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O BRASIL E A DÍVIDA

Estamos mais uma vez no buraco, pois deixaram a dívida subir. A arrecadação caiu. Faltam bilhões, sem contar os juros. Está em curso no mundo uma disputa pelo poder financeiro e tecnológico. A especulação financeira continua desenfreada. A China aproveita os fatores favoráveis e vai produzindo e colocando seus produtos no resto do mundo com poucos empregos, trocando-os por dólares, enquanto os outros, Brasil na frente, estão desorientados, brigando escandalosamente pelo poder interno e precisando equilibrar as contas para segurar a dívida irresponsavelmente descontrolada para poder tomar novos empréstimos, pois não podem emitir para não depreciar a moeda.

Os supersalários públicos e as superaposentadorias contêm abusos e privilégios anormais. A queda na renda já afeta o consumo. Aumentar a produção é imperativo. O monetarismo vai colhendo ganhos até onde dá, depois fica sem maiores alternativas para ativar a produção e consumo que requerem atividades úteis e benéficas. Sem produção, a circulação do dinheiro vai perdendo velocidade trazendo estagnação e deterioração.

Há uma nova turbulência, e é na economia que os efeitos se fazem sentir primeiro, mas os efeitos abrangem tudo. Se olharmos atentamente perceberemos que tudo se acha em ebulição no Brasil e no mundo, inclusive a mania de grandeza dos homens que estão demonstrando a completa ausência do bom senso para recuperar o equilíbrio perdido. Mas o destino é implacável com os desatinos. O mundo está se tornando um depósito de esquizofrênicos. Já começa na infância com a falta de conexão com o eu interior. Vai prosseguindo com a falta de propósitos advindos do querer da alma trazendo forte motivação. Está aberto o caminho para o vazio da vida sem sentido, para os transtornos emocionais e uso de drogas.

Na fase atual, tudo acontece aceleradamente, muitas vezes nos pegando de surpresa, gerando ansiedade. Ficar lançando pensamentos de ansiedade a esmo cria um ambiente tenso que vai bloqueando a intuição. É preciso cultivar a serenidade, só assim damos chance para que o espírito possa examinar intuitivamente e nos alertar.

Há muito dinheiro sem ter em que ser aplicado. Os BCs baixam os juros, mas para o pequeno tomador os juros permanecem caros. Nos países em geral caiu a produção de manufaturas e empregos. Os bens importados geram poucos empregos e levam divisas para fora. Cai o salário, afetando o consumo. Juros negativos não conseguem resolver o problema do desequilíbrio na produção. Tudo junto gera a tal de estagnação secular de produção e empregos em rota descendente.

É o fundo do poço. Os serviços dependem da renda auferida pela população em outras atividades. Bancos automatizam. Governo corta tudo. Indústria não sabe o que fazer com a superprodução global em liquidação. Na globalização, como novo mercantilismo, as nações estão produzindo com todos os artifícios visando os mercados externos para trocar manufaturas por dólares. As nações da América do Sul permanecem endividadas e fornecedoras de commodities. Amigos do Brasil seriam os países que viessem investir para aumentar produção e empregos, mas no atual desequilíbrio da economia o mundo vive o salve-se quem puder, como se observa na guerra das tarifas.

A economia brasileira anda mal já faz tempo devido ao artificialismo nos juros, no câmbio, na fragilização da indústria, no preparo da mão de obra. Predominam as falcatruas e corrupção, tudo indo afetar a economia. A bolsa, como em outras regiões, deveria funcionar como plataforma de investimento e desenvolvimento, mas se tornou a mina onde os garimpeiros buscam ouro; funciona como cassino onde o dinheiro esperto cava oportunidades de ganhos.

No mundo globalizado, não basta o simples comércio para a paz democrática. No Brasil, exportamos as montanhas de minério, mas contamos 13 milhões de desempregados. A paz e a democracia deverão ser consolidadas com o equilíbrio econômico e comercial entre os povos. Para competir com China e Coreia do Sul, será que os países terão de impor o 9x9x6, isto é, 72 horas de trabalho por semana sem adicional de hora extra? Muito do comércio mundial tem dado vantagens para uns em prejuízo de outros, o que abriu o caminho para líderes nacionalistas, pois as repúblicas não ofereceram o esperado pela população. O Brasil não deve permanecer sendo tratado como colônia de commodities e permanecer decadente.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

TEMAS IMPORTANTES PARA ANÁLISE E REFLEXÃO NO CANAL VIDA E APRENDIZADO NO YOUTUBE

Como a vida se tornou possível e todos os elementos que necessitamos para nossa sobrevivência é o tema que o escritor Benedicto Dutra propõe para reflexão no vídeo “O que se passa com o mundo” https://bit.ly/2Qvcwuz – presente no canal Vida e Aprendizado, no YouTube. O autor também focaliza a situação econômica brasileira ao longo dos anos e os desequilíbrios causados pela alta dos juros que geraram consequências negativas no país e no mundo. Dutra destaca ainda a importância da educação das novas gerações e alerta para o aumento da automatização que poderá implicar na redução dos empregos no futuro próximo.

Em outro vídeo – “Qual é a tarefa do ser humano”https://bit.ly/2EuXFKe, Dutra discorre sobre os principais pontos que são explicados com maiores detalhes no livro de sua autoria A Trajetória da Humanidade (disponível na Amazon Books – https://amzn.to/2QGdlQF). Na visão do autor, necessitamos de coragem e determinação para alcançarmos o desenvolvimento contínuo, sempre buscando o bem, utilizando para isso todo o nosso potencial em que se inclui a espiritualidade.

Veja esses e outros vídeos esclarecedores sobre o momento de grandes transformações que estamos vivendo. Inscreva-se no Canal Vida e Aprendizado – Projeto Escola da Vidahttps://bit.ly/2UHnueM e mande seus comentários e sugestões.

PRECISAMOS DA BOA COESÃO

Há que se pensar no que realmente é importante para a sociedade e qual alvo deve ser perseguido. Como se observa nas estruturas globais de produção, a prioridade atual está em aumentar a produção, reduzir os custos, e elevar os ganhos e controle. As consequências vão se tornando visíveis sobre as novas gerações: emburrecimento, foco estreito, lentidão para pensar, decadência espiritual e moral, aumento no consumo de drogas como meio de aguentar a forma de vida insípida, sem metas e com poucas esperanças de melhora. A solução seria inverter a prioridade, colocando-se em primeiro lugar o desenvolvimento integral do ser humano com dignidade, e, em função disso, construir o restante. Com certeza, surgiria expectativa de contínua melhora das condições gerais de vida e aprimoramento da espécie humana, presentemente bem abaixo do que é esperado dela.

O que é a ciência econômica hoje? O aumento da produção em uma região tem a ver com a competição globalizada. Quando uma região aumenta a produção, reduzindo o preço, acarreta um encalhe na produção de outra. No passado distante, a prioridade era a melhora das condições gerais de vida, o que se refletia nas ciências que se mantinham mais próximas da natureza. Hoje se abstraíram do ser humano. Kishore Mahbubani, ex-diplomata e acadêmico da Universidade de Singapura, já dizia que enquanto o Ocidente acalentava a sensação de estar no comando global da economia, finanças e cultura, a Ásia buscava encontrar o caminho da melhora. No entanto, a prioridade pode ter sido a de acumular dólares através do comércio de seus produtos de menor preço no mercado mundial. De fato, os governantes em geral não têm colocado como prioridade a otimização das condições gerais de vida para toda a população.

Teóricos dizem que o desenvolvimento acelerado da China se deve à aplicação da teoria das vantagens comparativas no comércio do mercado livre global, mas, na prática, na economia globalizada ocorrem muitas transformações que afetam a formulação feita em 1817 por David Ricardo, economista e político britânico (1772/1823). Se um país direciona sua atividade econômica para commodities agropecuárias e minerais, transferindo a produção industrial para outras regiões, vai acabar faltando empregos em suas cidades, pois só com serviços não há sustentação das atividades que vão perdendo dinamismo.

Agora o mundo enfrenta a guerra comercial e cambial, e o embate entre os que querem globalizar o poder, e os que estão se opondo à globalização. Se não for encontrado um acordo e ajustamento, daqui para frente poderemos ter um futuro bem conturbado. No Brasil, a situação anda péssima já faz tempo. Depois que estouraram as bolhas na bolsa e no setor imobiliário, que acarretou na crise financeira de 2008, quando houve o grande ataque ao erário nacional e evidenciaram-se os caminhos errados na economia. A valorização cambial novamente perdeu a sustentação artificial. Estamos diante do embate eleitoral buscando candidatos que possam cuidar seriamente dos interesses do país e da população.

Depois de toda irresponsabilidade na condução do Brasil em suas contas internas e externas, depois de todo não querer ver o que se passava na indústria e no preparo das novas gerações, dizer que o PIB não cresce por causa da estúpida greve dos caminhoneiros, parece piada. É preciso encarar os problemas de frente, com os olhos abertos e fazer um esforço conjunto para reequilibrar a desarrumada economia global.

Em química, coesão é a atração intermolecular entre moléculas do mesmo tipo. Já a fragmentação é a divisão, é a ação de fragmentar, de quebrar, de reduzir a fragmentos, a pequenos pedaços. Os seres humanos deveriam estar coesos na busca da melhora nas condições gerais de vida e no aprimoramento da espécie, mas acabaram caindo nas armadilhas habilmente preparadas para fragmentar os naturais anseios do espírito com a vaidade e mania de grandeza, fragilizando a força entusiasmadora a ponto de terem grande dificuldade para a compreensão mútua.

Quando o homem deixou o espírito adormecer, colocou o sentimentalismo em primeiro plano. Em seu ser, a visão do infinito, do alfa e do ômega, e o reconhecimento do doador da vida, o Criador e suas leis cósmicas, se foi apagando. Com o sono do espírito, tudo foi rebaixando; o sentimentalismo decaiu no materialismo onde não há amor, consideração e respeito pelo próximo. A paz e o progresso estão seriamente comprometidos.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

BRASIL EM TEMPO DE ELEIÇÕES

No século 20, o Brasil permaneceu estagnado até a tomada do poder por Getúlio Vargas. Açodado por movimentos socialistas, o poder foi absorvido pelos militares. Tendo caído no endividamento externo, entrou na espiral inflacionária, debelada com facilitação dos importados, sem que seus líderes, em disputa pelo poder, percebessem que o país estava perdendo as bases na indústria e na educação. Os demagogos no poder relaxaram as contas para fins eleitorais, e estamos de volta ao estágio de fornecedor de produtos primários para o mundo.

Para alcançar feitos duradouros, a governança não pode permanecer no imediatismo, desprezando a espiritualidade, pois sem ela todas as realizações são efêmeras. A humanidade ganhou tudo que a Internet oferece, mas perdeu a ancestralidade ao se tornar alienada sobre o significado da vida como se fosse composta por robôs. O desenvolvimento humano tem de ser contínuo; é a lei natural do movimento. A casta dirigente tem sido mesmo uma lástima, pois só pensa nos interesses próprios. Não examina o significado da vida; não se comove com o sofrimento da população; não busca soluções que promovam a melhora da qualidade humana e de vida. Em meio às más notícias, vão criando desesperança em relação ao futuro.

Há duzentos anos, as elites ocidentais vêm se impondo ao mundo, após duas trágicas guerras mundiais. Com o fim da guerra fria, com sua grande participação no PIB mundial e o triunfalismo financeiro em um mundo endividado, essas elites se julgaram donas da situação e acabaram perdendo a visão das tendências. A Ásia passou a modificar o estilo despótico de governança introduzindo, como alvo, a busca por resultado econômico e, dessa forma, sua população se agarrou à possibilidade de sair da secular situação de miséria.

Em 2001, o mundo compartilhou a dor americana na tragédia do WTC; nesse mesmo ano, a China passou a integrar oficialmente a Organização Internacional do Comércio, a OMC. Em seu livro A queda do Ocidente? Uma provocação, o professor Kishore Mahbubani, da Universidade de Singapura, diz que isso representou a entrada de quase um milhão de trabalhadores no sistema comercial global, o que resultaria numa destruição criativa maciça e na perda de muitos postos de trabalho no Ocidente, o que acarretaria declínio de salários reais, redução na participação no PIB e aumento da desigualdade. As elites não se deram conta desse processo transformador da Ásia.

No Brasil, enfrentamos algumas questões dramáticas: na educação das novas gerações, nas deficitárias contas internas e externas, na desindustrialização e desemprego em nível elevado. Agora vem a nova guerra econômica desencadeada pela política do presidente Trump e a complexa situação econômica de um país que em 2017 teve déficit comercial de 566 bilhões de dólares e que deve 21 trilhões, algo que deve estar pesando nas decisões, mesmo de um país emissor da moeda global. Todavia, esse é um problema que se vem arrastando há décadas e que afetava países dependentes como o Brasil, sempre de pires mão e joelhos vergados na procura de dólares no mercado financeiro.

Escondido até o ano de 1500, o Brasil permaneceu 500 anos como tributário aos poderosos interesses externos. É preciso pôr um fim na corrupção dos vendilhões da pátria. Chega de lixo e muros pichados. Necessitamos de ação integrada para o bem do Brasil. Falta o desenvolvimento dos atributos humanos: generosidade, lealdade, consideração, seriedade, bom senso, clareza no pensar. Falta acabar com o despotismo da casta governante.

O século 21 requer o empenho no preparo da população para levar a vida com toda a seriedade. Os países da América do Sul precisam ser governados com foco na melhora geral, como vem fazendo China, Índia e Filipinas. Enfrentamos problemas no preparo das novas gerações; no displicente controle das contas internas e externas; na estagnação na indústria e no nível de empregos que reduz consumo até de essenciais. O poder governamental deve ser entregue em mãos competentes que visem o bem, caso contrário o futuro será caótico para o Brasil que tinha tudo para viver evoluindo em paz sob a Luz da Verdade. É sobre essas questões vitais que gostaríamos de saber o que os candidatos têm a dizer.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

É PRECISO BUSCAR AS CAUSAS

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Precisamos saber por que a economia brasileira perdeu a capacidade de empregar a massa de mais de 14 milhões. O que mais vemos no entorno da cidade de São Paulo são galpões com a placa de aluga-se. Proliferaram depósitos logísticos de produtos importados. Os preços dos bens vão sendo reajustados, enquanto os salários ficam estagnados ou declinam. O dólar exerce grande influência através das contabilidades baseadas nessa moeda. Enfim, está faltando o grande estudo que aponte as causas da regressão econômica do país que permanece inconsistente desde os anos 1980, para que seja possível indicar soluções que promovam a melhora geral e da qualidade humana.

No pós-lei Áurea a mão de obra liberada ficou sem ocupação e sem escola, tendo que se alojar em favelas. Getúlio e Lula se aproveitaram do vazio deixado por seus antecessores que deram continuidade ao sistema exportador de commodities. As divisas e ganhos das exportações ficavam na maior parte fora do país, com pouca contribuição para a economia interna. Isso, somado à corrupção, resultou em despreparo e grande atraso. Menos mal que estejam entrando dólares de exportação, embora só de commodities. Mas a questão é o que fazer para reverter a estagnação econômica geral e o desemprego.

O Congresso trabalha para ajustar a previdência que tende à insolvabilidade e à CLT, que por ter sido mal utilizada, produziu uma indústria de demandas trabalhistas de custo imprevisível. As empresas são formadas para gerar lucros para os quais o capital é indispensável, mas requer a colaboração dos que trabalham produzindo e tocando o empreendimento. A reforma deveria incluir algum dispositivo de participação nos resultados, pois se trata de manter o equilíbrio entre as partes. Mas como produzir com a indústria desfenestrada, a mão de obra despreparada, a droga avançando, os juros lá em cima, o câmbio desalinhado?

Há muito tempo o país precisa de um projeto sério de desenvolvimento econômico sustentável que gere livre iniciativa, emprego, renda, consumo decente e esperança. Para o economista Luciano Coutinho a situação atual decorreu da persistência de juros altos e câmbio valorizado, e abundância de produtos de custos menores procedentes da Ásia. Mas não ficou claro por que essa política nefasta encontrou guarida por tão longo período, e mais precisamente, desde os anos 1990.

Não se pode implantar indústrias com financiamento barato sem que haja competência gerencial. Assusta o fato de estarmos perdendo terreno nos avanços dos processamentos em geral, na química, eletrônica, mecânica, e com a falta de preparo da mão de obra. No que isso vai dar se não houver um primoroso trabalho de recuperação?

O desmazelo praticado na gestão pública é como se o pavio estivesse queimando há tempo. Foram décadas de irresponsabilidade gerencial do país, corrupção de alto a baixo, e descrença, como se o Brasil fosse uma planta que não deveria se desenvolver. Agora os frutos amargos estão sobre a mesa. O pavio aceso se aproxima da dinamite; é preciso cortá-lo antes que exploda e ocorra em todo o país o que já está acontecendo no Rio de Janeiro, onde a corrupção e a decadência imperam. Poderia ser mesmo o fim do Brasil.

A crise econômica que se evidenciou no século 21 entre livre mercado e capitalismo de Estado vem causando a confusa situação na qual convivem os dois sistemas de produção cuja competição fica comprometida. Concluindo, globalização, câmbio, juros e disparidades ente capitalismo de Estado e livre mercado desequilibraram o sistema de produção, comércio, emprego e consumo entre os povos.

Especialistas apontam o baixo crescimento da economia como a causa principal, mas seria só isso? Na economia global há desequilíbrios que precisam ser encarados, há muitos interesses para manter a situação do jeito que está, porém em longo prazo teremos consequências desagradáveis. Com o aumento da incerteza econômica e social, crescem os movimentos de massa. A vida de 99 % dos habitantes do planeta tende a se precarizar. O foco da atividade econômica deveria ser a busca de melhores condições gerais de vida que possibilitem a evolução das pessoas que se dispõem a aprender e a trabalhar com eficiência.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

COMO SAIR DO TURBILHÃO

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Com a aceleração geral, o ser humano está perdendo a capacidade de refletir e analisar a vida e os acontecimentos que o rodeiam e não consegue mais refletir por si, perdendo a essência e capacitações. A vida está acelerada, mas cultural e moralmente há estagnação e retrocesso. Os relacionamentos são superficiais, movidos por interesses do momento. No turbilhão de acontecimentos, o desgaste é grande e tudo vai ficando efêmero, sem que se aproveite o presente de corpo e alma, com intensidade, colhendo vivências úteis. Não há mais espaço para reflexões sobre a espiritualidade.

Há muitas questões para serem pensadas e examinadas, mas na aceleração em que estamos vivendo nada se pensa porque falta vontade e os problemas se avolumam, pois não são compreendidos e nada é feito para solucionar, o que amplia o distanciamento do ritmo natural da vida. Nada mais é respeitado e as leis naturais da Criação permanecem desconhecidas. Tudo vai empurrando e sendo empurrado para o vazio, alienação e depressão. Perde-se a tranquilidade da alma. A vida vai seguindo sem que se saiba exatamente por que e para quê.

Evidentemente, a velocidade das comunicações e dos transportes impulsiona as tomadas de decisões. Através do celular, as pessoas são acionadas dia e noite. Essa nova situação possibilitou a ascensão do dinheiro ao centro das motivações humanas, dando ensejo a operações especulativas aceleradas que provocam instabilidades permanentes no mercado e aumento da aspereza nos relacionamentos, pois o dinheiro se dissociou da economia real e gira pelo mundo visando gerar mais dinheiro em operações ousadas e competitivas entre grupos poderosos, interferindo na economia de Estados e suas populações.

A aceleração geral tende a criar a avidez de consumir sem parar para refletir e desfrutar, provocando o esgotamento dos recursos; o planeta já mostra fraturas expostas. Com a limitação dos recursos, agravada pelas alterações climáticas e elevada população que precisa ser atendida, os preços dos bens essenciais tendem a subir gerando inflação, com exceção daqueles produtos que encalham nos pontos de venda porque falta renda nas mãos dos consumidores. Não se trata só de uma questão monetária, mas de algo mais limitante. Mesmo assim, não faltam os que advogam que o controle de preços exige a necessidade de manter as taxas de juros elevadas, restringindo a economia ainda mais.

O desenvolvimento humano e o nível de qualidade de vida no Brasil vêm se arrastando desde os tempos do Império. Atualmente o Brasil ocupa o 79º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A economia se encontra no chão, abatida e sem forças para se reerguer. Ganhos especulativos com juros, câmbio e cambalachos criaram um ambiente propício para a busca de vantagens particulares em prejuízo do progresso real do todo. A questão é como ter uma economia com sustentabilidade e fortalecimento do mercado interno?

O aumento da aspereza se torna uma constante. Perde-se tempo precioso com futilidades, mas a dor causada pela grande aspereza poderá despertar aqueles que cultivam o anseio inconsciente para entender o que está se passando. Mesmo assim, correm o perigo de serem afastados de seu anseio e de sua busca pela compreensão, pois a aceleração dificulta a parada para pensar. O desassossego se multiplica com as nuvens de informações e imagens que querem adentrar na mente das pessoas sem pedir licença. Imagens chocantes. Palavras de horror e desesperança que atravancam e desorientam, desconectando o indivíduo do que se passa ao seu redor. Com tanto impacto negativo, o mundo se desumaniza.

O aprendizado da vida ficou soterrado sob o monte de entulho despejado sobre o cérebro dos estudantes, enchendo-lhes a cabeça sem que seja formada uma estrutura básica para raciocinar com clareza. Não há tempo para o sonho, nem para a reflexão pausada. Alguns países deram à educação um papel preponderante na formação de uma civilização séria e disciplinada, com alvos nobres. No entanto, a educação deve alcançar o nível compatível para promover discernimento, profundidade e humanidade. Desacelerar é o imperativo para sair do turbilhão e restabelecer o ritmo natural do corpo e da alma, humanizando a vida.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7