ordem é fazer a despesa caber na receita. No entanto, os empregos estão sumindo, a atividade do governo na educação e saúde torna-se precária. O que fazer? Como gerar trabalho renda e investir no preparo dos jovens?

As novas gerações têm sido mal orientadas e conduzidas, não aprenderam a potencializar os talentos que deveriam ser empregados para o desenvolvimento individual e geral. Importa buscar o significado da vida, voltar-se para o bem, para a melhora das condições de vida, para o aprimoramento da espécie humana. Jesus falou disso tudo, indicou o caminho da Luz da Verdade, mas quem se lembra e pratica isso tudo?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

UMA NOVA SINTONIZAÇÃO

Um fim de ano aquecido nas Bolsas. No que diz respeito aos juros, provavelmente permanecerão estáveis para países altamente endividados e tentando conter a dívida, caso do Brasil. A prática de juros altos criou todo o artificialismo, sugou as energias e o país cambaleia; uma volta ao realismo, até quando? Mas o que acontecerá se no futuro os juros voltarem a subir? O rigor fiscal é importante, mas os sacrifícios estão nas costas dos mais fracos. A renda fica estagnada, mas os preços sobem. Estariam os especuladores preparando novo ciclo de valorização do real para lucros gordos?

Mais de sete bilhões de seres humanos estão sintonizados de forma errada perante as leis da natureza ou da Criação. Aumenta a turbulência porque as consequências estão pipocando por todos os lados, na vida individual, nas famílias, nas empresas e nos países, agravando a situação geral. Não faz muito tempo, os avós ensinavam que por pouco que seja é preciso poupar, não gastar tudo, ter uma reserva para emergência, ser independente. Hoje, poucos sabem de onde vieram e por que vivem. Infelizmente essa é a triste realidade que se apresenta em muitos países.

A ficção dá uma ideia do que vem ocorrendo atualmente, como no filme “As golpistas” que conta a história de um grupo de dançarinas de strip-tease que se unem para aplicar golpes em seus clientes – executivos de Wall Street. Para Destiny (Constance Wu) e sua “mentora” pessoal e profissional Ramona (Jennifer Lopez), “o mundo é uma boate de strip-tease”, e na realidade é isso mesmo que está acontecendo, acabando com o pouco de dignidade humana. As mulheres tiram a roupa e mostram seu corpo, os homens se embrutecem e, na vida real, tiram a máscara e mostram a sua hipocrisia e vileza para satisfazer à própria cobiça. Uma meleca que muitos não conseguiram ver por inteiro, retirando-se da sala, desapontados.

Estamos enfrentando um declínio civilizatório que avança pelo mundo e traz a marca da crise econômica com seus efeitos que a tudo atinge, nitidamente visível no Brasil devido à falta de adequado preparo para a vida, que se agrava com a falta de responsabilidade de homens e mulheres na geração e preparo dos filhos. A decadência está penetrando também pelo uso de baixarias na arte, drogas, intelectuais que insistem em justificar a destruição, artistas que defendem uma vida desregrada e promíscua desvalorizando a mulher, a mãe, e que zombam da beleza genuína.

Por que a humanidade entrou em processo de decadência e incivilidade? A essência espiritual dos seres humanos é a mesma, seja rico ou pobre, mas é indispensável cuidar bem do corpo – este grande presente -, se alimentar, se aprimorar, gerar filhos com responsabilidade e dar orientação a eles, buscar o sentido da vida.Tudo fica difícil, agravado com a falta de bom preparo das novas gerações desde os adventos da televisão de baixo nível e outros inventos, e o abandono da leitura de bons livros. Há muito superficialismo e pouco aprofundamento nas questões fundamentais da vida individual e da sociedade. Há grande empenho em manter tudo como está para assegurar os privilégios dos que se alojaram no topo.

Durante décadas, no pós-guerra, surgiu a sensação de esperança num mundo melhor, mas na luta por ganhos e conquistas as novas gerações passaram a ter sensação oposta, ou seja, de que a situação tende a piorar devido à cobiça desmedida. Na pressão aumentada na luta pela sobrevivência, a polidez e a consideração vão sendo postas de lado o que poderá levar a atitudes pouco civilizadas. Quanto mais aumenta a pressão, maior é a tendência da ação impulsiva de pessoas que não querem ouvir o sentimento intuitivo.

Estamos atravessando um desequilíbrio econômico mundial com aumento no desemprego e queda na renda. Há desordem nas contas públicas e dívidas elevadas. A economia está perdendo a vitalidade. Os bancos centrais imprimem mais dinheiro e baixam os juros. Em 2020 haverá eleições, fase em que se amenizam as disputas. No Brasil, após a eleição de 2014, apareceu o buraco que estamos amargando até hoje. O que se passará no mundo após a eleição americana de 2020? É preciso uma nova sintonização, o fortalecimento da vontade de melhorar as condições gerais de vida e de aprimorar a espécie humana.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora).  E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7