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2023, O ANO DO COELHO

No calendário chinês, doze animais se sucedem a cada ano e 2023 é o ano do coelho. Essa notícia chama atenção porque 1939 também foi o ano do coelho, animal doce e pacífico. No entanto, naquele ano teve início o grande conflito mundial.

Não é de hoje que as nações se armam e se testam para demonstrar seu poder de fogo como forma de contornar as guerras, mas a voz do povo perdeu força e os maiorais agem sem dar explicações. Os donos do poder, no alto nível, vão estabelecendo suas metas e suas disputas, mas o povo fica cada vez mais como massa de manobra com direito a obedecer ao que eles determinarem.

A individualidade está em extinção. A grande maioria não faz mais reflexões intuitivas, não tem tempo nem vontade; foi fisgada por atrativos improdutivos e se acomodou. Nas mídias sociais o conteúdo atual é meio rasteiro com autobajulação, medo, ódio, censura, faltam palavras beneficiadoras.

Em 21 de dezembro de 1804, nasceu Benjamin Disraeli, um político conservador britânico, aristocrata e que foi Primeiro-Ministro do Reino Unido em duas ocasiões, além de autor de vários livros e frases famosas como a que se segue: “O mundo é governado por personagens bem diferentes do que imaginam aqueles que não estão nos bastidores.”

A geopolítica está adquirindo novos contornos com o agravamento das condições climáticas, o que desperta a atenção das potências para as regiões bem-dotadas de recursos naturais e minerais. Isso é preocupante para as nações atrasadas sem capacidade de enfrentamento e, no geral, com péssima governança.

A América Latina, incluindo o Brasil, tem sido quintal da Inglaterra e da Europa. Os EUA assumiram a posição com exclusividade. Surgiram outros atores, como Rússia e China. Todos olham para as matérias-primas e mercados. Não é difícil semear descontentamento na população, sempre deixada em plano secundário, e dividi-la mais ainda com os desequilíbrios provocados pela globalização que levou a produção para onde houvesse menor custo. Isso acarretou desequilíbrio global. Com o surgimento da dependência externa, países estão trazendo de volta suas fábricas.

A governabilidade das nações tem de ser aprimorada. O que acontece numa pequena nação, acontece nos grandes arranjos mundiais. Com falta de disciplina nos gastos a gestão pública esvazia o cofre, aumenta a dívida e chega ao ponto de os países ficarem sem verba para gastos essenciais, como remunerar médicos e pagar outras necessidades básicas.

Um partido elege o presidente e indica milhares de indivíduos comissionados com bom salário. A quem eles vão seguir, que objetivos vão atingir? Logicamente os do partido; a nação e seus interesses maiores ficarão para depois. E tudo vai estagnando, pois fazem arranjos inadequados ao país para se manterem no poder, esquecendo as finalidades para as quais foram eleitos.

Há que se pensar mais seriamente na vida e na forma de produzir, consumir e preparar as novas gerações para uma forma de viver adequada à espécie humana. Precisamos educar para a vida, formar seres humanos de qualidade interior com respeito ao próximo, sem teorias ideológicas ou preconceitos.

Há dois mil anos, Jesus brigava com os sacerdotes em Jerusalém, não por ideologias político-sociais, mas porque estes impunham o regulamento deles, colocando de lado as leis divinas da Criação, pois se estas fossem respeitadas, não haveria exploração de uns pelos outros. Ama ao próximo como a ti mesmo. Não o prejudique para satisfazer as próprias cobiças. Eis o quanto basta para estabelecer a paz e a bem-aventurança.

O ano de 2023 já está com as portas abertas. A humanidade quer paz, mas para isso é preciso que haja o esforço de todos, em vez de ficar exibindo poder destrutivo num jogo perigoso de atemorizações, que a qualquer momento poderá ficar tão emaranhado, impossível de ser desfeito, pois a utilização desses armamentos seria a grande tragédia e o fim de uma era da humanidade. Uma parte das pessoas entra no ano novo produzindo armas e munições; outra, detonando, e o restante brincando ou rezando; no entanto, todos deveriam estar empenhados em alcançar grandeza humana pela paz e progresso geral.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

A DESTRUIÇÃO DAS NAÇÕES

Ameaças pairam sobre o futuro da humanidade. A nação reúne um povo num território com o mesmo idioma, tradições e ideais. Aos poucos, estabelece a legislação pela qual todos devem se pautar. Deveria ter também como objetivo alcançar o aprimoramento dos seres humanos rumo à ampla evolução.

De fundamental importância é o bom preparo das novas gerações, pois a destruição de um povo começa por aí. As pessoas devem ser preparadas para alcançarem o sustento e a sobrevivência condigna através do próprio esforço, pois a Terra foi dotada de espaço e recursos para todos que conduzem o seu modo de viver em conformidade com as leis naturais da Criação.

Ao se afastarem do sentido da vida, os seres humanos vão introduzindo dificuldades que não deveriam existir, e que vão tornando o viver áspero, provocando a luta pela sobrevivência decorrente das cobiças por riqueza e poder. Os governantes devem ser dotados de competência, idoneidade e amor à pátria e à população. Aqueles que acima de tudo cobiçam o poder, arquitetando manobras para roubar o dinheiro da nação, deveriam ser excluídos.

Economistas dotados de sabedoria diziam que quanto mais houver interferência dos governos e do poder financeiro em atendimento aos interesses particulares de grupos, mais a economia perde a naturalidade, menos funciona, mais a população padece. A política monetária dos EUA e Europa causa resfriado para eles, mas nas nações que permaneceram estagnadas a penúria é bem maior. O sistema econômico está desarranjado pela produção de dinheiro com zero taxa de juros. Surgem as bolhas e a inflação. Aí chega o dia do ajuste. Os juros vão para cima, o dinheiro desaparece, alteram-se as taxas de câmbio entre as moedas elevando o preço das importações, atormentando os devedores em dólares.

O ser humano se tornou o causador de danos a outros para satisfazer a própria cobiça. Há no Brasil muitas regiões com baixa escolaridade, vida difícil, sem liberdade, que se formaram desde 1889 com moradias precárias, dominadas mediante imposições e violência. Pouco se pensou em buscar soluções duradouras e o resultado é a dívida financeira elevada e o déficit social.

No mundo governado com pouca responsabilidade quanto ao futuro formou-se uma grande massa de pessoas com pouco preparo para a vida e o trabalho. A questão exige ser examinada com seriedade, pois se for deixada dessa forma logo chegaremos ao caos social com aumento da criminalidade. Não basta só ficar distribuindo auxílios; é preciso ação recuperadora desses grupos e, principalmente, das crianças para que recebam preparo que as capacite a atividades que propiciem renda para que possam viver normalmente constituindo famílias, fortalecendo as nações.

O crescimento populacional vem chamando a atenção das autoridades há décadas. Faltou responsabilidade para preparar futuro decente, digno da espécie humana. O que fazer agora com os propalados oito bilhões de almas encarnadas na Terra? A população precisa de trabalho e renda. A educação é um ponto que requer atenção, caráter, bom senso, clareza mental, propósitos enobrecedores, impedindo que as drogas destruam as novas gerações. O essencial são os alimentos, a água, moradias adequadas, mas quanto custa tudo isso? Certamente bem menos do que se tem gastado com armamentos e guerras. Mas o que estão fazendo os governantes além de ficarem correndo atrás de financiamentos e aumento das dívidas?

Todas as pessoas dotadas de bom senso deveriam estar atentas e dispostas a encarar de frente a sobrevivência condigna, sempre posta de lado, e buscar o progresso que merecemos como seres humanos. A corrupção adquiriu grande amplitude, contaminando tudo, mas junto a ela há também um envenenamento que entorpece e embrutece a sociedade e as novas gerações. A mentira é usada como arma para desencaminhar a busca de soluções dignas da espécie humana.

O grande risco que enfrentamos é de decadência e precarização geral em níveis de miséria jamais vista, colocando a Terra como se fosse uma nave sem rumo à disposição da pirataria generalizada. Por que os seres humanos não se unem no bem, seguindo as leis naturais da Criação, visando a paz para todos, o progresso para as novas gerações e a alegria, afastando a mentira que visa obstruir a passagem da luz da verdade?

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

AS FALHAS DO ESTADO-NAÇÃO

Após as sangrentas guerras do século 20, ocorreu a progressiva transferência do poder da Igreja e reis absolutistas que submetiam a população às normas impostas pela elite. O Estado-nação surgiu como a nova forma de governo e exercício do poder.

Bem gerido, o Estado-nação poderia ter contribuído para o aprimoramento dos seres humanos; no entanto, capitulou diante da corrupção e maus gestores. As transnacionais foram adquirindo poder que suplantou os governos. Como etapa seguinte, elas buscam operar em escala mundial, mas com as comunicações de massa utilizadas, estão provocando a uniformização, a perda da individualidade e criatividade, aproximando o comportamento do ser humano ao dos robôs sem alma.

Modernamente, o poder foi sendo transferido para o controle do dinheiro e dos recursos naturais essenciais, mas a miséria permanece com a mesma cara. Até a segunda guerra mundial, a Inglaterra exercia o controle do mundo com a libra e seus poderosos navios. Para lá afluíam as riquezas das nações. Apesar da vitória, o poder se esvaiu e com o passar do tempo a sua população também sentiria o peso das dificuldades econômicas, pois com a redução dos bens que procediam das “colônias”, o déficit se tornou evidente.

Atualmente, o mundo vive o fantasma da inflação que encarece os preços e reduz os salários. Os Estados-nação do ocidente abandonaram a produção de manufaturas simples e seus trabalhadores. Exportaram empregos, criaram uma crise financeira em 2008 e foram emitindo dinheiro. Agora aumentam as taxas de juros, o que parece ser um lance de guerra monetária. Os juros altos interferem em toda economia e, com isso, poderá haver muita transferência de riqueza a preços baixos. Resta saber como ficará a situação dos Estados-nação endividados e dos devedores em geral.

A história mundial e dos povos avança em sua trajetória. Os destinos estão traçados como consequência natural. Surgirão os merecidos desfechos, bons ou maus, em conformidade com as respectivas atuações dos seres humanos. Se a situação já estava bem difícil, parece que com o ato de Vladimir Putin, presidente da Rússia, anexando territórios conquistados na Ucrânia, foi dado mais um passo na direção do abismo, deixando a humanidade diante do imprevisível.

No passado do Brasil, o grupo despreparado que baniu Pedro II não deu atenção às famílias que deixavam as fazendas, indo para as cidades sem moradia, trabalho, escola e atendimento médico. O Estado-nação republicano já nasceu contaminado. Atualmente, as novas gerações também não estão aprendendo a ler e escrever corretamente, nem a fortalecer o bom senso intuitivo, engrossando a mão de obra sem qualificação, que não tem projeto de vida nem esperança no futuro.

O Brasil se encontra em pleno processo eleitoral um momento muito importante na história do país, mas também preocupante, pois com a cobiça pelo poder, as campanhas se caracterizam pelo destempero com a baixaria, mentiras e difamações que nos deixam perplexos.

A pressão daqueles que querem dominar o Brasil é avassaladora. As classes altas querem poder e tudo o mais para si; as classes menos favorecidas aceitaram as condições do trabalho de baixa remuneração, consumo e diversão. Ambas pouco se preocupam em analisar a vida e seu significado. Muitas questões são debatidas, mas o que realmente importa é se o dinheiro público será utilizado de forma eficiente para o bem geral, ou se irá engordar as contas particulares dos políticos.

Milhões de eleitores conscientes ficaram estarrecidos com o resultado do primeiro turno, pois coincidentemente, o político que havia sido aposentado pela opinião pública, apresentou a mesma quantidade de votos que elegeu o presidente em 2018, ou seja, 57 milhões.

Nem sempre é possível impedir a interferência dos homens nas máquinas, nas estatísticas e nas mentes despreparadas. O Estado-nação, fragilizado devido a interesses particulares, caiu nas mãos de grupos oligárquicos, e quem se dispuser a modificar isso enfrentará enormes obstáculos e astutas oposições, e também a reação insensata das massas manipuláveis.

Vem aí o segundo turno, uma disputa acirrada e bruta, o que está em jogo é o futuro da nação, no entanto as novas gerações não estão recebendo o adequado preparo para a vida, para transformar o Brasil no maravilhoso país sonhado de liberdade e responsabilidade, com progresso espiritual e material, com paz e alegria.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

O DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO MUNDIAL

Diante da pesada inflação, o plano real não contornou os efeitos do desequilíbrio causado pela economia mundial, mas os agravou. Foi um choque monetário com base na âncora cambial e juros elevados. Era para ser uma fase curta de ajuste, mas se tornou um truque para iludir a população enquanto tudo o mais ia se desfazendo, indústria, infraestrutura, educação, saúde, pela ausência de investimentos e corrupção.

A partir dos anos 1990, a indústria foi definhando até chegar ao ponto de não produzir quase nada. O Brasil se tornou importador e dependente até de produtos simples; todavia é uma alegria contemplar nas feiras e mercados a fartura de alimentos produzidos no país. Há que se recuperar a fabricação. Agora, tudo está meio desmoronando, com aumentada dependência financeira e de manufaturados importados, e em consequência da pandemia, que trouxe escassez e inflação.

O uso das moedas nacionais teria sido um caminho de diversificação do dinheiro e de maior equilíbrio nas relações econômicas no comércio bilateral ou nos grupos de países como os do Mercosul, mas a pressão exercida pelo dólar, que superou a crise de credibilidade após o rearranjo de 1971, e a péssima gestão monetária de muitos países, tornaram suas moedas de pouca confiança e imprestáveis como meios de pagamentos internacionais.

Ao ter se tornado um simples papel impresso, o dinheiro precisa da credibilidade para permanecer aceito como reserva. O dólar tem um histórico de consolidação de mais de um século. O FED, formado em 1913 como gestor do dólar, se tornou o poderoso condutor da finança, mas o que acontecerá com os EUA com seus problemas internos e sua interferência nos conflitos beligerantes pelo mundo?

Não é novidade que o mundo adentrou numa nova disputa entre Estados Unidos e China, ora ofuscada pelos combates na Ucrânia. Economistas experientes como Larry Summers preveem recessão nos EUA e veem erros na economia. São muitas variáveis em movimento: economia, emprego, qualidade de vida, dívida pública, pressões sobre o dólar, o principal produto americano. São questões fundamentais sobre o funcionamento do dinheiro. Quais são os objetivos? Poderia o FED controlar a moeda mundial, independentemente dos Estados Unidos? Como um arranjo desse tipo poderia ser implantado?

Kishore Mabubani, autor de “A China Venceu?”, escreveu que “a disputa vai depender da vitalidade espiritual dos Estados Unidos, e de seu êxito em evitar demonstrações de indecisão, desunião e desintegração interna. Em vez de gastar recursos preciosos em uma ameaça chinesa ideológica inexistente, deveria voltá-los para a revitalização espiritual de sua sociedade.”

O relacionamento entre nações deveria seguir um procedimento ético e equilibrado, principalmente no comércio. A cobiça por riqueza e poder afastou os seres humanos da espiritualidade e acabou criando a tendência antinatural de superconcentração das atividades financeira e fabril, gerando desequilíbrio econômico mundial, dependência financeira das nações, queda de empregos e renda.

A concentração do poder vai despertando medo de perda de força econômica e financeira, provocando retaliações e atitudes belicosas inesperadas. A paz mundial fica em suspenso: estabilizará, retrocederá ou o pior ainda está por vir? Ao surgirem dificuldades imprevistas a partir da pandemia, os pontos críticos foram aparecendo, afetando o consumo e o comércio mundial, repercutindo em escassez e inflação. Qual o caminho a seguir?

Em vez de fortalecer o querer próprio, as pessoas vão abrindo suas mentes para influências externas. Quanto mais mergulham nisso, maiores são os riscos; a longo prazo acabarão sendo uma simples extensão das máquinas, incapazes de agir por si e sem condições de ouvir o eu interior que amplia a capacidade de discernir com clareza e expande o bom senso intuitivo.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

AS NAÇÕES E AS MOEDAS

O sistema monetário mundial está pendurado na moeda mais aceita, o dólar. As nações atrasadas dispõem de poucos recursos para trocas internacionais e como produzem poucos itens, precisam importar quase tudo com pagamento em dólares. Com isso, ocorrem déficits nas contas internas, na balança comercial e nas contas externas. Para cobrir os déficits, elas têm de tomar empréstimos que não vão para a produção e investimentos. A pandemia gerou a redução e paralização de atividades e do fluxo financeiro, o que foi contornado com a criação de dinheiro que se espalhou pelo mundo, gerando inflação, alterando a cotação de tudo. Mas, para muitas pessoas os salários caíram.

Foi permitida a criação de bolhas especulativas que, crescendo, se tornaram um risco para o sistema. Injetaram liquidez comprando papéis para assegurar a solvência. Com o desinteresse pela produção industrial, com o tempo foi se formando no ocidente a economia dos papéis e agora há desconhecimento sobre o futuro dessa economia que tende mais para virtual do que para real.

Os EUA tinham tudo: produção, tecnologia, população bem-preparada e finanças fortes para abarcar o mundo. Depois da Inglaterra, se tornaram os mandantes na América Latina. Agora têm poucas fábricas, dívida alta, bolsa de ações meio gorda com expectativa de entrar em regime para perder volume. E as nações sul-americanas estão afogadas em dívidas e desemprego. Espaço aberto, no qual a China vai avançando, e o desequilíbrio econômico aumentando pelo mundo. Em muitas questões, a história tem sido omissa, como, por exemplo, na questão do continuado aumento da dívida pública sem correspondente melhora nas condições gerais de vida. Não é fácil enxergar toda a extensão do drama.

Com a descoberta da abundância de mão de obra de baixo custo na Ásia, o ocidente foi reduzindo a produção fabril. O engasgue de 2008 deu início à flexibilização monetária, mas o dinheiro foi para a compra de papéis, o que se avolumou na pandemia. Enfrentamos desemprego, inflação e PIBs estagnados, gerando muitas incertezas quanto ao futuro da economia mundial.

Grande parte das indústrias está na China, que praticamente não necessita importar produtos manufaturados e pode exportar, pois seus custos são menores, e encontra nos países dependentes a oportunidade de importações do que necessita com preços vantajosos. Há um desequilíbrio na economia mundial. Como isso foi gerado? Como solucionar de forma que as nações possam prosseguir melhorando as condições gerais de vida em paz?

O desequilíbrio econômico mundial gerou estagnação geral. O consumo se retraiu como consequência da parada gerada pela pandemia, depreciando o poder aquisitivo das moedas dos países dependentes, acarretando perdas. O que fazer? Não adianta ficar lamentando a desaceleração da China; há que se fazer como ela e fortalecer a produção para o mercado interno, porque se atualmente exportar não está fácil para a China, imagine para os demais países.

No Brasil, a desatenção dos governos com as questões fundamentais criou dificuldades e pobreza em várias regiões, como a escassez de água no Nordeste. O rio São Francisco tornou-se estrategicamente muito importante, mas deve ser bem cuidado para que mereçamos a ajuda dos entes da natureza que cuidam das águas e das matas, outrora tão respeitados pelos índios do Brasil.

As teorias explicam muitas coisas, mas por que no Brasil não se consegue produzir manufaturados em maior quantidade? Por que a produtividade é baixa? Por que os importados chegam com preços inferiores aos produzidos no país? Por que a ZFM não ampliou a participação tecnológica nos produtos?

Educar para a vida requer a participação da alma como faziam muitos professores do século passado, auxiliados pelas famílias dos alunos. O risco do avanço tecnológico sem alma é o de transformar os seres humanos em meros robôs incapazes de uma reflexão própria sobre o significado da vida e seu papel no planeta com seus mecanismos de sustentação da vida, cada vez mais desconhecidos dos jovens e que a humanidade pouco respeita, mas em seu imediatismo, contribui para sua destruição.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

CRESCIMENTO ECONÔMICO

A economia de uma nação tem de acompanhar o crescimento da população e buscar a melhoria das condições gerais de vida. O aumento do PIB pode se dar com o aumento da extração de minérios do solo para exportação, mas não assegura que haverá melhor qualidade de vida. Estão crescendo, pelo mundo, os aglomerados de moradias precárias tipo favela. Faltam gestores públicos e empresários responsáveis, pois cuidam primeiro de atender aos objetivos pessoais.

A economia mundial já apresentava fissuras; a pandemia as tornou evidentes e as ampliou. A precarização avança desde a classe média, afetando drasticamente a população. É indispensável a união de todos os segmentos para o bem do Brasil e do aprimoramento da humanidade. A queda na produção e empregos não pode ser recuperada de repente, pois o auxílio temporário pode reduzir o risco do caos social, mas o correto é que haja trabalho, produção, renda, para que as pessoas sejam reativas, contribuindo para o bem geral e para não ter a sensação de estar vivendo de esmolas.

“O presidente Jair Bolsonaro tem 60 milhões de votos e quer atender caminhoneiros e 17 milhões de frágeis com um repasse de R$ 400, e esse quadro tem de estar presente nas decisões”, explicou o ministro Paulo Guedes, ressaltando que os secretários que deixaram a equipe econômica queriam que o auxílio ficasse em R$ 300, mas a ala política queria atender aos mais necessitados. “Entendemos os dois lados, mas não vamos ‘tirar 10’ em política fiscal e zero em política social. Preferimos tirar ‘8’ em fiscal, em vez de ‘10’, e atender aos mais frágeis.”, justificou o ministro.

Há grupos que querem vencer a eleição, custe o que custar, inclusive interferindo na livre decisão dos eleitores, e isso não é só no Brasil. E depois farão como sempre, uma administração voltada para os interesses particulares, deixando de lado o que é essencial. No Brasil, os problemas são imensos. Os votos têm sido mal-empregados há décadas. Vejam em que situação o país ficou. Para que tantos deputados, senadores, vereadores? Eles têm mais atrapalhado que ajudado o país. Grupos econômico-financeiros se instalam na nação e os seus objetivos passam a ser os da nação inteira que perde a autonomia e descuida do próprio futuro, deixando a precarização avançar.

Soma-se a isso outro problema: grande parte do atual ambiente inóspito para a vida está na destruição da cobertura florestal, na derrubada das árvores. Grandes cidades arrasaram suas áreas verdes. Prefeitos, governadores e o legislativo jamais se preocuparam com a preservação dessas áreas nas cidades, nas vilas, nas favelas. Fortaleza, capital do Ceará, é uma cidade quente, mas nas proximidades da reserva do Cocó a temperatura é mais amena, há mais vida, a cidade fica mais humana e equilibrada.

A economia brasileira foi baseada no sistema produtivo de monocultura exportadora e escravocrata, fornecedor de riquezas para as metrópoles, sem alvos próprios, sem criar renda interna. O agronegócio e a produção de alimentos são muito importantes, mas precisamos diversificar para gerar empregos e renda, e impedir que voltemos ao passado.

Alicerçar a atividade produtiva na economia globalizada cria riscos; nada é seguro, os investimentos são elevados, mas de repente tudo pode cair. Basta um simples embargo aos produtos voltados para a exportação. A motivação dos líderes está na maximização do ganho e do poder; quem pode mais, chora menos. Cada nação deveria ter a autossuficiência como meta e planejar trocas comerciais equilibradas.

A humanidade se deixou afastar de sua essência, passando a servir aos interesses daqueles que detêm o poder e que nem sempre são os da nação. Só o bom preparo das novas gerações poderá assegurar futuro melhor. A livre decisão é como escolher qual entroncamento ferroviário seguir. Uma vez feita a escolha, a vida vai na direção que pode ser boa ou não. Se houver uma parada intermediária, será possível fazer uma nova escolha. Há entroncamentos que levam para regiões agradáveis, que fazem bem para a evolução, e há os que levam para regiões ásperas e decadentes. Os indivíduos, os povos, a humanidade, têm a liberdade de escolher, mas terão de chegar ao destino escolhido.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

DESCONEXÃO E FRAGMENTAÇÃO

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Há um sentimento de perda geral de conexão do indivíduo consigo mesmo e com as demais pessoas; entre as pessoas e entre essas e tudo o mais. Há também o fenômeno da fragmentação. Tudo parece estar em pedaços para dificultar a visão clara. A mentira é a grande arma que destrói a humanidade e vem sendo empregada há milênios, como meio de dominação, na religião, na política e na economia, ou seja, na vida em geral.

Enfrentamos a grande crise de credibilidade devido ao abusivo uso da mentira e da falsidade, em vez de usar a simplicidade e naturalidade da verdade, e tudo foi perdendo a clareza, ficando obscuro. O mundo está em transformação que vai acelerando a desconexão do ser. Ninguém acredita em mais nada.

Com os modernismos, caímos no alheamento do significado da vida, uma questão complexa posta de lado por pais e educadores, mas os jovens precisam ser despertados para essas questões: o que estamos fazendo neste planeta; como melhorar as condições de vida; qual o significado da vida; de onde viemos, para onde vamos; o que é a Criação.

Com a crise econômica a vida se tornou mais difícil para os jovens pela redução de oportunidades de futuro melhor. É preciso que busquem a compreensão da existência e a melhora geral das condições do planeta para não caírem na depressão, desinteresse e vida sem sentido. Trata-se de uma luta árdua, dada a invasão de suas mentes por tantas informações fragmentadas e desconexas. Os jovens têm talentos que precisam ser despertados e postos em ação para que isso lhes traga a alegria de estar participando de algo nobre, engrandecedor.

Endividamento e juros quebram Estados. Automação e globalização destroem empregos. Como manter a previdência? É um problema que se aproxima. Há erros antigos nas relações do trabalho que vêm à tona. É necessário que se crie um novo regime de trabalho que se fundamente no equilíbrio entre o que se recebe e o que se oferece. Só assim poderão ser eliminados os conflitos.

A abertura entre as nações foi como colocar crianças para jogar com adultos experientes; os mais jovens sempre perdem o jogo. Muita gente ganhou muito nesse jogo, mas agora a mesa está rachada, perdendo a sustentabilidade. Tecnologia, comunicações e política formam a base, mas a política se dobra diante dos interesses dos grupos que favorecem a eleição e reeleição, pois não há busca de equilíbrio, prevalecendo os ganhos de uns para perdas de muitos, gerando insatisfação, violência, aumento do uso de drogas, desesperança, criminalidade, abrindo o caminho para o populismo.

Livre Mercado e Capitalismo de Estado têm que implantar metas que criem estabilidade e oportunidades de desenvolvimento humano, para não gerar mais insatisfeitos e indisciplina. A população precisa de trabalho e renda para consumir; de educação que promova o aumento da qualidade humana, do bom senso e discernimento. Enfim bom preparo para alcançar um futuro melhor. É indispensável que sejam feitos todos os esforços para formar seres humanos de qualidade, autônomos, atentos, com raciocínio lúcido e clareza no pensar, aprendendo, vendo e fazendo.

Estamos vivendo a era do apagão mental e da desconexão geral com o mundo; ela começa no indivíduo que vai se separando de si mesmo, de sua essência espiritual e da vida real, e passando a viver exclusivamente em função do conteúdo que assimila através do cérebro, ligando-o a uma realidade ilusória gerada pelos conceitos falsos. Significa a alienação da vida real, a perda da visão e capacidade de enxergar por si mesmo e tomar decisões conscientes. Com isso, ele acaba perdendo a condição humana, caindo no enrijecimento, vivendo como alienado.

Para se reconectar consigo mesmo e com a realidade da vida, o ser humano tem de buscar a Luz da Verdade e servir-se de sua energia curativa para forjar o renascimento ético, moral, econômico. Um alvo nobre que requer a participação de todos, com a prioridade de construir um mundo digno, que visa a melhora da qualidade humana e das condições gerais de vida com equilíbrio, eficiência e continuado progresso.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7