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NOSSO MUNDO PERIGOSO

As complicações mundiais vêm num crescente desde o final dos anos 1990. Enquanto se processavam as alterações na estrutura de produção global, ocorreram no entremeio crises financeiras que absorveram as atenções gerais. Agora enfrentamos um novo desarranjo de forças antagônicas que fazem de tudo para obter o desempate do jogo e ficar na supremacia.

A partir da globalização, promovida pelo que se convencionou chamar de neoliberalismo, ocorreram profundas transformações financeiras, cambiais e econômicas. A produção fabril foi concentrada principalmente na Ásia. Iniciou- se um processo de desindustrialização e precarização geral em muitos países. Com certeza outros caminhos poderiam ter sido identificados, mas esse foi o adotado em função dos interesses imediatistas.

Empregos e arrecadação se retraem. Nos grandes centros os shoppings centers se estruturaram em função de um nível de renda mais flexível. Com a precarização geral a renda caiu, junto com as vendas. Preços e qualidade baixaram. Produtos estão à venda em cada esquina. Os shoppings e lojistas enfrentam dificuldades pelo mundo.

Lá atrás teve início a administração burocrática dos Estados que deveria estar sempre e exclusivamente voltada para os interesses gerais. A burocracia teve a sua origem na necessidade de regulamentar os procedimentos das relações na sociedade humana, no entanto acabou gerando os monstrinhos que criam dificuldades para as atividades em geral, mas é prestativa com os interesses dos grupos com os quais compactua.

Os gestores do dinheiro público têm sido desleixados com as contas internas e externas, agindo com pouco bom senso, dispersando as verbas em muitas coisas não essenciais. Em seu imediatismo, não desenvolvem estratégias de longo prazo, agindo burocraticamente de improviso por meio de remendos para corrigir problemas momentâneos, sem clareza em suas decisões para acobertar os seus objetivos particulares, e sem olhar para as consequências futuras. Há de se renovar a burocracia que acabou se tornando mais importante que o próprio país e sua população.

Mas o fato é que a burocracia não é a causa dos males, mas sim uma consequência, pois a causa primeira da regressão das condições gerais de vida está no embrutecimento do ser humano que, com seu egocentrismo, afastou-se do sentido da vida, não medindo a extensão de suas atitudes na busca de satisfação de sua cobiça.

O ser humano tem passado pela vida com viseiras, de modo inconsciente quanto ao seu desenvolvimento progressivo, deixando de perceber as conexões promovidas pelas poderosas leis da natureza, sem se preocupar em penetrar nesse saber que em outras eras era percebido de forma simples.

As leis naturais da Criação nos fizeram livres, mas os seres humanos egoístas forçam a antinatural sujeição da vontade alheia aos seus interesses criando leis e regulamentos em desacordo com as leis naturais da vida.

A burocracia se tornou a forma de criar normas que aos poucos vão sufocando a individualidade e a criatividade. Simplificar tudo na vida implica na necessidade de desburocratizar todo o arcabouço artificial de mando gerador do mecanismo que visa o aproveitamento máximo dos recursos pela elite que se assenhoreou do poder. Mas isso não acontece apenas no setor público, podendo ocorrer da mesma forma no setor privado.

Na aspereza atual da sociedade humana, os indivíduos estão perdendo o vínculo com os objetivos de melhora geral que devem ser compartilhados, passando a olhar para si e seus interesses, com pouca ou nenhuma consideração pelos demais seres viventes. O mundo precisa erigir a plataforma da simplicidade para afastar as doenças que estão atacando e desorientando o cérebro de forma crescente e, ao mesmo tempo, elevar a sociedade no que ela tem de humano.

Com o enfraquecimento do espírito, o homem se torna materialista e tenta impor a sua vontade para exercer influência de forma ampla e sútil. Nisso, se esforça para impor sua vontade sobre o próximo. A ânsia pela conquista e conservação do poder tirânico não ocorrem apenas no poder estatal, mas também nas empresas, organizações e até nas famílias. Dessa forma, as pessoas são induzidas para que adotem atitudes, decisões e ações padronizadas dentro de um contexto de interesses de dominação. Ao mesmo tempo, o cérebro confuso, desconectado da intuição, vai perdendo a visão de conjunto sobre o significado da vida, pois está perdendo a simplicidade, a clareza e a naturalidade.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A PRECARIZAÇÃO DA HUMANIDADE É INEVITÁVEL?

A tecnologia avança sempre, mas o homem permanece estagnado, ou seja, com seu aperfeiçoamento, as inovações viriam ao encontro da melhora geral. No entanto, a globalização, as novidades e tudo mais são monopolizadas para fins egoísticos, e em vez de melhora, acabam introduzindo precariedades na vida em geral, acelerando o declínio da espécie.

O Ocidente acabou se tornando vítima de seu próprio imediatismo praticado ao longo do século 20 e que culminou na crise financeira de 2008. O futuro se apresenta conturbado com o pêndulo pendendo para o lado da China que tende a assumir a preponderância econômica. Em tal situação, caberia ao Ocidente buscar formas de deter o avanço da crescente precarização geral, em vez de partir puramente para o confronto comercial e protecionismo de ocasião. Está faltando um projeto de coexistência econômica pacífica que não empurre a humanidade para o descalabro.

O atraso e declínio da humanidade vêm impedindo que a massa dedique seu tempo e esforços para cogitar por um mundo melhor. Isso está acontecendo com incentivo da mídia: violência, descaramento, corrupção, irresponsabilidade, sexualidade embrutecida e drogas em profusão, declínio geral sem um mínimo de propósitos humanos, gerando incerteza e desesperança. Como será possível o aprimoramento da humanidade em um mundo melhor?

A pressão destrutiva é forte. Começa já na infância, mas a tragédia maior tem lugar na adolescência, quando é atacada e sufocada a natural nobreza que desponta no coração dos jovens para um despertar para a vida real, sendo tudo arrastado para as lixeiras do mundo onde o egoísmo e a volúpia não possibilitam a construção sadia. Para formar adultos equilibrados, o contato com as belezas e perfeição da natureza é de fundamental importância.

Diante da atual situação do planeta, com seus desequilíbrios ambientais, econômicos e sociais, muitos jovens começam a perceber que além dos prazeres, do consumismo e do dinheiro, há algo muito importante para ser vivenciado. A eles pertence o futuro. É necessário que eles adquiram o movimento certo para uma forma de vida sadia e alegre, indispensável ao saneamento e à harmonia, para se manterem despertos e motivados para alcançar a melhora geral nas condições de vida. A ação impulsiva, sem reflexão intuitiva, é nociva, porém é frequentemente empregada como modelo em filmes e novelas.

Para onde estamos caminhando? A produção se concentra, aumenta a produtividade, empregos são reduzidos. Onde obter consumidores para a enorme capacidade de produção? Há um desequilíbrio na economia global. Como chegar a um denominador comum que favoreça todos os povos? A tentativa de impor tarifas surge como uma revolta à atual situação de comércio internacional do livre mercado, que funciona na base de inequações, isto é, admite-se igualdade de tratamento diante de fatores desiguais. Os efeitos se mostram em todos os países cuja balança comercial tem apresentado déficits. Evidentemente, a forma abrupta de busca de equilíbrio causa rupturas. Mas como o equilíbrio nas transações gerais poderá ser estabelecido? Algo deve ser feito, a hora exige bom senso de todos.

O despreparo das novas gerações, a permissividade, a invasão das drogas e os políticos vendilhões contribuíram para a inversão de valores promovendo retrocesso geral. O que será da qualidade de vida fora dos centros de excelência em produção avançada? Quem está se ocupando com isso para elaborar planos que evitem o descalabro social?

O Ocidente se tornou ingovernável; países como o Brasil vão decaindo no atraso e na precariedade. O Ocidente se revelou inábil para promover a paz, o progresso, o aprimoramento da humanidade, o bom convívio com a natureza. Como a China poderia contribuir sobre isso? Que efeito terá a férrea disciplina sobre as individualidades?

O Brasil caiu nas mãos dos burocratas do executivo, legislativo e judiciário. Muitos deles julgam-se donos do país e que a população aí está para servi-los. Quanta lama não foi lançada sobre tudo que pudesse lhes render algo? Os honestos se afastaram da política enlameada, é “lamantável”. Na educação, permitiu-se o enrijecimento total que induz as pessoas a acreditarem que nada mais são do que seu corpo terreno e que sua alma adormecida não existe mais, pois somente com a participação dela o mundo poderá se humanizar.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7