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O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO BRASIL E NO MUNDO?

Há uma grande confusão. Muitos líderes querem aparecer, mas não se entendem. Ao se sentirem ameaçados em seus interesses, os tiranos manifestam sua maldade e sua forma desleal de agir. Como explica o estrategista Pedro Baños: “motiva-se a população através das emoções produzindo uma montagem teatral que derruba as defesas mentais, formando, através de uma história ambígua que mistura realidade e ficção, um cenário que promova a aglutinação e união da massa para que seja conduzida ao ódio mais exacerbado que mobilizarão contra os oponentes, visando prejudicá-los e obter vantagens significativas através desse tipo de ações apoiadas pela guerra psicológica e a manipulação midiática”.

Na renhida luta surgiu “o cada um por si” que não seria ruim se cada um agisse com a moral espiritualista ensinada por Jesus: “Ama ao próximo como a ti mesmo”, ou seja, trate-o como a si mesmo, não faça nada contra ele para satisfazer a própria cobiça. O Criador dispôs tudo para que o ser humano em sua peregrinação se tornasse de fato ser humano, mas há muita pressão contra isso para rebaixá-lo e arrastá-lo para a lama.

A invasão do coronavírus evidenciou as fragilidades do Brasil, para as quais pouco se tem olhado; entra governo e sai governo e não há um plano de trabalho sério e continuado, a não ser a busca de vantagens pessoais. Fala-se que a caixinha sobre as compras chegou a até 30%. Temos muitos problemas: de saúde, econômicos e de sobrevivência. Como assegurar o consumo do essencial para a vida, a produção e a renda necessária e o bom preparo das novas gerações?

Há muitas polêmicas inúteis, uma briga de pedradas com palavras e infâmias. O momento exige sabedoria e sinceridade, pois os problemas são enormes. Há que se entender a realidade, o que está se passando, e buscar os meios para minorar os sofrimentos, mas os seres humanos, amarrados ao poder, só olham para seus interesses. A crise está mexendo com a saúde, a economia e a esperança. Há dias difíceis com noites escuras, com muitos problemas para resolver e soluções que não surgem. É preciso serenidade, não se pode apressar a chegada do dia. Ele vem chegando devagar e firme, aos poucos o sol vai subindo, subindo, até o novo dia ficar claro e, onde ainda há pássaros, eles começam a cantar alegrando e encorajando para um novo dia de aprendizado e vivências. Começar e encerrar o dia com gratidão é a espontânea oração que brota no coração.

No pós-guerra o mundo foi sendo varrido por uma onda de uniformização e desmantelamento cultural tendente a eliminar a diversidade indispensável ao progresso da humanidade. O mundo capitalista vive em função do dinheiro e seu poder. Os comunistas perceberam isso. A China tinha que cuidar da sua população sofrida devido ao comunismo de Mao Tse Tung. Tendo os líderes chineses percebido o poder do dinheiro, optaram por produzir com custos baixos para exportar e, como consequência, o desequilíbrio da economia mundial se ampliou.

As desavenças entre os povos resultam dos desequilíbrios. A paz requer equilíbrio geral, mas os conflitos se ampliaram com a geopolítica posta em prática pelas potências com o seu desejo de aproveitar em seu benefício os recursos existentes em territórios pertencentes a outras nações. Um país, para ter fibra, precisa ter a motivação certa e natural, ou seja, o alvo do aprimoramento da espécie humana, que vem decaindo espiritual e moralmente, e manter o equilíbrio geral. Ou o comandante é forte e demonstra autoridade dando ordens claras aos seus disciplinados oficiais para engrandecer o país, ou age com absoluta tirania, impondo os resultados que quer alcançar, mas nesse caso os seres humanos acabarão agindo como máquinas sem vontade própria.

Cada povo tem de se adaptar ao solo e se aprimorar. Se cada nação cuidar bem de seu território com propósitos enobrecedores, com liberdade e responsabilidade, com solidariedade, respeito à natureza e aos demais povos, dando às novas gerações bom preparo para a vida, todo o planeta estará bem cuidado e imune à decadência moral e espiritual e certamente haverá progresso real.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

PROJETO NACIONAL

No pós-guerra, o mundo foi sendo varrido por uma onda de uniformização e desmantelamento cultural tendente a eliminar a diversidade indispensável ao progresso da humanidade. Cada povo e cada raça tem de se adaptar ao solo e se aprimorar. Se cada povo cuidar bem de seu território com propósitos enobrecedores, com liberdade e responsabilidade, com solidariedade, respeito à natureza e aos demais povos, e dar bom preparo às novas gerações para a vida, todo o planeta estará bem cuidado e imune à decadência moral e espiritual.

Veja abaixo artigo de Eduardo Villas Bôas*, publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 10 de julho de 2020:

 

Carecemos de um Projeto Nacional

A elaboração de um projeto de nação nos traz uma oportunidade para buscarmos sinergia entre todos que integram a sociedade. Somos um país com mais de 200 milhões de habitantes, cuja população contém em si própria riquezas geradas desde 1500, decorrentes da miscigenação em que as três raças se mesclaram, cada uma delas aportando características ímpares. A criatividade, a alegria de viver, a tolerância, a adaptabilidade, a resiliência, a religiosidade, o sentido de família, o patriotismo, enfim, esses e outros atributos são como uma vasta produção de frutos, à espera de serem colhidos e colocados na grande cesta da nacionalidade brasileira.

Esse enorme cartel de singularidades vive sobre uma base física que metaforicamente constitui uma arca plena de riquezas, sobre as quais estamos sentados, desconhecendo o conteúdo e tampouco sabendo como abri-la. O que nos falta para que se produza uma mobilização da vontade e das capacidades no sentido de soberanamente os utilizemos atendendo prioritariamente às necessidades do nosso povo? Infelizmente, nossa sociedade se deixou impregnar por esquemas mentais que nos são estranhos, depois de 50 anos em que, a despeito das precariedades, trazíamos conosco um senso de grandeza, aliado a uma ideologia de desenvolvimento e a um sentido de progresso.

Infelizmente, a partir de então – anos oitenta – não atentamos a que nós estávamos deixando fracionar, inicialmente por interesses alheios travestidos de ideologias e, quando elas fracassaram, permitimos que esquemas mentais alheios a nossa natureza viessem a nos dividir ainda mais, a ponto de o ser humano não mais fosse valorizado como tal, passando a que sua essência, para ser reconhecida, dependesse da militância em prol de um desses grupos onde se abrigam.

Caímos num fosso, em cujo interior andamos em círculo, progressivamente nos afundando sem dispor de ferramentas que nos tornem possível dele sair, de maneira a que recuperemos a capacidade de vislumbrar o horizonte e nele identificar indicações dos rumos a seguir com vistas no futuro. Em outras palavras, carecemos de um projeto nacional que nos possibilite ter um olhar em direção ao interesse comum, capaz de nos livrar da prevalência do individualismo, do imediatismo e dos interesses grupais ou corporativos.

A elaboração de um projeto de nação nos traz uma oportunidade para buscarmos sinergia entre todos que integram a sociedade brasileira e, colocando o interesse coletivo como referência, encontrarmos os caminhos que conduzam à paz e à prosperidade. É o que esperam de nós as gerações futuras, os países que nos são vizinhos e os que desejam compartilhar um futuro comum. Somos, talvez, o único país com capacidade de inaugurar um novo caminho de desenvolvimento, a partir das qualidades de nossa gente, assinaladas no início dessas palavras. É hora de arregaçarmos as mangas e, cada um, considerando as capacidades e disponibilidades, participar desse grande mutirão.

*Eduardo Villas Bôas é General da Reserva do Exército Brasileiro. Foi o Comandante do Exército Brasileiro de 5 de fevereiro de 2015 até 11 de janeiro de 2019.

BRASIL SOB ATAQUE

As dificuldades vão perdurar além do que se poderia esperar enquanto, na calada da noite, se fazem tramas políticas contra o Brasil e sua população. A situação mundial é de extrema gravidade, os desequilíbrios se espalharam por todas as áreas: economia, política, trabalho, meio ambiente, saúde, educação e, consequentemente, virão outras crises que serão cada vez mais frequentes.

Como enfrentar a maior crise econômica que se aproxima especificamente do país? Cai a produção. Restaurantes, comércio e shopping centers fechados. Serviços básicos fechados. Eventos cancelados. Hotéis vazios. Não há circulação de dinheiro. Como pagar as contas se não há receitas? O que vai acontecer? Será a falência generalizada? Como prefeitos e governadores enfrentarão os encargos? O governo federal está no limite do endividamento? O que será do Brasil e sua população?

A cobiça pelo poder impede que haja união para solucionar a crise. Pessoas sem patriotismo fazem tudo pelo poder. Esta época requer que sejamos poupadores e façamos reservas para enfrentar o desconhecido. Estamos no limite extremo, empresas e pessoas têm de se adaptar. Temos de restringir os gastos lembrando que todos estão enfrentando as mesmas dificuldades da economia paralisada.

O Brasil tinha adentrado em fase de transição, pois corria o risco de perder o status de nação independente. Temos de zelar pelo país para que seus recursos naturais sejam utilizados para o progresso e bem geral. Apesar de tudo, ainda resta uma esperança percorrendo o país, mas a sociedade brasileira tem de se movimentar. Nós todos, sob a Luz da Verdade, como forma de gratidão ao Todo-Poderoso Criador, temos de zelar pela maravilhosa pátria que nos foi concedida na Terra.

Fala-se que diante de tantos problemas a humanidade se encontra num beco sem saída. Mas sempre há uma saída, muitas vezes não percebida por não ser procurada. Nada surge pronto. Tudo tem o começo pequeno, o crescimento, as correções e o resultado final, que sempre poderá receber alguma melhora.

Muitas vezes o bom resultado depende de como olhamos para o problema e com qual atitude: com vontade forte de resolver, ou com insatisfação e desânimo. Lutar, buscar, encontrar. A intuição surge como uma imagem ou mais de uma, que formam a sequência do caminho para a solução que estamos procurando. Vamos espalhar sabedoria, tornando-a acessível a todos que a procuram; isso é muito gratificante e salutar; é o dar para receber.

O livre mercado tem mantido o seu olhar voltado para o lucro máximo. O capitalismo de Estado se utiliza de fatores especiais de competitividade na produção e exportação que promoveram a desindustrialização em várias regiões. É sempre a cobiça dos homens que não querem assumir sua responsabilidade perante a vida e a utilização dos recursos concedidos pela natureza. Ian Bremmer, consultor sobre riscos globais, apontou o fim do livre mercado, incapaz de competir com o Capitalismo de Estado e, consequentemente, o fim das liberdades individuais e avanço da precarização geral.

Há muita insatisfação e discórdias, mas para aqueles que vivem nesta região maravilhosa, a prioridade tem que ser o Brasil, até hoje sugado pelo grupo que se refestela no poder desde 1889, sem ter contribuído para o engrandecimento e felicidade do povo, e que, por incompetência, arcaram com juros de cerca de R$ 400 bilhões por ano, deixando dívidas e ignorância.

Há pressão forte para que as pessoas mantenham o olhar para baixo, para coisas mesquinhas. Com força de vontade, as pessoas poderão perceber o que está faltando para a humanidade alcançar a condição verdadeiramente humana, construindo e beneficiando tudo ao seu redor. Falta humildade, sobra arrogância. Podemos sentir as animosidades na pele. Os seres humanos se tornaram desconfiados e estranhos uns aos outros. Raramente notamos um gesto de cordialidade, uma palavra amistosa que era tão frequente em épocas passadas.

Temos pela frente um penoso período de embates, uma fase que vai exigir esforço e perseverança. Nada pode se realizar sem esforço e vigilância; é uma fase de depuração. Os brasileiros têm sido indolentes e displicentes. Até 2022 teremos um período turbulento com ataques e golpes baixos contra o Brasil. Se houver esforço e merecimento, pode ser que venhamos a ter um período mais ameno, mas tudo vai depender do merecimento e esforço de todos.

A GRANDE ESPERANÇA

O Brasil precisa de esperança, confiança e ação para recuperar o terreno perdido. Os acontecimentos atuais mostram os riscos de depender de uma única fonte de suprimento. Há muitos desequilíbrios para serem sanados, mas requerem força de vontade. Os seres humanos estão abdicando de suas capacitações de examinar, ponderar, refletir de forma intuitiva, o que permite a ampliação e dominação da manipulação agora facilitada pelos novos recursos tecnológicos.

Os homens públicos têm que ser chamados para assumirem suas responsabilidades neste momento crítico mundial, com elevado nível de população despreparada. Sem circulação, a economia não anda; sem produção, a circulação se reduz. O livre mercado não tem como competir com os custos asiáticos. O Estado deve contribuir para que haja oportunidades de progresso para todos. Os artífices queriam um Estado que tivesse arrecadação e pudesse contrair empréstimos. Aí vieram os burocratas e melou tudo. O dinheiro nunca é suficiente, as dívidas crescem e tudo o mais fica por fazer.

Erigiu-se toda uma estruturação para surgir o Estado Laico e Republicano, sem a figura do rei absoluto. No Brasil, isso foi feito por um grupo despreparado em represália a D. Pedro II por este ter eliminado o trabalho escravo e que acabou entregando sua autonomia a banqueiros ingleses. Mas a população deveria ser bem preparada e o Estado não deveria ser o tutor de todos, tributando a tudo e a todos, e fazendo negociatas.

Cada povo, em seu solo e tradições, todos seguindo as leis naturais da Criação. Mas a cobiça dominou e o resto da história mostra Estados endividados, falidos, população despreparada, famílias desestruturada, cidades caóticas. O que os governantes fizeram com o dinheiro? O Estado nacional contemporâneo tem como princípio realizar a soberania política e militar dentro de um determinado território delimitado por fronteiras para proteger seus recursos naturais. As nações que se anteciparam no desenvolvimento industrial buscam suprir suas necessidades de matérias-primas e consumidores, e por isso derrubam ou chutam a escada do desenvolvimento para os demais, como explica o economista sul coreano Ha-Joon Chang no livro Chutando a Escada.

O dinheiro precisa circular para movimentar a economia. A dívida pública subiu de forma vertiginosa. O país deixou que fábricas fechassem e, consequentemente, contribuiu para a perda de empregos. O governo tem déficit e dívida alta, o mesmo ocorre com grande parte da população cuja renda caiu. Fica o dilema: como dar impulso à economia, enquanto a miséria continua aumentando? A casa estava recebendo uma limpeza de desperdícios a começar na cobertura, transferindo o dinheiro economizado para ativar a economia, mas com a invasão do covid-19 a ordem planetária foi manter todo mundo dentro das moradias, grandes ou pequenas.

A saúde é a grande riqueza; sem ela tudo o mais perde o seu valor para o ser humano que depende de seu corpo sadio para cumprir sua tarefa na Terra. O corpo é de uma perfeição espetacular; as condições de hospitalidade do planeta, também. Mas o ser humano não se esforçou para entender a naturalidade e causou danos a si e à natureza.

O mundo se defronta com a grande turbulência. Com mais de sete bilhões de pessoas e inúmeras decisões imediatistas, a situação está beirando ao caos. Veladamente, anuncia-se o fim da possibilidade de dar solução condigna aos problemas criados pelo ser humano. Há risco de que água potável e alimentos não sejam suficientes.

As casas onde se criam as leis dos homens estão desatentas. Há décadas o poder mundial, está concentrado nas finanças. Precisamos de homens sábios e responsáveis no comando, e de seres humanos que se movimentem buscando o bem, sem se deixar dominar pela indolência.

O Brasil adentrou na fase de transição pois corria o risco de perder o status de nação independente. Agora é importante zelar pelo país para que seus recursos naturais sejam utilizados para o progresso e bem geral. Circula uma grande esperança de norte a sul, mas a sociedade tem de se movimentar. O país tem sido menosprezado, pois muito dinheiro foi carreado para o exterior, apesar das nossas grandes necessidades. Nós todos, sob a Luz da Verdade, como forma de gratidão ao Todo-Poderoso Criador, temos de zelar pela maravilhosa Pátria que nos foi concedida na Terra.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

SERÁ O FIM OU O RECOMEÇO DO BRASIL?

O que temos ensinado aos jovens que ingressam nas faculdades de economia? A questão não está no sistema, mas em quem o criou, ou seja, os próprios seres humanos que esqueceram a espiritualidade e seguiram na sintonização puramente materialista e deu nisso, a precarização geral da vida. No afã de minimizar os custos e manter os ganhos, as indústrias foram para a Ásia, mas dessa forma foram subtraídos empregos e renda. Em seu imediatismo, o ser humano destrói as condições de subsistência e também sua morada temporária.

Os ares estão mais leves, a quarentena está mostrando quanta displicência há no modo de vida frenético de produzir coisas úteis e muitas bugigangas que servem para nada. Pessoas indo e vindo desordenadamente, todos no mesmo horário lotando trens, ônibus, avenidas. O olho gordo do ganho foi o biombo que escondeu toda a insensatez e que agora foi lançado por terra pela epidemia, convidando ao bom senso e à busca do sentido da vida.

Estamos sob a tempestade bem montada. Aviões estão no chão. Ações sobem puxadas pelos ventos, mas descem quando o vento diminui. Colocou-se muita dependência na oficina chinesa, mas quem poderia pensar que algum dia ela pudesse dar uma parada? Bancos Centrais cortam os juros. Aumentam a liquidez. Recompram papéis. Evitam o caos financeiro.

A epidemia global do covid-19 ocasionou uma parada geral. Os ativos se depreciam, o PIB permanece estagnado com possibilidade de queda. Faltam empregos. O coronavírus está impactando todas as atividades. O dinheiro deixa de circular, os negócios ficam paralisados, o que acontecerá com os empregos e o PIB?

O Brasil está em clima semelhante ao dos anos 1980, com a dívida externa e sua outra face inflacionária. Tudo andava devagar. Agora a dívida está em reais, mas é gigante, e de novo andamos em clima de país endividado necessitando de dinheiro, sem alternativas para agir. Não há máscaras nem equipamentos necessários para os profissionais da área de saúde; tardiamente se percebe a importância da indústria nacional.

Congressistas e governadores demandam dinheiro, mas a renda da população em geral e dos servidores públicos se precariza. Quem está disposto a investir em produção? Exclua a carga tributária, baixe os juros e mesmo assim o importado produzido em larga escala chega mais barato. Mas o produto importado demanda dólares que estão em fuga, agora com cotação mais real.

Vivemos numa época que não preza mais a verdade. Estamos na era da pós-verdade, dos ataques à moral. O bullying e a infâmia são as armas desleais utilizadas por inimigos e pessoas de baixo nível que querem desorientar e confundir. Cada um que examine a si mesmo e às reações que teve quando atacado injustamente com falsidades e mentiras. O ser humano não é uma barata. É preciso uma forte couraça para se safar desse tipo de ataque.

Numa relação sadia com seus cidadãos, o Estado não deveria se agigantar para manter a população acomodada, desfrutando das migalhas enquanto os tubarões ficam com o filé. Um povo forte, bem preparado, não precisa de Estado grande que interfira em tudo, mas que defenda os interesses econômicos, culturais e espirituais da nação.

Dizem que o país está dividido e isso é natural porque antes todos estavam iludidos com as migalhas. Apenas uma parte abriu os olhos e viu a realidade; outros permanecem no engano. Tudo contribui para a cegueira: a imprensa, as TVs, as fakenews, mas principalmente a indolência do ser humano que vê e não quer enxergar, não quer ativar as próprias capacitações para analisar e refletir.

Passamos a importar de tudo, pois era mais simples e barato. Isso começou em 1995. Em menos de 30 anos acabamos com a indústria e o país enfraqueceu. Exportamos madeira, importamos móveis. A globalização foi o grande engano. Com dólar mantido barato artificialmente, as indústrias não puderam resistir à concorrência do importado feito com mão de obra barata. O poder está na economia produtiva não na especulação, que trouxe o desemprego, queda na renda e a precarização geral aceita pelos governantes, inclusive nos EUA. A rota da decadência prossegue. O que fará a classe política? Será o fim do Brasil como pátria livre ou um recomeço?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

OS DONOS DO BRASIL

No livro Os Donos do Poder, partindo das origens portuguesas de nosso patronato político, Raimundo Faoro demonstra como o Brasil foi governado desde a colônia por uma comunidade burocrática que acabou por frustrar o desenvolvimento de uma nação independente sempre permitindo a preponderância de interesses externos favorecida por agentes públicos corruptos que só pensam nos interesses próprios. Sua análise abarca o longo período que vai da Revolução Portuguesa do século XIV até a Revolução de 1930 no Brasil.

Do Brasil colônia até a tomada do poder por Getúlio Vargas, perdurou a mesma estrutura político-social que resistiu a todas as transformações fundamentais e aos desafios mais profundos de um mundo em transformações aceleradas. No entanto, após o suicídio de Getúlio Vargas, um grupo foi se articulando e aos poucos reassumiu o controle do país e, com o auxílio das comunicações, foi dopando a população com demagogia e ilusões que acabaram engessando o país com atraso, dívidas e despreparo.

Para Faoro, a renovação só virá através dos “negativamente privilegiados em relação à minoria dominante”, afirmando que enquanto houver a reprodução do estamento burocrático, não surgirão condições para o desenvolvimento do capitalismo industrial. O que se espera é que esses “negativamente privilegiados” se conscientizem da dominação estamental e forcem uma evolução ampla da nação. Surgiu um grupo cujos membros pensam e agem com os mesmos objetivos, um círculo fechado para o exercício do poder e para desfrutar o butim, as riquezas, as benesses do poder, e que perdura até nossos dias e lutam com todos os meios para que nada atrapalhe seus planos de domínio do país.

Não surgiu uma Nação para o povo e, sim, para a perpetuação do poder daqueles que se posicionaram como donos do Brasil e de sua população. A alternativa se encontraria no livre desenvolvimento de um capitalismo industrial que ensejaria a criação de uma sociedade nacional conscientizada, apta a desenvolver “uma cultura genuína”. Mas com a política de valorização do real na base de juros elevados por período de quase trinta anos a indústria foi desaparecendo e com ela a experiência técnica. Os importados eram baratos, mas não havia mais empregos.

Hoje invoca-se tudo no exercício do poder, mas são criações humanas. Nem os profetas, nem Jesus Cristo criaram religiões. No geral, a humanidade permanece alheia ao significado da vida e suas leis. Mais do que ideologias teóricas e religiões, o pano de fundo dos gestores públicos e seres humanos deveria ser a busca do aprimoramento da espécie e a continuada melhora das condições gerais de vida.

Na China, a região de Shenzen, com mão de obra barata, seriedade na gestão, câmbio depreciado, produziu para o mercado externo e acumulou dólares. No Brasil, foi criada a zona franca de Manaus, que ajudou a proteger a região com um monte de incentivos, câmbio favorecido para importar com financiamento especial, mas virou corredor de importados e ainda precisou do xerife Romeu Tuma para coibir um brutal desvio de dólares.

A amizade verdadeira é um sentimento nobre que se preocupa com o futuro da pessoa amiga. Hoje as relações pessoais ou internacionais surgem na base de interesses mútuos, ou na expectativa de que uma pessoa possa ser útil para que outra possa alcançar os seus objetivos, com sedução ou corrupção. Como os interesses estão em constante mudança, as amizades também. Mas o extremo dessa situação é quando há o chamado “pato” envolvido na falsa amizade. Isso vai além da diplomacia, pois envolve bajulação e prestatividade que desaparecem uma vez alcançado o alvo, o benefício próprio.

A quem interessam as consequências econômicas negativas do coronavírus? O mundo continua precisando de comida. O Brasil pode e deve produzir, vender com preço justo e aplicar os resultados na melhora geral. Há união do povo no combate ao vírus, mas os políticos permanecem em sua campanha tenebrosa para conservar o poder. As pessoas têm um pressentimento de que a crise vai passar, mas ao término dela o aumento da pobreza estará bem nítido. O Brasil, fragilizado há décadas, estará mais frágil ainda diante das sombrias cobiças. Dos pobres, a globalização só retira, mas indica que é hora para aproveitar os talentos que cada país possui para produzir mais internamente. Coragem Brasil.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

POR UM BRASIL VIÁVEL

Por milhares de anos a espécie humana tem sido mal orientada, arrastada para a indolência e estagnação. A massa semiescravizada se deixou apequenar, sem se equipar para desenvolver os talentos, reagir aos desafios com clareza e bom senso, permanecendo estagnada quando deveria evoluir de forma contínua. Em que os homens acreditam? Em que deveriam acreditar? Estamos enfrentando inúmeros problemas decorrentes da construção imediatista sem observar as leis da natureza que a tudo abrangem. A displicência com os mananciais e os rios está mostrando as duras consequências na escassez da água potável.

O mundo materialista fundamentado no dinheiro que não se interessa pelos ideais enobrecedores começa a oscilar. Oscila a construção áspera do homem dominado pelo raciocínio frio e calculista que quebrou a antena para a eternidade. Perdem-se as expectativas de progresso real para todos. Surge o capitalismo de Estado que vai introduzindo sistemas manufatureiros e tecnológicos visando acumular riqueza, poder e controle, atento ao equilíbrio da balança comercial e geral para garantir o acúmulo de reservas internacionais. Importa apenas o essencial e matérias-primas, avançando pelo mundo com muita atenção nos concorrentes.

No mundo apressado, separado da consciência ancestral, a humanidade se fragmentou, perdeu a coesão ligada aos mandamentos naturais da mãe Terra. Adentramos na era da precarização geral que, no limite da insanidade mental coletiva, poderá resultar em incontidas explosões de rancor, o que leva a elite dominante a pensar que a solução estaria na implementação de um governo autoritário mundial.

Os idosos não se aprofundaram na compreensão do significado da vida e suas leis, e muitos deles vão perambulando pela vida com insatisfações e angústias, sem olhar para o sentido maior da existência, mas eles tinham educação e bom senso, o que está acabando. Os mais jovens não foram preparados adequadamente para a vida, mas geram filhos menos preparados ainda e provocam consequências ruins para o presente e o futuro.

A Austrália, inicialmente povoada por presos ingleses, acabou se tornando uma região mais disciplinada que o Brasil corrupto e atrasado. Os ingleses também estiveram merendando no Brasil, mas pouco deixaram e muito levaram. A América Latina, com sua população sub educada e subnutrida é o pasto de engorda dos astutos globalizados e dos corruptos. No Brasil, recaímos na dívida grande. Na guerra cambial especulativa, a reserva em dólares poderá se reduzir. Tudo isso poderá tornar o Brasil inviável, com dificuldades para se tornar um pais com autodeterminação e progresso real, de onde os cidadãos querem fugir.

A permissão para os governantes, especialmente de Dilma Roussef, para endividar o Brasil até o pescoço, desencadeou a continuidade do aumento da desigualdade até que a dívida possa alcançar novamente os percentuais exigidos pelo mercado financeiro. Entre as grandes ameaças para a humanidade estão a falta de preparo para a vida, que está sufocando os ideais enobrecedores, e a ampliação do entorpecimento geral da população pelas drogas, cuja comercialização e faturamento clandestinos mundiais não têm medida.

A taxa de juros direciona o dinheiro, mas depende da inflação. Muitas categorias profissionais estão recebendo reajustes insignificantes, mas os preços em geral estão sendo reajustados. É o aperto, a transferência dos encargos para a população, que, sem dinheiro, reduz o consumo e a inflação não se manifesta, dando espaço para a baixa dos juros, indispensável para a contenção da dívida crescente e euforia nas bolsas.

No geral, amplia-se o atraso e o desânimo da população. Diante dos acontecimentos percebe-se que a construção financeira mundial dá mostras de estresse. Elites dominantes pensam em nova ordem de mando, fundada em novo dinheiro mais controlador. A cada novo dia, enfrentamos as consequências das ações praticadas anteriormente, que lamentavelmente pouco de bom promoveram.

Os indicadores apontam para anos difíceis pela frente. O século passado foi a coroação da irresponsabilidade. No atual, não houve mudança, a aridez e aspereza permanecem. Nada a estranhar sobre o que vem por aí. Quando o mundo se libertará do dogmatismo, do misticismo e de governantes que impõem sua vontade tirânica? “Conhecereis a Luz da Verdade e ela vos libertará”, mas o homem foi condicionado a não utilizar suas capacitações espirituais e mentais para examinar e analisar tudo que lhe é impingido e o resultado é o crescente apagão mental que se observa em todos os níveis.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

UM ALENTO PARA A POPULAÇÃO

Na paradeira geral a questão é elementar. A economia capitalista se movimenta com a circulação do dinheiro. Salários, principalmente, auxílios governamentais e crédito movimentam as engrenagens, gerando consumo que incentiva a produção e cria empregos, mas quando se produz pouco mantendo o câmbio valorizado, os incentivos vão bater lá fora, naqueles que produzem para exportar. Tudo se movimenta, mas escoando divisas nas importações. Quando o incentivo cessa, tudo cai no marasmo porque a estrutura de produção foi sendo destruída a partir dos anos 1990. Nesta fase, com encalhe de manufaturados pelo mundo, a solução não é fácil, sendo mais simples apontar culpados para a baixa atividade e desemprego. Assim, muitos fazem demagogia e vão entregando as riquezas do país enquanto a miséria vai crescendo.

No mundo, houve uma redução no número de pessoas sem emprego, mas as condições de trabalho não melhoraram; algumas atividades, impulsionadas por novas tecnologias, ameaçam ampliar a precarização. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 3,3 bilhões de pessoas empregadas no mundo em 2018 estavam submetidas a intermináveis rotinas repetitivas sem níveis adequados de segurança econômica, bem-estar material ou oportunidades para avançar.

Quanto mais dinheiro se fabrica no mundo, mais ele se concentra. Em vez de investimentos benéficos, surgem bolhas na bolsa e em outros setores. O desemprego é apontado como a causa do aumento da desigualdade, mas quais são as causas? Agora surgem tentativas de recuperar o vigor do mercado interno, combalido pela queda na renda, baixando os juros. O mercado interno é importante por ser o espelho da economia, mas a população vai consumir o quê, se a produção é baixa, e para importar é necessário ter dólares?

Por que tantas pessoas ficaram submetidas à miséria? Agora estão cobrindo uns tirando o cobertor de outros, precarizando geral. Os países afundados na miséria, inclusive o Brasil, têm de análogo a baixa qualidade de seus gestores e o baixo nível de educação. Nigéria tem petróleo. Brasil tem muito mais, mas sua pobreza dói. Na briga pelo poder, semeia-se o caos e insatisfação, desorientam-se as massas para que permaneçam no comando os subservientes a interesses externos.

A desordem econômica é mundial, tendo sido gerada pela cobiça com ganhos de uns com as perdas de outros. A mão de obra barata foi um achado que todos quiseram desfrutar. Mas importar tudo pronto é suicídio econômico. Tardiamente, se percebe que sem produção não há geração e circulação de riqueza, tudo vai parando. O presidente Trump tenta reverter o quadro, e é criticado, mas não se indica o que deve ser feito para colocar a economia no equilíbrio natural.

O pânico se instalou na vizinha Argentina. O presidente Macri não conseguiu reverter o quadro de paradeira; a oposição se aproveita cutucando e influenciando os eleitores, e a crise se instala. Para tentar conter o dólar, o Banco Central da Argentina subiu os juros, de 63,7% para 74% ao ano. No Brasil, saímos da década perdida, mas enfrentamos tempos difíceis face ao desemprego e crise fiscal. Na economia como na vida não se pode viver de artifícios por mais engenhosos que possam ser.

O Banco Central nos informa que as reservas internacionais estão atualmente em torno de US$ 385 bilhões. Os ativos do Brasil em moeda estrangeira funcionam como uma espécie de garantia para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques externos, tais como crises cambiais e interrupções nos fluxos de capital para o país. Se essa reserva não estiver comprometida, uma pequena parte dela poderia ser utilizada em um amplo programa de obras úteis nesta fase intermediária da recuperação da economia, para reduzir o desemprego e dar um alento à população.

O Brasil sempre foi tido como país abençoado com povo amigo e respeitador, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos. Isso impõe alta dose de responsabilidade. Que seu povo e governantes atraiam a Luz do bem. Temos de deixar de ser país subdesenvolvido espiritual e materialmente. Temos de adquirir discernimento para seguir nosso destino. Para isso precisamos dar às novas gerações o adequado preparo para a vida, desde a primeira infância.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A IMPRESCINDÍVEL SERENIDADE

Após a Segunda Guerra Mundial, 44 países se reuniram em Breton Woods (EUA) para estabelecer a nova ordem econômico-financeira, visando a estabilidade monetária das nações. Consolidou-se, definitivamente, a preferência e o apego ao dinheiro, o fetiche e o ídolo cultuado pela humanidade, um simples papel pintado que, na verdade, representa a grande ilusão criada pelo materialismo, sendo aceita coercitivamente pelo seu poder de comprar as coisas, inclusive os seres humanos. A cobiça pelo dinheiro não tem limites; mas algum dia se evidenciará o seu pé de barro. Até lá, assistiremos a muitas desgraças.

As relações comerciais passaram a se efetivar de forma crescente em dólares, moeda da qual tudo passou a depender. Em geral, os países mal geridos, dependentes de commodities e suas instabilidades, buscavam financiamento externo para cobrir os continuados rombos. Quanto mais o Estado foi ampliando a sua interferência na vida econômica, mais dependente foi se tornando de tomar dinheiro no mercado, pois sua arrecadação era insuficiente para cobrir todos os encargos e desperdícios.

Isso veio a calhar porque o dinheiro sempre tende a aumentar, por novas emissões ou ganhos. Financiar os governos perdulários se mostrou como oportuna forma de absorver os excedentes. No entanto, com o avolumar da dívida, acrescida de juros, formou-se a bola de neve com suas ameaças ao sistema. Então surgiram as receitas de austeridade geral, por vezes sem bom senso, gerando crises e instabilidades.

O dinheiro continuou sendo emitido e crescendo. Hoje se prega juros baixos ou negativos. A capacidade de criar dinheiro envolve uma grande complexidade de variáveis e consequências que requerem mais aprofundamento para que favoreçam o progresso em vez de travá-lo. Nas últimas décadas, enquanto nos bastidores os personagens urdiam planos de partilha do butim, no palco da vida predominavam falsas aparências. Com a expansão dos abusos, rompeu-se a cortina pondo a descoberto as mazelas tramadas às escondidas, expondo-as para lavagem geral.

No cenário mundial, ocorre a luta entre os que querem se esconder ao abrigo das cortinas e os que desejam abri-las amplamente. A tendência é que caiam as cortinas encobridoras da verdade, mas o que se verá não será bonito, agravado por lutas para manter uma situação que não se sustenta mais. Os homens se digladiam para encobrir a verdade e se manterem no poder.

Com a abertura comercial, vários setores fabris perderam potência interrompendo o aprendizado tecnológico; hoje, além do atraso, deixamos de produzir vários itens, provocando declínio na produção de manufaturas. A importação depende do preço do dólar, que depende da taxa de juros, mas a dívida subiu muito. O Brasil não fabrica dólar e a economia estagnou. Perdemos terreno na indústria, exportamos tudo in natura, inclusive o precioso algodão, mas importamos tecidos e confecções. Com o real valorizado a juros elevados formamos grande montante de dívida, acrescida da indisciplina fiscal. Bons empregos foram exportados, a renda caiu. O desarranjo é global, mas de difícil solução face aos interesses egoísticos. Há de se examinar atentamente as causas e buscar a solução.

O Brasil está correndo o sério risco de fazer parte do grupo com atraso geral, sem rumo, sem autonomia. Precisamos de união em defesa do país e esforço para evitar a consumação do declínio. É preciso entender o que se passa nos bastidores internacionais. A guerra comercial aumenta a turbulência na economia. O crescimento da dívida já vinha de longe, mas não se dava muita atenção; de repente, se percebe o tamanho do buraco que trava tudo.

Os acontecimentos se sucedem velozmente atropelando tudo, isto é, um em cima de outro e de outro. As pessoas se vergam sob a pressão. Isso mexe com os nervos delas que, inquietas, não seguram, não filtram e como pingue-pongue é um bate e volta sem pausa. Uma pessoa já impactada pelo acontecimento está desarmada e se ainda recebe o rebate de outra, tem duplo impacto sobre o cérebro e se expande pelo corpo. É preciso filtrar os acontecimentos e dosar as reações para que o mundo não se torne um hospício de esquizofrênicos impacientes e inquietos que adoecem e contaminam o ambiente. Conservai puro o foco dos pensamentos para abrir o caminho para a serenidade.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A QUESTÃO DAS TAXAS DE JUROS E DO CÂMBIO

No Brasil da pré-globalização, produzia-se e consumia-se mais, pois a renda não estava tão travada, mas havia a elevada dívida externa a juros pesados. A inflação foi surgindo com as emissões destinadas a pagar dólares das exportações que eram utilizados nos resgates da dívida externa. O dólar caro promovia exportações, mas para comprar os dólares para pagar a dívida o governo emitia e inflacionava.

Algo precisava ser feito, então surgiu a dolarização que no Brasil se deu com o Plano Real. Com o dólar artificialmente barato, os eleitores ficaram iludidos. A ilusão durou até 2015. Em 2019, a realidade se mostra brutal. Fábricas fecharam, cortando os empregos. É um fenômeno mundial; tudo vem pronto de fora. Se os empregos desaparecem, algo têm de ser feito. Com a queda na renda, o consumo estagnou, mas a dívida chegou ao topo. O mercado teme que haja insolvência com os juros praticados, já está quase impagável.

No livro A Construção Política do Brasil, o economista Bresser Pereira afirma que Lula errou ao manter os juros altos e o câmbio apreciado, e com esse simples erro, também mantido por Dilma, estamos com a economia estagnada, dívida enorme e atraso geral. No câmbio, a taxa de juros influencia a lei da oferta e procura. Se os juros caem, cai a procura e a moeda se desvaloriza; no inverso, elevando-se os juros, cresce o movimento de procura pela moeda, valorizando-a. No Brasil, o real foi mantido valente à custa de juros elevados. Não fosse isso, há tempos o dólar teria ultrapassado a casa dos quatro reais. É o que poderia ter acontecido se o BC tivesse baixado a taxa Selic dos atuais 6,5%.

No passado, o padrão ouro mantinha estabilidade no câmbio, mas a criação de moeda se tornava grande obstáculo para a estabilidade dos valores cambiais. Atualmente, as taxas de juros exercem forte influência no mercado de moedas que revoam pelo mundo em busca de melhores ganhos, mas isso impacta no comércio externo dos países, favorecendo ou dificultando as exportações.

Agora estão surgindo as criptomoedas, que circulam separadas da rede bancária. A libra, a nova criptomoeda que está sendo criada para ser ancorada nas contas do Facebook, vai surgir da troca por dólar ou euro. Essa criptomoeda seria para facilitar a vida ou representa mais uma grande jogada?

Muitos economistas reconhecem que o Brasil está com a dívida descontrolada, devido à dose cavalar de juros com seus efeitos negativos sobre a atividade econômica. É preciso conter a sangria, eles dizem. Está certo. Mas e o resto da economia detonada desde a prática da valorização do real com juros elevados, como vai ficar?

No século 21, prenuncia-se o surgimento de nova guerra cambial, que no fundo é um processo de desvalorização para fomentar as exportações. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se pronuncia contra o “dólar tão forte” criticando a política monetária da Reserva Federal (Fed), depois de o banco central norte-americano ter aprovado elevações das taxas de juros ao longo do ano passado. A elevação dessas taxas incentiva investimentos em dólares, impulsionando o valor da moeda norte-americana, mas afetam as exportações. É compreensível que o BC do Brasil esteja cauteloso diante desse cenário de provável baixa nas taxas de juros.

A instabilidade cambial tem provocado graves distúrbios na economia. Falar em moeda única pressupõe a eliminação da moeda nacional por uma geral. Mas quem ficaria com o controle e emissão dessa moeda? Certamente teria um poder maior do que teve a libra e que tem o dólar acossado pelo euro e yuan. Algo precisa ser feito. O Brasil e sua população já enfrentaram perdas enormes, dificuldades e atraso em decorrência do sistema cambial adotado.

Está claro que sofremos drenagem nos juros e empregos. O efeito da destruição industrial e produtiva do Brasil é visível a olhos nus, basta ver a região do ABC em paralelo à cidade de Detroit. Temos de sair do estágio de economia das padarias, dos cabeleireiros e manicures, e das lojas de importados nas esquinas. Atrasamos a produtividade e o desenvolvimento tecnológico. Hora de limpar a casa, afastar os maus gestores, fazer ajustes, retirar o Brasil de sua rota declinante.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7