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CIVILIZAÇÃO DIGITAL E O EU INTERIOR

“Cada novo passo, cada tentativa de melhora trará sempre em si toda a aridez das obras do raciocínio, e assim o germe da decadência irreprimível.” (Mensagem do Graal, Vol. 1, Erros). Essa frase nos diz que muitos seres humanos põem o coração de lado, isto é, a intuição, a voz do espírito que traria leveza e consideração. Em vez de agir com o coração, agem com a frieza do raciocínio que promove a desagregação. A civilização mundial criou a civilização digital que, por sua vez, cria dependência da máquina e dos programas que determinam o que pode ser feito. Com isso, o ser humano está perdendo o contato com a voz interior e com o próprio querer.

A convivência harmoniosa entre as pessoas vem sendo desmantelada, pois, com desconfiança, estão se isolando umas das outras, eliminando o doar e receber, as salutares permutas de saberes. É cada um para si. A questão do raciocínio lúcido e intuição ativa é muito importante porque distingue a pessoa de iniciativa daquelas que estão dormitando pela vida.

Um fato pouco mencionado é o aumento dos gastos públicos, mas a remilitarização poderá trazer um impacto surpreendentemente forte na inflação e na qualidade de vida, afetando tudo o mais na economia global – “mais canhões e menos alimentos”. Qual é a consequência da questão dos governos que estão gastando sem controle e criando dinheiro do nada?

Os recursos naturais estão escasseando, a população aumentando e com falta de bom preparo para a vida. Muitas crianças nascem, o ambiente favorece a indolência e comodismo, e assim elas crescem num ambiente hostil, completamente alheias ao significado da vida, sendo conduzidas para um viver fútil, em vez de receber bom preparo para uma vida útil para si e para o planeta. Nesse meio surgem as drogas sugeridas como solução para a vida vazia. O tempo passa, aumenta a violência nas ruas, a saúde se fragiliza. Muitos acabam tendo vida curta, nasceram e cresceram sem saber para quê. Não podem continuar vivendo como estranhos na Terra. Nada como a necessidade do esforço pessoal para formar uma geração forte.

A Europa se beneficiou grandemente com a economia colonialista capturando riquezas da América Latina, África, Índia e Ásia. A força de seu capitalismo de mercado permitiu avanços sociais. O surgimento do Capitalismo de Estado, produzindo em grande escala, com financiamento e mão de obra adequada e uma estrutura de custos enxuta, assinalou um grande avanço no comércio exterior.

O livre comércio é importante, mas de que vale se faltam oportunidades de trabalho com renda compatível? A concentração de capitais organiza grandes estruturas produtivas e monopolistas, então precisam de mercados, e as nações atrasadas pouco evoluem, e sua população vai perdendo o ânimo, sem saber ler e escrever corretamente, e as pessoas ficam marasmando com vídeos que só emburrecem e roubam o tempo. Agora se fala na crise do capitalismo, mas esta é mais ampla: é a crise ainda não reconhecida, que se espalha pela Terra atingindo tudo em virtude do viver direcionado exclusivamente para o materialismo.

A situação tende a se agravar aumentando a dependência de manufaturas importadas, mas isso reduz a qualidade dos empregos e diminui a renda, ou seja, caminhamos para situação similar à de Cuba e Venezuela. A população, despreparada, sem trabalho decente, está a mercê do mercado de apostas, jogos, drogas e permissividade sexual, ressaltando a concentração da riqueza.

Faltando bom preparo para a vida e empregos de qualidade, o que se poderia esperar? O descontrole do gasto público tem arruinado muitas nações, basta olhar para a vizinha Argentina. O aumento da turbulência da finança global e as incertezas que atemorizam as nações também devem receber especial atenção para a formulação da política de juros e de câmbio.

Abriram as portas às raposas para uma população despreparada e manipulada com modelos de enriquecimento inidôneo. Os organizadores das apostas seduzem, os patos caem, e quando se dão conta já estão arruinados. A jogatina vai para o PIB e o dinheiro vai embora. O ser humano é animado pelo espírito, não é um robô. Uma boa educação também deve fortalecer o eu interior e a força de vontade para o bem.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

AS NAÇÕES E AS MOEDAS

O sistema monetário mundial está pendurado na moeda mais aceita, o dólar. As nações atrasadas dispõem de poucos recursos para trocas internacionais e como produzem poucos itens, precisam importar quase tudo com pagamento em dólares. Com isso, ocorrem déficits nas contas internas, na balança comercial e nas contas externas. Para cobrir os déficits, elas têm de tomar empréstimos que não vão para a produção e investimentos. A pandemia gerou a redução e paralização de atividades e do fluxo financeiro, o que foi contornado com a criação de dinheiro que se espalhou pelo mundo, gerando inflação, alterando a cotação de tudo. Mas, para muitas pessoas os salários caíram.

Foi permitida a criação de bolhas especulativas que, crescendo, se tornaram um risco para o sistema. Injetaram liquidez comprando papéis para assegurar a solvência. Com o desinteresse pela produção industrial, com o tempo foi se formando no ocidente a economia dos papéis e agora há desconhecimento sobre o futuro dessa economia que tende mais para virtual do que para real.

Os EUA tinham tudo: produção, tecnologia, população bem-preparada e finanças fortes para abarcar o mundo. Depois da Inglaterra, se tornaram os mandantes na América Latina. Agora têm poucas fábricas, dívida alta, bolsa de ações meio gorda com expectativa de entrar em regime para perder volume. E as nações sul-americanas estão afogadas em dívidas e desemprego. Espaço aberto, no qual a China vai avançando, e o desequilíbrio econômico aumentando pelo mundo. Em muitas questões, a história tem sido omissa, como, por exemplo, na questão do continuado aumento da dívida pública sem correspondente melhora nas condições gerais de vida. Não é fácil enxergar toda a extensão do drama.

Com a descoberta da abundância de mão de obra de baixo custo na Ásia, o ocidente foi reduzindo a produção fabril. O engasgue de 2008 deu início à flexibilização monetária, mas o dinheiro foi para a compra de papéis, o que se avolumou na pandemia. Enfrentamos desemprego, inflação e PIBs estagnados, gerando muitas incertezas quanto ao futuro da economia mundial.

Grande parte das indústrias está na China, que praticamente não necessita importar produtos manufaturados e pode exportar, pois seus custos são menores, e encontra nos países dependentes a oportunidade de importações do que necessita com preços vantajosos. Há um desequilíbrio na economia mundial. Como isso foi gerado? Como solucionar de forma que as nações possam prosseguir melhorando as condições gerais de vida em paz?

O desequilíbrio econômico mundial gerou estagnação geral. O consumo se retraiu como consequência da parada gerada pela pandemia, depreciando o poder aquisitivo das moedas dos países dependentes, acarretando perdas. O que fazer? Não adianta ficar lamentando a desaceleração da China; há que se fazer como ela e fortalecer a produção para o mercado interno, porque se atualmente exportar não está fácil para a China, imagine para os demais países.

No Brasil, a desatenção dos governos com as questões fundamentais criou dificuldades e pobreza em várias regiões, como a escassez de água no Nordeste. O rio São Francisco tornou-se estrategicamente muito importante, mas deve ser bem cuidado para que mereçamos a ajuda dos entes da natureza que cuidam das águas e das matas, outrora tão respeitados pelos índios do Brasil.

As teorias explicam muitas coisas, mas por que no Brasil não se consegue produzir manufaturados em maior quantidade? Por que a produtividade é baixa? Por que os importados chegam com preços inferiores aos produzidos no país? Por que a ZFM não ampliou a participação tecnológica nos produtos?

Educar para a vida requer a participação da alma como faziam muitos professores do século passado, auxiliados pelas famílias dos alunos. O risco do avanço tecnológico sem alma é o de transformar os seres humanos em meros robôs incapazes de uma reflexão própria sobre o significado da vida e seu papel no planeta com seus mecanismos de sustentação da vida, cada vez mais desconhecidos dos jovens e que a humanidade pouco respeita, mas em seu imediatismo, contribui para sua destruição.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

A IMPRESCINDÍVEL SERENIDADE

Após a Segunda Guerra Mundial, 44 países se reuniram em Breton Woods (EUA) para estabelecer a nova ordem econômico-financeira, visando a estabilidade monetária das nações. Consolidou-se, definitivamente, a preferência e o apego ao dinheiro, o fetiche e o ídolo cultuado pela humanidade, um simples papel pintado que, na verdade, representa a grande ilusão criada pelo materialismo, sendo aceita coercitivamente pelo seu poder de comprar as coisas, inclusive os seres humanos. A cobiça pelo dinheiro não tem limites; mas algum dia se evidenciará o seu pé de barro. Até lá, assistiremos a muitas desgraças.

As relações comerciais passaram a se efetivar de forma crescente em dólares, moeda da qual tudo passou a depender. Em geral, os países mal geridos, dependentes de commodities e suas instabilidades, buscavam financiamento externo para cobrir os continuados rombos. Quanto mais o Estado foi ampliando a sua interferência na vida econômica, mais dependente foi se tornando de tomar dinheiro no mercado, pois sua arrecadação era insuficiente para cobrir todos os encargos e desperdícios.

Isso veio a calhar porque o dinheiro sempre tende a aumentar, por novas emissões ou ganhos. Financiar os governos perdulários se mostrou como oportuna forma de absorver os excedentes. No entanto, com o avolumar da dívida, acrescida de juros, formou-se a bola de neve com suas ameaças ao sistema. Então surgiram as receitas de austeridade geral, por vezes sem bom senso, gerando crises e instabilidades.

O dinheiro continuou sendo emitido e crescendo. Hoje se prega juros baixos ou negativos. A capacidade de criar dinheiro envolve uma grande complexidade de variáveis e consequências que requerem mais aprofundamento para que favoreçam o progresso em vez de travá-lo. Nas últimas décadas, enquanto nos bastidores os personagens urdiam planos de partilha do butim, no palco da vida predominavam falsas aparências. Com a expansão dos abusos, rompeu-se a cortina pondo a descoberto as mazelas tramadas às escondidas, expondo-as para lavagem geral.

No cenário mundial, ocorre a luta entre os que querem se esconder ao abrigo das cortinas e os que desejam abri-las amplamente. A tendência é que caiam as cortinas encobridoras da verdade, mas o que se verá não será bonito, agravado por lutas para manter uma situação que não se sustenta mais. Os homens se digladiam para encobrir a verdade e se manterem no poder.

Com a abertura comercial, vários setores fabris perderam potência interrompendo o aprendizado tecnológico; hoje, além do atraso, deixamos de produzir vários itens, provocando declínio na produção de manufaturas. A importação depende do preço do dólar, que depende da taxa de juros, mas a dívida subiu muito. O Brasil não fabrica dólar e a economia estagnou. Perdemos terreno na indústria, exportamos tudo in natura, inclusive o precioso algodão, mas importamos tecidos e confecções. Com o real valorizado a juros elevados formamos grande montante de dívida, acrescida da indisciplina fiscal. Bons empregos foram exportados, a renda caiu. O desarranjo é global, mas de difícil solução face aos interesses egoísticos. Há de se examinar atentamente as causas e buscar a solução.

O Brasil está correndo o sério risco de fazer parte do grupo com atraso geral, sem rumo, sem autonomia. Precisamos de união em defesa do país e esforço para evitar a consumação do declínio. É preciso entender o que se passa nos bastidores internacionais. A guerra comercial aumenta a turbulência na economia. O crescimento da dívida já vinha de longe, mas não se dava muita atenção; de repente, se percebe o tamanho do buraco que trava tudo.

Os acontecimentos se sucedem velozmente atropelando tudo, isto é, um em cima de outro e de outro. As pessoas se vergam sob a pressão. Isso mexe com os nervos delas que, inquietas, não seguram, não filtram e como pingue-pongue é um bate e volta sem pausa. Uma pessoa já impactada pelo acontecimento está desarmada e se ainda recebe o rebate de outra, tem duplo impacto sobre o cérebro e se expande pelo corpo. É preciso filtrar os acontecimentos e dosar as reações para que o mundo não se torne um hospício de esquizofrênicos impacientes e inquietos que adoecem e contaminam o ambiente. Conservai puro o foco dos pensamentos para abrir o caminho para a serenidade.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7