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DESCONEXÃO E FRAGMENTAÇÃO

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Há um sentimento de perda geral de conexão do indivíduo consigo mesmo e com as demais pessoas; entre as pessoas e entre essas e tudo o mais. Há também o fenômeno da fragmentação. Tudo parece estar em pedaços para dificultar a visão clara. A mentira é a grande arma que destrói a humanidade e vem sendo empregada há milênios, como meio de dominação, na religião, na política e na economia, ou seja, na vida em geral.

Enfrentamos a grande crise de credibilidade devido ao abusivo uso da mentira e da falsidade, em vez de usar a simplicidade e naturalidade da verdade, e tudo foi perdendo a clareza, ficando obscuro. O mundo está em transformação que vai acelerando a desconexão do ser. Ninguém acredita em mais nada.

Com os modernismos, caímos no alheamento do significado da vida, uma questão complexa posta de lado por pais e educadores, mas os jovens precisam ser despertados para essas questões: o que estamos fazendo neste planeta; como melhorar as condições de vida; qual o significado da vida; de onde viemos, para onde vamos; o que é a Criação.

Com a crise econômica a vida se tornou mais difícil para os jovens pela redução de oportunidades de futuro melhor. É preciso que busquem a compreensão da existência e a melhora geral das condições do planeta para não caírem na depressão, desinteresse e vida sem sentido. Trata-se de uma luta árdua, dada a invasão de suas mentes por tantas informações fragmentadas e desconexas. Os jovens têm talentos que precisam ser despertados e postos em ação para que isso lhes traga a alegria de estar participando de algo nobre, engrandecedor.

Endividamento e juros quebram Estados. Automação e globalização destroem empregos. Como manter a previdência? É um problema que se aproxima. Há erros antigos nas relações do trabalho que vêm à tona. É necessário que se crie um novo regime de trabalho que se fundamente no equilíbrio entre o que se recebe e o que se oferece. Só assim poderão ser eliminados os conflitos.

A abertura entre as nações foi como colocar crianças para jogar com adultos experientes; os mais jovens sempre perdem o jogo. Muita gente ganhou muito nesse jogo, mas agora a mesa está rachada, perdendo a sustentabilidade. Tecnologia, comunicações e política formam a base, mas a política se dobra diante dos interesses dos grupos que favorecem a eleição e reeleição, pois não há busca de equilíbrio, prevalecendo os ganhos de uns para perdas de muitos, gerando insatisfação, violência, aumento do uso de drogas, desesperança, criminalidade, abrindo o caminho para o populismo.

Livre Mercado e Capitalismo de Estado têm que implantar metas que criem estabilidade e oportunidades de desenvolvimento humano, para não gerar mais insatisfeitos e indisciplina. A população precisa de trabalho e renda para consumir; de educação que promova o aumento da qualidade humana, do bom senso e discernimento. Enfim bom preparo para alcançar um futuro melhor. É indispensável que sejam feitos todos os esforços para formar seres humanos de qualidade, autônomos, atentos, com raciocínio lúcido e clareza no pensar, aprendendo, vendo e fazendo.

Estamos vivendo a era do apagão mental e da desconexão geral com o mundo; ela começa no indivíduo que vai se separando de si mesmo, de sua essência espiritual e da vida real, e passando a viver exclusivamente em função do conteúdo que assimila através do cérebro, ligando-o a uma realidade ilusória gerada pelos conceitos falsos. Significa a alienação da vida real, a perda da visão e capacidade de enxergar por si mesmo e tomar decisões conscientes. Com isso, ele acaba perdendo a condição humana, caindo no enrijecimento, vivendo como alienado.

Para se reconectar consigo mesmo e com a realidade da vida, o ser humano tem de buscar a Luz da Verdade e servir-se de sua energia curativa para forjar o renascimento ético, moral, econômico. Um alvo nobre que requer a participação de todos, com a prioridade de construir um mundo digno, que visa a melhora da qualidade humana e das condições gerais de vida com equilíbrio, eficiência e continuado progresso.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

AS NOVAS GERAÇÕES E O BRASIL

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

O drama das novas gerações se alastra pelo mundo. No Brasil já perdemos algumas delas. Com o advento da quarta revolução industrial o trabalho está em transformação, podendo eliminar o vínculo empregatício duradouro, o que vai mexer com tudo, sem que se saiba qual será seu formato, afetando também o sistema previdenciário. É preciso impedir o avanço da miséria criando modos adequados de aproveitamento da mão de obra ociosa.

As crianças têm que ser educadas para o trabalho e para viver de forma independente. Devem aprender a cuidar de si próprias desde cedo. Têm de se empenhar para escapar do retrocesso e das consequências das decisões imediatistas, e buscar a melhora geral e o aprimoramento da espécie, impedindo o avanço da decadência e do caos generalizado. Com a formação de seres humanos fortes e independentes, os países também têm de se fortalecer para serem capazes de se sustentar com seus próprios meios, em vez de só ficar esperando ajuda externa.

O sistema preparou os indivíduos para aceitarem tudo que lhes é imposto sem fazer análises e reflexões, e para se distrair e se divertir sem levar a vida a sério. No geral, o sistema criou a dependência de dólares. A abertura do mercado financeiro reduziu a necessidade de empréstimo externo, ensejando possibilidades especulativas. Além da taxa de juros tem o câmbio, tudo gerando uma ciranda fabulosa. A dívida do Brasil de aproximadamente um trilhão de dólares consome por ano juros praticamente iguais à dívida americana de 18 trilhões; o que há de errado?

Com a ampliação da crise geral, a humanidade vai retrocedendo. Um grande rearranjo nas finanças e no comércio internacional está sendo desenhado. Com o agravamento da crise mundial se tornam visíveis as complicações criadas pela globalização. Exportar fica mais difícil, mas o país criou grande dependência de importações, como vai pagar? Financiando, aumentando a conta juros? Perdendo autodeterminação? Onde vai parar a essência humana? Resta buscar o equilíbrio, aumentar a produção para consumo interno, gerar empregos, controlar os custos, eliminar gastos supérfluos.

O Brasil permanece estagnado desde 1889 quando os congressistas deveriam ter equacionado a educação e integração da mão de obra liberada das fazendas. Veio a crise de 1929 e a guerra, e o mercado interno sempre com baixa renda. A revolução caiu no abismo da dívida externa em 1981. Collor deu tiro no mercado interno com o bloqueio da poupança em 1990. Endividados, em 1994 fomos para a dolarização. Lula quis ampliar o mercado por decreto, mas a corrupção nos arrastou de novo ao abismo.

Enquanto permanecemos no atraso em tudo, a dívida cresceu outra vez, o mercado interno encolheu mais uma vez e enfrentamos a grande recessão. O desequilíbrio nas contas internas e externas avança pelo mundo. O Brasil é o campeão. Todos querem dólares. Insensatamente a natureza vai sendo destruída e com ela a sustentabilidade da vida. Alguns acham que isso pode acontecer na América do Sul ou na África, esquecendo que o planeta é um só. O que dizer desses líderes que entregam tudo por um punhado de dinheiro?

Faltam alvos nobres seja nas corporações ou no capitalismo de Estado. Livre Mercado e Capitalismo de Estado têm que entender que sem a implantação de metas que criem oportunidades e desenvolvimento humano, continuaremos gerando mais insatisfeitos, perdas na renda e consumo, aumento do uso drogas, miséria e desordem.

A população precisa de trabalho e renda para consumir; de educação que promova o aumento da qualidade humana, do bom senso e discernimento. Sem bom preparo das novas gerações desejosas de um futuro melhor, decairemos na ladeira dos países sem rumo. Seremos meros mercados e depósitos de recursos para os mais organizados que tomaram a dianteira e querem permanecer ampliando a sua supremacia.

Com queda na produção e na renda média, o mercado consumidor fica estagnado, a humanidade não evolui. São as consequências das decisões imediatistas para satisfação da cobiça em vez da busca da melhora geral. Assim vamos regredindo e provocando caos na Terra de forma continuada. A instabilidade cambial e os ganhos especulativos precisam ser contidos para dar consistência ao desenvolvimento próprio.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7