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O FUTURO E OS EMPREGOS

Por que estamos diante de democracia desarranjada no Brasil e em outros lugares? No Brasil houve muitos abusos; o drama não está na democracia, no capitalismo, ou na igreja, mas no ser humano e no seu modo de ser que progressivamente se afastou das boas influências da alma, tendo como leme apenas o corpo e as vísceras. E o que se poderia esperar disso? Um mundo hostil e perigoso, que não sabe para onde vai, uma Babilônia onde ninguém se entende.

A sina do Brasil, desde tempos dos ciclos do ouro, açúcar, café, tem sido o menosprezo com a renda da população obreira. A riqueza não recirculava, indo, em grande parte, para o exterior. Assim, o mercado interno não evoluiu, nem a indústria, nem a educação. Hoje continuamos com dificuldades. Poucos produtos ostentam o “made in Brasil”; há desemprego, baixo consumo, escola deficiente, desânimo. Ocorreram, por séculos, e na República também, por políticas econômicas inadequadas, déficits e endividamento. Faltava vontade forte da classe política de se dedicar seriamente ao país. Que não ajude se assim o ditar a sua falta de patriotismo, mas que também não atrapalhe. Quem sabe poderemos sair da lama.

Nos descaminhos trilhados pela humanidade, coisas ruins aconteceram. Falsos líderes deixaram que faltasse comida e que a insatisfação aumentasse para dirigir o futuro. Mas o futuro não é arbitrário, sempre traz a colheita do que foi semeado no passado. A humanidade inteira entra numa fase de colheita acelerada. Quem tiver lançado boas sementes não tem o que temer, isso é decorrente das leis da natureza, tão mal estudadas por homens que se julgavam aptos a estabelecer as próprias leis para o mundo – caro engano que logo se evidenciará.

É preciso que a população e as autoridades queiram formar gerações fortes, com discernimento, aptas a conduzir a própria vida. Viver, aprender e fazer bem feito exige paciência e perseverança, atributos que os seres humanos estão deixando escapar. A escola e a família têm a responsabilidade de gerar e formar seres humanos fortes, de qualidade, que respeitem as leis da natureza. A atividade sexual faz parte da natureza, mas foi reprimida por séculos até explodir no extremo oposto da libertinagem e irresponsabilidade. É necessário eliminar a gravidez precoce de adolescentes ainda não prontas. Evidentemente as crianças terão de aprender, de forma adequada, como é a reprodução, mas também a responsabilidade de gerar filhos. Mas o que está por aí é o descalabro moral.

Mitigar a intervenção do Estado na economia é importante, assim como despertar a economia brasileira adormecida em berço importado. Estamos adentrando numa fase complexa da civilização com o propalado fim dos empregos e apagão mental pela pouca disposição de viver e aprender continuadamente. Os avanços tecnológicos e a indústria 4.0 têm de ser acompanhados por evoluções na qualidade humana. Não podemos decair aos tempos da Revolução Industrial em que as pessoas trabalhavam 14 horas por dia para ter pão.

O Brasil reduziu a produção e a educação, e aumentou a dívida. Em lojas de qualquer ramo há poucos produtos fabricados no Brasil. Isso significa que as engrenagens da produção e circulação da renda ficaram emperradas. Sem produção não se vai a lugar nenhum e tudo o mais é supérfluo. Países que prosperaram tiveram a produção de bens como base, mas como conseguiram isso: com mercado interno, câmbio, impostos, concorrência com importados, que são os fatores que requerem ajustamento coordenado.

Em 1996, o escritor norte-americano Jeremy Rifkin já anunciava que as inovações tecnológicas modificariam profundamente a civilização no século 21. E, de fato, o processo está em andamento, mas algo que ele não mencionou foi o apagão mental. Grande parte da população é pouco letrada e possui dificuldade para ler e escrever. O homem se tem afastado do seu eu interior, a garantia do bom senso, mas permitiu que seu cérebro passasse a agir sem acolher as boas influências provenientes da alma, passando a praticar atos inesperados. Rifkin deixou em aberto a grande questão da humanidade alertando que o fim dos empregos pode constituir o colapso da civilização como a conhecemos, ou assinalar os primórdios de uma grande transformação social e um renascimento do espírito humano.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

COMBATE À DECADÊNCIA

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Muito se fala em civilização e valores e nas conquistas realizadas, mas o que se vê é a continuada decadência da humanidade. As novas gerações foram conduzidas para uma nova forma de pensar com pouca esperança e pouca responsabilidade. Não há mais preocupação com a construção de melhor futuro nem com a compreensão do significado da vida. Precisamos saber por que estamos perdendo a capacidade de construir de forma beneficiadora.

Está faltando um grande estudo que aponte as causas reais e soluções para a regressão da humanidade em suas cidades decadentes e violentas. O grande recuo prossegue. Aprimoramento e a melhora das condições gerais vão sendo postergados devido a interesses imediatistas. Despreparo da população, ignorância, doenças e desnutrição formam o cenário em áreas comprometidas. Escassez de água potável, destruição de florestas e do solo, aquecimento global, desorganizaram a sustentabilidade antes que tivéssemos compreendido o significado da vida. Qual será o destino do planeta Terra?

Foram séculos de irresponsabilidade e descaso. A desesperança e a descrença no destino da humanidade crescem. Agora os frutos amargos estão sobre a mesa. O pavio está queimando faz tempo; é preciso cortá-lo antes que a bomba exploda e percamos o status de espécie especial na gestão do planeta e sua sustentabilidade.

A decadência moral e cultural se torna cada dia mais evidente. O espírito, a essência viva, não produziu os frutos que eram esperados. O aumento e a multiplicidade das tragédias já não espantam mais. Em vez de evoluir, permanecemos estagnados num nível muito abaixo de onde deveríamos estar, espalhando sofrimentos e miséria.

É desalentador o despreparo dos jovens. Educar é preparar para o trabalho e para a vida. Ler, escrever, perceber a magia dos números, constitui o básico. O ser humano precisa saber por que nasceu no planeta Terra, uma estrela que gravita num sistema, dotado de especiais condições com rios, mares, solo, ar, florestas; isso é fundamental para a formação de pessoas responsáveis que compreendam a vida, e cujos cérebros funcionem em conjunto com as almas, possibilitando trabalhar com mais eficiência. O que se poderia fazer para combater o ciclo de decadência na formação das novas gerações?

O rumo foi perdido porque não há esforço para entender a vida. Nascimento e morte, marcos fundamentais, são pouco compreendidos. Não há consciência da responsabilidade que envolve os pais e os filhos. As ásperas condições gerais no planeta decorrem do atraso espiritual da humanidade que deveria ter se esforçado na procura da Luz como prioridade. A globalização agravou o problema que já vinha desde a exploração colonialista e que colocou economias de diferentes estágios em confronto direto. Cada país deveria ter buscado internamente soluções equilibradas para que a sua população não tivesse que migrar para outros locais por falta de condições adequadas para a sobrevivência condigna. Michel Chassier, novo presidente da Frente Nacional na região Centre-Val de Loire (França) destacou: “Há concorrência desleal entre os países, o que desvaloriza os salários. Então é preciso encontrar o equilíbrio de aproveitar a integração comercial sem que ela represente um risco social”.

Com o aumento da incerteza econômica e social, crescem os movimentos de massa. Falta fazer uma pausa para refletir sobre a situação com objetividade e sinceridade na busca de soluções viáveis. Estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstram que há 201 milhões de desempregados no mundo, mas é bem maior a quantidade de pessoas em condição de pobreza extrema e sem ocupação.

Especialistas apontam o baixo crescimento da economia como a causa principal, mas não haveria outras formas de oferecer trabalho e renda? Há desequilíbrios que precisam ser encarados, para que possamos reconhecer que existem meios mais salutares para a utilização da mão de obra. No entanto, dada a estruturação da produção, há muitos interesses para que se mantenha a situação do jeito que está. No longo prazo, teremos consequências desagradáveis, embaraçando ainda mais a evolução dos seres humanos.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

EFEITOS DOS DESEQUILÍBRIOS GLOBAIS

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Como explicar a demora em sair do voo de galinha e dar uma arrancada na economia carente? Em países como o Brasil não há poupança, a baixa renda média é direcionada para o consumo. O investimento é pífio, pois não há interesse maior e o dinheiro excedente, assim como os capitais flutuantes, após o desfrute do diferencial da taxa de juro interno e externo, acaba sendo remetido para o exterior em vez de permanecer no ciclo produtivo. É a nova sangria que pereniza a crise. A liquidez global criou duas esferas, a da economia real que deveria ser a fundamental e a das finanças, que se move em vida independente, distante dos problemas e fins da própria humanidade.

Catástrofes da natureza e econômicas afligem a humanidade. São sinais pouco observados. Com a aceleração geral, o ser humano está perdendo a capacidade de refletir e analisar por si a vida e os acontecimentos que o rodeiam. No início do século passado houve um movimento para fortalecer o Estado como meio de suprir os déficits de capital e promover o desenvolvimento. No andar da carruagem, a classe política se foi aboletando na força do poder político, mas paulatinamente o Estado foi perdendo o poder econômico. Estrategicamente as alterações legais iam se infiltrando por convencimento ou imposição, reduzindo o poder do Estado.

Quem deveria ser forte é a população bem preparada para a vida, pois assim os indivíduos seriam autônomos, sabendo que em primeira linha dependem de si mesmos, de seus esforços, e não de um Estado paternalista que amolece a fibra individual. Essa é a fórmula para o Estado poder deixar de tutelar os cidadãos, e estes, por sua vez, estarão atentos para coibir abusos, seja dos gestores do governo ou das empresas.

Ao completar sessenta anos da comunidade europeia, a tradicional Europa deveria com sabedoria estar na frente, mas se tornou um centro de propagação de cobiças e enfrenta as fissuras das escolhas dos indivíduos. A humanidade se encontra longe de onde deveria estar. Algo muito complicado se formou nesses anos de globalização e simultânea fragilização do Estado e dos cidadãos. O sistema foi sendo gerado de improvisos, sem olhar para o futuro visando os interesses imediatistas. A disparidade de custos de produção entre Kuala Lampur, Malásia e Estados Unidos acaba gerando uma situação inusitada de precarização que não era alvo da ciência econômica. As regiões atrasadas que deveriam ter evoluído há mais tempo, agora provocam uma confusão salarial geral atraindo a precarização imposta por diferentes estruturas de remuneração da mão de obra. Dessa forma, em breve o caos será generalizado, e tudo que a humanidade esperava construir de qualidade de vida poderá cair por terra.

O alvo da civilização deveria ser a busca da continuada melhora das condições gerais de vida, como ideal a ser perseguido pela humanidade, desde o bom preparo das novas gerações, até aos cuidados com a preservação da sustentabilidade ambiental. Nisso todos deveriam estar cooperando: governo, empresas, universidades e população em geral.

O mundo se acha diante de ótima oportunidade para refletir sobre a situação da humanidade. O poder econômico na mão do Estado acaba solapando a liberdade, a responsabilidade e o discernimento próprio. Os homens do governo acabam se colocando como os donos da verdade e fazem o que querem para segurar o poder, se tornando, por fim, tiranos. Os homens das empresas também se sentem atraídos pelo poder agindo de forma a manter a população subordinada enquanto decidem de acordo com o que acham que seja o melhor.

Como equilibrar esse embate e promover o progresso com liberdade e responsabilidade, pois com o aumento da população acaba surgindo mais desigualdade? As novas gerações precisam querer ardentemente alcançar a melhora geral, e diante da concorrência global, que as empresas tenham condição de produzir, criar empregos e distribuir renda. Diante das limitações adversas impostas pelos interesses econômicos globais, falta ao Estado vontade e empenho para criar as condições para solucionar as questões básicas que atravancam o dinamismo da economia e a melhora geral, mantendo a humanidade estagnada.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”; “2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” e “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7