BARRABÁS

Com a aproximação da Páscoa é oportuno pensarmos um pouco nos acontecimentos ligados à vida de Jesus Cristo. Aproveitemos o filme Barrabás (2019), do diretor russo Evgeniy Emelin, que começa apresentando o julgamento de Jesus, mostrando a vacilação de Pôncio Pilatos, que governou a província romana da Judeia entre os anos 26 e 36.d.C., e que lavou as mãos ao julgar um inocente, acusado pelo sumo sacerdote Caifás, que temia perder seu poder sobre o povo judeu, e dessa forma deixou que o povo o condenasse, libertando Barrabás, um criminoso com a mesma sentença.

O filme apresenta alguns personagens pouco conhecidos na história, como a bela Judite, irmã de Judas Iscariotes e amante de Caifás, e que teria insuflado seu irmão, que era apóstolo de Cristo, a buscar um lugar de destaque no poder e a trair e entregar Jesus aos seus algozes.

Também aparece Melchior, um dos reis magos que foram conduzidos até Jesus recém-nascido para protegê-lo com suas riquezas e poder, mas que o abandonaram sem cumprirem o que era esperado deles. Melchior, em conversa com Barrabás, diz-lhe que a beleza e as leis da natureza refletem a perfeição da Vontade de Deus.

Barrabás também tem uma conversa com o espírito de José, que diz que não é o pai biológico de Jesus, porém é omitido que tudo no mundo segue rigorosamente as leis naturais da Criação, tanto no nascimento como na morte terrena. Jesus, o Amor de Deus, veio para explicar a Criação aos seres humanos, mas a humanidade estava demasiadamente embotada para reconhecer a Luz da Verdade transmitida em Suas palavras.

Pouco restou do sentido dos ensinamentos de Jesus, originalmente explicados de forma simples e natural, ficando a mensagem da Luz incompreendida, tendo surgido o culto à pessoa Dele, muitas cisões e guerras religiosas, e a promessa de que os seres humanos sempre colherão o que semearem. E viria o Filho do Homem, o Espírito Santo, o Consolador, para auxiliar e restabelecer a verdade e examinar os feitos dos seres humanos durante o tempo que lhes foi concedido para o autodesenvolvimento.

CALMARIA

Calmaria não é um filme absurdo como algumas pessoas o julgaram; é algo que ficou estranho porque perdemos a capacidade de entender os acontecimentos em decorrência da forma restrita de considerar a vida na Terra como sendo uma única existência. O enredo trata da forte ligação entre o dono de um barco de pesca e que também leva turistas para passear Baker Dill (Matthew McConaughey) e seu filho Patrick (Rafael Sayeg), que vivia com a mãe Karen (Anne Hathaway) e o padrasto (Jason Clarke), um homem arrogante e rude com o menino e com a mãe, razão pela qual Patrick nutria ódio por ele.

Dill estava sem rumo numa região estranha para ele, mas foi para lá que os fios do destino tecidos por ele mesmo o encaminharam. Há uma grande luta que Steven Knight, o roteirista, chamou de jogo, mas é um embate de vontades: trata-se do jogo da vida formado pelo querer, pensamentos, sentimentos e ações; vale a intenção.

Na Terra ou fora dela os seres humanos manifestam o seu querer vivenciando-o intensamente como num sonho ou pesadelo. O querer, alimentado intensamente, tem o poder de atrair a igual espécie, foi isso o que acabou acontecendo entre o padrasto e seu enteado num choque desordenado de incompreensões, estando Dill coparticipando e vivenciando tudo com paixão e voracidade, até que se tornou consciente de onde estava para poder prosseguir sua jornada. Evidentemente o filme se apresenta limitado em relação a todos os acontecimentos, mas não deixa de ser um incentivo para as pessoas procurarem entender melhor a vida e seu significado e a responsabilidade de cada ser humano com as suas intenções, e não apenas com seus atos.

EU SÓ POSSO IMAGINAR

Bart Millard (J. Michael Finley), vocalista de uma banda cristã, nasceu numa família desestruturada. Considerava seu pai Arthur (Dennis Quaid) um monstro porque ele não entendia o amor que sentia pela música. A relação entre ambos é o núcleo emocional do filme “Eu só posso imaginar”. No enredo, a mãe foi embora por não aguentar mais os maus tratos. Uma infância sofrida que tornou Bart descontente com a vida. Nada acontece por acaso. Por que Bart nasceu naquela família? Muitas almas estão aflitas buscando nova oportunidade para uma existência no mundo material, sendo atraídas pela igual espécie e pelos fios do destino que cada ser humano tece para si mesmo.

Uma nova vida, uma nova oportunidade para a criança e seus pais. E de fato para o pai foi uma oportunidade de reconhecer seu modo errado de viver. Conhecer o significado da vida e suas leis, evoluir, beneficiar, enobrecer são tarefas dos seres humanos que com displicência passam pela vida jogando fora o precioso tempo, e acabam saindo do corpo mais sobrecarregados do que quando chegaram para uma nova oportunidade. Bart teve uma visão espiritual do pai, que havia falecido, ao cantar Eu só posso imaginar (I can only imagine). “Procurai e Achareis o verdadeiro caminho para a Luz”.

SONO TORNATO (ESTOU DE VOLTA)

“Sono tornato” é uma comédia italiana caprichada, considerada politicamente incorreta e dramaticamente atual que mistura ficção com realidade. No filme, o ditador Benito Mussolini (Massimo Popolizio), idealizador e executor do fascismo na Itália antes e durante a Segunda Guerra Mundial, reaparece vivo numa praça em Roma, 80 anos após a sua morte e como se isso não tivesse de fato acontecido. Andrea Canaletti (Frank Matano), um cineasta fracassado, o encontra e achando que se trata de um comediante parecido fisicamente com “Il Duce”, o coloca numa entrevista na televisão, vista por milhões de pessoas que se encantam com as ideias apresentadas por ele de forma satírica.

Os teóricos da democracia se escandalizam com o surgimento dos populistas no poder. Mas o Mussolini do filme se torna popular com suas ideias rígidas, tirânicas e preconceituosas que se afastaram da essência dos seres humanos, pois neste planeta somos todos peregrinos em busca de evolução. No século 21, a população está abrindo os olhos e percebendo os abusos praticados pelas pessoas que se instalam no poder e tomam o governo para si e seus interesses.

Deixando de lado as ideologias e os conceitos do abuso do poder pela força como forma de governo, o personagem que se diz ser Mussolini vai analisando a situação da Itália e da Europa, principalmente a da educação e o momento difícil em que se encontram as novas gerações sem trabalho remunerado, e se escandaliza com as desordenadas correntes imigratórias e, enfim, com o caos econômico e social.

O grande drama da humanidade é que não se esforçou para encontrar as normas adequadas para a convivência entre as pessoas, prevalecendo a ideia de que o enriquecimento de uns deve ser feito à custa das perdas de outros, fato que já deu origem a muita miséria e guerras sangrentas.

VANAJA

Numa cidade localizada no sul rural da Índia, a adolescente Vanaja (Mamatha Bhukya), de 15 anos de idade, filha de um pescador com dificuldades financeiras, vai trabalhar para a senhoria local Rama Devi (Urmila Dammannagari) com a esperança de aprender a dança Kuchipudi. Ali ela conhece o filho da dona da casa que retornou dos Estados Unidos, que a envolve numa atração sexual e acaba abusando da menina que entra numa gravidez indesejada, lançando-a numa batalha de Casta e Alma.

O filme é bem feito, mas triste, retratando uma cultura estagnada. Para qualquer região do planeta que olharmos veremos a grande estreiteza dos seres humanos, com mais ou menos miséria. Segundo Rajnesh Domalpalli, diretor do filme, os jovens na Índia estão recebendo uma educação muito melhor agora. A imprensa também está ficando mais forte e a economia está melhorando. Portanto, ele está muito esperançoso com o futuro.

Por meio de Vanaja, a ideia do diretor era transmitir a mensagem de que a arte ajuda o espírito humano a transcender o sofrimento e de mostrar a cultura indiana que é interessante. As danças no filme são no estilo Kuchipudi, ao som da música clássica denominada Carnatic Music, ambas do sul da Índia. O filme se passa em dois estados do sul: Andhra Pradesh e Telangana.

No início do filme, ouvem-se contadores de histórias rurais que cantam e relatam um pequeno episódio do antigo épico Mahabharata, no estilo chamado Burra Katha, que também é apresentado em partes do sul da Índia. O filme conta ainda com música folk que se ouve ao fundo e gravada na zona rural de Telangana. Saiba mais na entrevista com Mamatha Bhukya (que interpretou Vanaja) no YouTube: https://youtu.be/Xcg174lywN0

O fato é que a espécie humana está falhando, não está guiando os jovens como deveria na direção do aprimoramento da humanidade. Falta alma. Os seres humanos vão desfilando de forma artificial, desconhecendo o real significado da vida, e quase todos criam o caos em sua volta. O que querem os pais? O que os motivou a gerar filhos? O que querem os filhos? O mundo está em transformação; esperemos que venham melhoras na compreensão da vida e na consideração entre os seres humanos.

O SUBSTITUTO

A espécie humana está fracassando, não está guiando os jovens como deveria na direção do aprimoramento da humanidade. No filme “O substituto” Adrien Brody é Henry, o neto que sofreu algum trauma de família na infância, mas também é o professor substituto que bem entende a aflição de seus alunos revoltados com a vida, sem propósitos enobrecedores e sem consideração para com o próximo. Alcançar a compreensão das complicações do mundo em que vivemos era o que ele tentava fazer com os jovens.

Os seres humanos ganharam um corpo e receberam o planeta para usufruto e progresso espiritual. Mas o que fizeram com esse corpo que deveria ser respeitado e bem cuidado? O que fizeram com o planeta, deixando-o como se fosse uma estrebaria emporcalhada. Não souberam aproveitar o tempo que lhes foi concedido na escola da vida. O mundo ficou com tristeza ao ver esses seres humanos tão distantes daquilo que deveriam ser.

Na escola, professores e alunos vão desfilando de forma artificial desconhecendo o real significado da vida, e quase todos criam o caos em sua vida. Onde estão os pais? O que os motivou a gerar filhos? O que querem os filhos?

Decepcionado ao ver os seres humanos numa forma de viver vazia, sem alegria, e ao perceber a falta de força de vontade nos jovens, o professor substituto queria que eles se dedicassem à leitura, que estimulassem a própria imaginação, preservando a liberdade da própria mente e fortalecendo o querer interior para não agirem como robôs, sem coração.

A COSTUREIRA DOS SONHOS (SIR)

De forma diferente do estilo Hollywood, os filmes produzidos na Índia tendem a transcorrer suavemente com menos cenas de impacto. A protagonista Ratna (Tillotama Shome), do filme A costureira dos sonhos (Sir), representa uma mulher de coragem que teve a ousadia de sonhar com uma vida melhor. Nascida na vila, orientada desde cedo que nasceu para trabalhar para os outros para ter o que comer, sem direito a uma vida própria, a não ser obedecer às rígidas tradições do sistema de castas, umas sobre as outras. Ratna trabalhava em Mumbai como doméstica no apartamento de um engenheiro rico chamado Ashwin (Vivek Gomber). Ali, no apartamento, se passa a maior parte das cenas, o contraste entre uma pessoa instruída e de posses e outra dependente de seu trabalho para um viver no aperto, mas dotada do bem senso que a vida lhe ensinou.

Ashwin estranha que ela acredite em Deus e pergunta se ela não fica aborrecida e revoltada com as condições antinaturais em que vive, mas ela responde que nada pode fazer para mudar isso, pois desde criança tinha sido habituada a encarar essa situação naturalmente. Mas queria ser costureira estilista para ter uma condição melhor de vida do que as viúvas em geral que ficam presas à casa dos sogros.

Ratna percebe claramente como é difícil a união entre um homem e uma mulher quando são flagrantes as diferenças culturais e econômicas, como se vivessem em mundos diferentes, mas não se pode negar o encanto do relacionamento entre os jovens. Com força de vontade, Ratna vai ao encontro de um caminho de esperança para sua vida sofrida. Ashwin também conseguirá se desligar da decepção causada por sua noiva. O filme dirigido por Rohena Gera apresenta uma conscientização da questão da sociedade dividida por castas vista pelas novas gerações e, ao mesmo tempo, uma possível acomodação.

UM PORTO SEGURO

Baseado em livro de Nicholas Sparks, “Um porto seguro” é interessante para quem reconhece a existência da alma. O filme conta a história de Katie (Julianne Hough), que foge de Kevin (David Lyons), um detetive obcecado, e procura abrigo numa pequena cidade onde vivem americanos simples que cultuam o 4 de julho com festas e trabalham seriamente pensando no bem do país, se divertem com pequenas coisas, pois onde moram a vida é calma e a natureza é bela e acolhedora.

Katie evita fazer amizades, procurando se distanciar das pessoas. Conhece Jo (Cobie Smulders), vizinha que vivia só, e as duas começam a dialogar sobre a vida. Jo diz que gostaria de partir, mas algo a impedia. Kevin descobre o paradeiro de Katie e de novo ela pensa em fugir, mas é tarde demais e as complicações acabam envolvendo os novos amigos dela. Depois de uma situação dramática, ela se livra de Kevin, o que lhe permite viver o romance com Alex (Josh Duhamel), viúvo, pai de dois filhos. Jo também se despede; ela estava presa ao passado e não conseguia seguir em frente preocupada com o futuro dos filhos.

TOLERÂNCIA ZERO

“Tolerância Zero”, com roteiro e direção de Wych Kaosayananda, pelo que se vê no início poderia ser um bom filme de suspense, mas vai decaindo sem dar força para a história, embora conte com Scott Adkins como atração, que interpretou o lutador de prisão Boyka. Mas Adkins tem uma participação medíocre como Steven. O roteiro se concentra na morte da cobiçada Angel que tinha sido namorada de Steven. O pai dela, Johnny (Dustin Nguyen) sedento de vingança sai pelos ambientes deteriorados de Bangkok à procura dos autores e dos motivos do assassinato.

Percebe-se que a miséria se espalha pelo mundo, sem que se notem propósitos enobrecedores da vida. Prostituição e drogas vão sendo consumidos descaradamente, oferecendo falsos modelos de vida para as novas gerações. E na busca por culpados, o pai de Angel vai adentrando e arrasando no submundo onde pessoas sem alma se matam por dinheiro para se entregarem à sexualidade embrutecida. Depois de matar muita gente má, ele acaba descobrindo a verdade. Cada um recebe o que merece; é a lei da vida, mas Johnny deixou os parceiros de Angel sossegados, embora fossem seres humanos drogados e irresponsáveis que espalham o mal. Mais adequado seria chamá-los de seres humanos imprestáveis que perderam a condição humana.

MERA COINCIDÊNCIA

No filme Mera Coincidência, de 1997, o presidente dos Estados Unidos, a poucos dias da eleição, vê-se envolvido num escândalo sexual e, diante deste quadro, não tem muitas chances de ser reeleito. Assim, um dos seus assessores (Robert De Niro) entra em contato com um produtor de Hollywood (Dustin Hoffman) para que este “invente” uma guerra na Albânia, simulando que o presidente poderia ajudar a resolver, e usando esse factoide para desviar a atenção pública.

Mas, no mundo real, não é isso mesmo que fazem os marqueteiros políticos? Inventam histórias que são repetidas várias vezes até penetrarem nos cérebros dos incautos que passam a acreditar em todas aquelas fantasias bem contadas com forte apelo emocional.

Utilizam elementos da realidade que contribuem para confundir os eleitores que acabam não sabendo mais distinguir a verdade da mentira, passando a adorar seus candidatos e a odiar os adversários, culpando-os por tudo que deu errado em suas vidas. E tudo que acontece parece armação para enganar e esconder os reais objetivos. O filme é uma comédia sobre a manipulação das mentes. Atualmente, além das mídias usuais, há também as mídias sociais para ajudar a fazer barulho e a iludir os inocentes.