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FALTAM RUMOS E METAS

Como explicar a estagnação econômica do Brasil? A China e outros países aproveitaram condições mais favoráveis no câmbio e no custo de fabricação, tudo em favor das exportações. No Brasil, muitos empresários se acomodaram na zona de conforto do conluio com o governo. Outro importante fator negativo é o descalabro nas contas públicas da União, estados e municípios, decorrente da má gestão pública por incompetência ou por más intenções, elevando o custo do dinheiro. Isso tudo evoluiu para a atual estagnação. O país tem de encarar os embaraços existentes com realismo.

Os três poderes se mantiveram acomodados, vivendo no país das maravilhas, enquanto as dificuldades iam crescendo. O atraso é grande e se nada for feito para reequilibrar a situação, o país tenderá ao atraso político-econômico semelhante ao dos países africanos. Mas a turma prefere brigar pelo poder. Juros altos atraem dólares valorizando o real e barateando importados. Foi bom enquanto durou. Não produzimos dólares, mas temos muitas contas na dita moeda.

Economistas experientes cobram mais efetividade do governo no combate à estagnação e na dinamização da atividade econômica, além das correções necessárias na previdência. Mas nas atuais condições de baixa renda e encalhe de manufaturados no mundo, resta saber onde os investidores poderiam alocar os seus recursos com sucesso. As organizações globais permitiram o desarranjo do parque industrial transferido para a região asiática em que há mão de obra e outros fatores bem abaixo do padrão ocidental.

As dificuldades surgiram devido à displicência financeira e administrativa do governo que permitiu acúmulo de juros no montante de dois trilhões de reais de 2012 a 2017. O ajuste fiscal é imperioso, mas há que se reorganizar a produção e comércio global, pois a precarização avança pelos países sem que haja como dar trabalho e renda às respectivas populações.

A dívida chega a 80% do PIB e com isso a desindustrialização avança. A previdência é a casca do problema econômico do Brasil, mas o caroço é a desintegração da economia e o desemprego de milhões. A China aumentou de forma considerável a produção em busca de dólares. O equilíbrio deveria ser o alvo da economia global. Alguns países acumularam ganhos no jogo da globalização; outros, como o Brasil, tiveram perdas. Atualmente o país está endividado e não consegue dar pleno atendimento às necessidades de sua população. Há grande liquidez no mercado global, mas também elevadas dívidas. Se os juros subirem, tudo vai desabar.

A criação de riqueza decorre da produção, a qual gera emprego, renda e consumo. Aqui tivemos o inverso disso na indústria. O real valorizado, em consequência de juros exorbitantes, colocou os manufaturados nacionais em desvantagem competitiva. Com isso perdermos empregos, mas ampliamos o crédito. A dívida pública já chega a cerca de um trilhão de dólares, e a arrecadação não cobre os gastos. Já não é mais a depressão de um ciclo; é um buraco muito grande. Como solucionar? O Brasil ficou com a dívida descontrolada, como reconhecem muitos economistas, devido à dose cavalar de juros com seus efeitos negativos sobre a atividade econômica. É preciso conter a sangria.

Moeda é questão fundamental, mas pouco estudada e entendida. No século 20, ocorreu a grande ascensão do dinheiro papel e daqueles que detém o seu controle. Uma ideia bem estruturada ao lado do Estado, desenvolvida através dos séculos para criar a mercadoria desejada por todos: o dinheiro, em papel ou digital.

O dinheiro passou a ser a mais cobiçada mercadoria e a vida passou a girar em torno dele. A economia atingiu os extremos nas finanças e na produção num novo vale-tudo para acumular dinheiro. Há superprodução de bens e dinheiro gerando desequilíbrios. Na África, falta o que comer apesar de sua riqueza mineral. No Brasil e em outros países, não está dando para produzir e obter lucro. Não surgem empregos, aumenta a precarização.

O globalismo está mais para saco de gatos em que os mais fortes comandam os mais fracos, destruindo a natureza, ampliando a miséria fora da área dominante, sem respeito aos interesses econômicos mútuos para assegurar relações equilibradas. As novas gerações precisam de preparo que as fortaleça interiormente para que estabeleçam metas de vida edificante. O mesmo tem de ocorrer com o país.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

DO OURO AO PAPEL

Originalmente, havia a mercadoria que todos queriam e que era utilizada como a base das trocas, até chegar no uso do ouro e outros metais. Depois veio o papel, que representava o metal. Por fim, o papel desvinculado do metal. O aspecto fundamental é o controle e emissão do papel. O dólar se tornou a moeda mundial dominante, dando origem ao dinheiro que faz dinheiro, e nisso se foi fundamentando a economia real que em dado momento ficou subordinada às finanças. O câmbio se tornou a grande incerteza que trava tudo, pois flutua sem parâmetros, difícil de explicar e entender.

Com a ausência de planejamento em suas contas, os países se tornaram dependentes de dólares, a classe política sempre que pode vai negociando algum para si e fecha os olhos, permitindo que o país caia nas malhas dos financiamentos dos quais o governo acaba ficando refém. São dívidas enormes, com comissões e juros pesados que, na maioria das vezes, não trazem melhorias para a população, embora esta sempre sofra as consequências.

Vemos tanta miséria pelas cidades e percebemos que há algo errado na trajetória do ser humano. O que será? O carma? A desigualdade na apropriação dos recursos naturais? O querer egoístico? É tudo isso, cada fator em decorrência do outro; é a grande semeadura esquecida que apresenta os frutos.

O mundo vive um momento de inquietação e incerteza. Há muito falatório e informações desencontradas. A globalização complicou mais ainda, pois cada povo tem de conduzir o seu destino com as peculiaridades que lhe são próprias para formar raízes. A China está olhando para si e agindo; cobriu os custos internos com sua moeda, exportou em dólares e fez sua reserva. Os outros estão olhando para a China e esperando o quê para dar uma ajustada na economia?

Permanentemente os sanguessugas vão mamando à vontade, as grandes corporações também. Quem não mama nas vantagens e incentivos vai embora. No período Dilma o papagaio da dívida subiu próximo a 5 trilhões de reais. Na luta pelo poder, o país sofre e permanece no declínio. O que vai ser do Brasil? Os gurus econômicos e políticos, nacionais e internacionais, poderiam ajudar mais.

Estamos sendo enrolados desde os anos 1980. O jornalista Luis Nassif fez o diagnóstico: o plano real foi bom, mas o seu alongamento acabou com a energia taurina da indústria. Agora, com a situação econômica agravada pela incompetência, corrupção e endividamento, o atraso ficou enorme, sem que os reais problemas existentes sejam tratados com firmeza. O déficit da previdência precisa ser resolvido, mas e quanto ao resto: produção, empregos, equilíbrio nas contas internas e externas? Nos últimos 25 anos era para tudo isso ter sido equacionado, faltaram estadistas patriotas e bom preparo das novas gerações.

Na educação falimos, não se sabe o que querem os jovens do Brasil. A questão dos jovens é de suma gravidade, pois não aprenderam desde cedo a lei do equilíbrio e pensam que podem tudo, sem esforço nem responsabilidade. A energia da adolescência é dirigida para a licenciosidade sem ter reconhecido a grande responsabilidade do ato de geração. Habilidosos teóricos insuflam o ódio sem querer reconhecer a lei espiritual da reciprocidade. Os teóricos vêm de longa data. Marx começou e vieram outros que foram interpretando a vida ao seu bel-prazer esquecendo que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

O presente resulta de décadas de irresponsabilidade da classe política em conluio com os aproveitadores oportunistas e da indolência dos seres humanos. Por que muitas nações não conseguem alcançar progresso e qualidade de vida similar às nações desenvolvidas? O jornalista científico norte-americano Daniel Goleman diz que, de maneira geral, os pais não conseguiram transferir seus valores para os filhos.

A falência da escola é uma questão que requer aprofundamento. Houve um declínio geral a partir dos anos 1970. A burocracia sucumbiu diante de pressões com interesse em moldar o comportamento das novas gerações resultando em apagão mental, indisciplina e revolta instilada por ideologias socialistas que induzem a ideia de que está tudo errado, não dá para aproveitar nada e a solução é destruir. Quanto pior, melhor. Faltam propósitos nobres. É preciso ser forte e confiar nas leis da Criação.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

POR FALAR EM PRECARIZAÇÃO

No mundo de hoje, globalizado, a redistribuição espacial da manufatura e a hiperindustrialização levaram à precarização. A queda dos rendimentos dos trabalhadores nesses continentes, assim, desestimula a demanda. Os ganhos de produtividade e de salários geram demanda e desenvolvimento econômico na Ásia do Leste. Países saltam da pobreza para a renda média. No mundo “rico”, as famílias submetidas à lenta evolução dos rendimentos sustentaram a expansão do consumo com vertiginosa expansão do crédito. A partir da crise de 2008, esse circuito de formação de produção e renda na economia mundial como um todo começou a falhar, dando origem ao período da Grande Recessão.

Parte da oferta da economia dos EUA (e também da Europa) está hoje na Ásia. Surge, então, uma situação curiosa de “demanda mundial fraturada”: as famílias americanas demandam, via crédito, bens produzidos no Leste da Ásia que por lá geram ganhos de escala, de produtividade e salariais. O regime fordista de produção foi transferido para o leste asiático, só que os consumidores estão nos EUA tomando dívidas. O sonho americano da bela casa no subúrbio com belo emprego e belo salário virou o pesadelo da rolagem de dívidas hipotecárias, de cartões de crédito e estudantis, para não mencionar os custos de saúde para as famílias americanas. O pleno emprego voltou nos EUA, mas a estrutura produtiva mundial é outra. Apesar de desemprego na mínima, os dados de mercado de trabalho nos EUA mostram ainda muita gente fora da força de trabalho. Os empregos criados nos últimos anos foram de baixa complexidade, com destaque para varejo e serviços não-sofisticados. E agora os salários americanos parecem subir sem aumentos de produtividade equivalente. As famílias americanas e europeias estão atoladas em dívidas. As empresas estão com montanhas de dinheiro em caixa e não investem como antes. Nesse cenário se movem, com medo e incerteza, os bancos centrais dos países ricos. Após emitir mais de US$ 10 trilhões, continuam sem saber o que fazer.

Leia na íntegra este artigo de Paulo Gala, graduado em Economia pela FEA/USP, Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas FGV/EESP de São Paulo, onde é professor desde 2002. Foi gestor de fundos multimercado e renda fixa, hoje CEO e Economista da Fator Administração de Recursos/FAR.
http://www.paulogala.com.br/politica-monetaria-para-um-mundo-anormal-moeda-causa-inflacao/

 

GARIMPEIROS DESCARADOS

Há dois mil anos os romanos eram os grandes garimpeiros de riquezas e de escravos para o Império. Séculos depois foram os europeus, na América e na África. Com a evolução vieram os americanos e os russos; enquanto isso, a miséria e despreparo iam crescendo. Religião, ideologias, invasão cultural, tudo camuflando o objetivo de extrair proveito. Agora a China entra em cena buscando matérias-primas e mercados para seu plano de expansão, mas em meio ao desarranjo global prevalece o imediatismo e a obtenção de vantagens, enquanto a humanidade vai desperdiçando o precioso tempo recebido para evoluir.

Que espécie de ser humano aceitaria escravizar o próximo para obter ganhos retirando-lhe a possibilidade de livre resolução, obrigando-o a trabalhar? Quando o homem chega a esse limite isso significa que muito de sua espécie foi perdido, então que tipo de mundo se poderia esperar? E daí caminha-se para pior enquanto esse erro não for reconhecido e combatido.

No século 21, estão se tornando evidentes os efeitos da falta de consideração e solidariedade, que se vão revelando no aumento da miséria pelo mundo. A grande festa do Natal deveria ter sido fonte de Renovação e Transformação dos humanos em seres, realmente, humanos! A tragédia da humanidade tem a ver com a ausência dessa disposição. Tudo o que se refere a Jesus Cristo e sua missão foi trivializado, deturpado e modificado.

Por toda parte falta o desenvolvimento humano; estamos chegando ao limite do embrutecimento, pois não há conscientização e bom preparo da população para que saiamos do marasmo e alcancemos a progressiva evolução humana de forma continuada. Os povos precisam da paz e solidariedade para evoluir, reconhecendo e observando as leis naturais da Criação!

Desapontada com o aperto, a população está inconformada diante do descaramento de indivíduos imbuídos de autoridade para gerir a nação. A tarefa dos eleitos é proteger e defender a cidade para que ela se torne o lar dos seres humanos que a habitam e, consequentemente, também devem zelar pela boa conservação. O mesmo deveria se aplicar aos estados e países, pois se não tiver dirigentes dispostos a agir em defesa dos interesses da população, quem o fará? Passam por cima de tudo e de todos para atingir seus objetivos, o resto se torna secundário, inclusive a estagnação e decadência de povos inteiros. Não se trata de Estado babá, mas de Estado com liberdade e responsabilidade, com garantia de propriedade, gerido por estadistas sérios que visam o bem e a melhora geral da qualidade de vida e do nível cultural sem se corromperem diante de interesses particulares.

Nada mais difícil de equacionar do que a economia neste tempo em que governantes pouco podem decidir. As decisões são tomadas pelas grandes corporações de acordo com os seus objetivos e pelos fazedores de dinheiro. A China ganhou força expressiva com sua usina faz-tudo, mas se o consumo mundial cai, essa força também fica amarrada. A economia mundial está desequilibrada.
No Brasil há fragilização da produção industrial, o estúpido endividamento e o descuido no preparo das novas gerações. O desequilíbrio na economia e a indolência daqueles que esperam tudo de bandeja levaram à estagnação. Como despertar o gigante adormecido?

A tendência do dinheiro é crescer continuamente indo além das emissões monetárias, o que acarreta inflação, isto é, depreciação da moeda e aumento de preços, e desordem financeira. Então surgiram os mecanismos para enxugar o excesso de dinheiro em circulação. Com o aumento da cobiça por riqueza e poder vieram a decadência e o açambarcamento das riquezas da natureza.

De longa data, estagnação e pobreza afetam a vida, pois os humanos em sua trajetória deixaram de buscar o conhecimento e integração com as leis da natureza para extrair todo o necessário e suficiente para o seu sustento e terem uma vida digna com finalidades nobres.

Evidentemente o bom preparo da população e definição de metas para promover a continuada melhora das condições contribuiriam para impedir a instalação da pobreza e miséria. Mas o aprimoramento da espécie não tem sido o alvo prioritário da humanidade. A produção deveria acompanhar a progressão natural, acompanhando o crescimento da população. Respeitando as leis da natureza e buscando a espiritualização os humanos alcançariam a prosperidade sem a miséria degradante.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

DESPERTANDO DO TORPOR

As pessoas estão percebendo que há pouco dinheiro circulando devido ao declínio na renda. Ocorreu uma evidente queda das atividades industriais e gerais. Pelas estradas e avenidas há vários estabelecimentos com placas de “vende-se ou aluga-se”. Quando importamos mercadorias, uma parte do dinheiro não fica no giro, vai embora, não recircula mais. Para continuar mantendo o dólar barato, de 2012 a 2017 a dívida sofreu um crescimento de um trilhão de reais em juros e perdas cambiais.

Os governantes querem ampliar a esfera de atuação, criam unidades, empregam milhares de pessoas para rotinas ineficientes de controle, e os desonestos procuram tirar vantagem vendendo facilidades. Esbanjam e desviam o dinheiro. Assumem dívidas enormes para o presente e o futuro. O endividamento público do Brasil alcançou em junho de 2018 o montante de R$ 5,186 trilhões em junho, ou 77% do Produto Interno Bruto. O descontrole representa o grande nó das estruturas perdulárias dos governos. Nos EUA, que prima por controle dos gastos, até setembro o déficit foi de US$ 779 bilhões.

O descontentamento com a forma como o Brasil vem sendo governando há décadas gerou uma grande virada; esperemos que promova os efeitos desejados com seriedade, bom senso e progresso. A indignação se sobrepôs ao torpor, revelando as manobras empregadas para manipulação. Não só a gestão corrupta dos últimos 13 anos com a aparência de visar à melhora das condições, mas todo o histórico da república atesta o descaso com a população, seu despreparo e piora da qualidade de vida. Como o esgoto não tratado que escorre pelas ruas, ou explode dos bueiros, assim é a reação daqueles que se viram desesperançados pela má gestão. Há uma encruzilhada, uma mudança de rumo, mas a bagagem dos erros e a reação de interesses pessoais feridos pesam, gerando turbulências.

Já tivemos no Brasil muitos planos que não deram certo. Cruzado, Tablita, Confisco, Real com dólar fixo. Mas a economia precisa de naturalidade para que os agentes possam produzir, gerar trabalho e consumo, o que requer menos Estado, menos monopólios, melhor preparo dos jovens. Imagine um trabalho que rendesse R$ 40 por hora e passasse a ser feito no exterior por R$ 4; isso elimina muitas atividades internas acarretando a precarização geral que não se sabe até onde vai. Isso é um problema que tem de ser resolvido, pois do contrário, na economia 4.0, a humanidade poderá regredir aos tempos da primeira Revolução Industrial, quando a mão de obra saída do campo tinha de trabalhar 15 horas para ter uma existência péssima.

Enfrentamos a crise mundial de precarização. Dinheiro curto, pouco tempo para lazer e autoaprimoramento. Os governantes ou produzem inflação, ou manipulam o câmbio com juros elevados, endividando o país, hipotecando o presente e o futuro. A humanidade se defronta com graves desafios. É preciso educar não só com as técnicas para produzir. O homem tem de entender a vida e saber qual a sua posição no planeta.

A natureza está dando seu recado através das catástrofes. O homem quis se sobrepor a ela, dominá-la para fazer dinheiro. Mas somos parte da natureza e destruindo-a, não respeitando seus mecanismos, estamos agindo contra a humanidade, o que não deve ser pretexto para implantar um governo mundial que restrinja a liberdade. Deve-se incluir a natureza na educação infantil. Grande parte da madeira nobre oriunda de 20% da destruição da floresta amazônica foi contrabandeada para fora.

No Brasil, frequentemente ocorrem invasões. Um problema grave, que se arrasta há anos sem um plano de caráter nacional, envolvendo o governo federal, estados e municípios, que impeça a degradação das cidades e precarização geral das moradias. Enquanto nada vai sendo feito, as ocupações irregulares aumentam nas mais precárias condições. Se há elevado número de desempregados, as prefeituras poderiam incentivar as hortas comunitárias em tantas praças e terrenos mal cuidados. Atividades benéficas e alimentos seriam a resultante desse esforço.

Desde longa data há muitas profecias sobre o Brasil como ponto de ancoragem da Luz, e vida pacífica. Isso impunha que os seres humanos ansiassem pelo bem como condição para que a Luz beneficiadora fosse atraída. Com o apego ao materialismo, as trevas erigiram uma muralha escura na Terra que agora deverá ser rompida pela aumentada força da Luz. Haja seriedade e humildade espiritual.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

OS BANCOS CENTRAIS E O FUTURO

Em matéria de Banco Central, o pioneirismo coube à Suécia que no século 17 oferecia cédulas de papel como alternativa às pesadas e usuais moedas de cobre. Hoje os poderosos Bancos Centrais regulam o fluxo de dinheiro, crédito, câmbio e juros no mundo, sendo o mais importante deles o Federal Reserve (FED) dos Estados Unidos, tendo ao lado os Bancos Centrais da Inglaterra e Europeu.

Com o uso da prensa e papel, o dinheiro acabou se tornando o objeto mais cobiçado pelas pessoas em geral, que fizeram dele a prioridade de suas vidas. Os Bancos Centrais detêm em suas mãos o monopólio da emissão de dinheiro – o papel-moeda -, garantido pelo governo. Também devem zelar pelo bom funcionamento do sistema bancário impedindo que este caia no abismo da falta de liquidez. Quando se cria falsa euforia, distribuindo temporariamente crédito que anima os negócios ensejando sensação de riqueza, qualquer interrupção pode provocar o caos, insolvência, desvalorização e retração da economia.

A reação do Brasil para voltar ao crescimento está bem difícil, pois a indústria se debilitou e isso trouxe graves consequências nos empregos, no desenvolvimento técnico, no preparo da mão de obra. Foram décadas de desmazelo na gestão do dinheiro público. No entanto, não basta o ajuste nas contas públicas com dívida equivalente a mais de um trilhão de dólares. O século 20 apresentava condições econômicas mais flexíveis. Gastos do governo, ajustes no câmbio, crédito, e juros baixos surtiam efeitos favoráveis.

Quando as empresas passam a ser controladas de fora e o país importa cada vez mais, uma parcela da riqueza não recircula internamente e vai para o exterior. A economia global deu uma grande guinada quando países de moeda inexpressiva passaram a produzir para acumular dólares e poder. Os homens que comandam os mercados se tornaram restritos, subordinando tudo à bitola da economia e finanças, arrastando a classe política consigo. Muitas teorias foram desenvolvidas e aplicadas como se fossem as grandes verdades, mas sempre resultando em malogro, mantendo a população apática, distraída com baboseiras. Com isso, a miséria só aumenta.

Criou-se a dependência de dólares. Todos querem a poderosa moeda-mãe. Em vez de produzir para atender às próprias populações, os países querem produzir para fora, para obter dólares e terem potencial econômico para aquisições pelo mundo. Assim, o desarranjo geral está ameaçando o futuro da humanidade. Os números do déficit comercial americano atestam a forma desequilibrada da economia mundial. Enquanto os déficits incomodavam países como o Brasil, que tinham de financiar a falta de dólares, ninguém reclamava, mas agora essa situação está pesando nas contas dos EUA.

Por décadas tem sido apregoada a importância do livre mercado como o regulador da economia. Então, quais as implicações dessa nova modalidade de produzir e exportar sob o patrocínio do Estado? As medidas de restrição recomendadas pelo Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, para as exportações de aço, indicam que há um desequilíbrio geral na produção e comércio global o qual já deveria ter sido superado há muito tempo. Mas, em vez disso, tem prevalecido o mercantilismo voraz, acarretando concentração da riqueza, desemprego e aumento da miséria. A maneira de a China reduzir seu superávit seria promovendo melhor equilíbrio nas relações entre os povos. Em que os Bancos Centrais poderiam contribuir nesse sentido?

Os poderosos BCs têm de responder por decisões difíceis que precisam de pulso firme. O seu fortalecimento adveio da complexidade das finanças que se afastaram da produção, emprego e comércio, passando a ter vida própria e perigosa, e desse modo o volume das operações financeiras já superam o PIB global. A atuação dos BCs se tem voltado para combate à inflação e ao desemprego. É pouco, pois não tem olhado para o endividamento dos Estados. A dívida dos EUA já alcançou nível astronômico e o déficit comercial se estruturou de forma crescente, totalizando atualmente 800 bilhões de dólares. O déficit público caminha para a casa de um trilhão de dólares. As despesas com juros devem superar a casa de 3% do PIB, tudo gerando condições adversas.

Os Bancos Centrais, além de ficarem cuidando da qualidade do dinheiro, também deveriam contribuir para a construção de um mundo melhor; deve haver atenção para a qualidade humana, pois o futuro depende do bom preparo das novas gerações.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A AGITADA MARÉ DO SÉCULO 21

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Os problemas das cidades precisam ser examinados com objetividade e perseverante vontade de resolver, como é o caso da questão do transporte sobre trilhos na cidade de São Paulo. Infelizmente, quando se discute, há sempre um viés ideológico, seja de direitistas liberais para atender seus fins, ou esquerdistas que aparelham o Estado para dominar e controlar tudo; e o povo sempre fica esquecido. O serviço precisa de mais eficiência; alguns usuários agem com displicência sem respeito nem consideração com o patrimônio público ou demais usuários. Há também os deploráveis ataques de homens anormais contra mulheres.

O recurso mais importante é o fator humano. A educação não é uma etapa isolada, tudo influi a começar do preparo dos pais, da convivência doméstica, das músicas, leituras e programas da televisão. Uma arte tosca inspirada em baixarias deforma. No Brasil, o descuido vem desde a proclamação da República quando não se ofereceu adequado preparo à mão de obra liberada das fazendas pela lei Áurea. Há muitas coisas para serem corrigidas para melhorar a qualidade humana do país.

A questão do preparo das novas gerações requer o comprometimento não só do governo, mas de toda a sociedade. Onde estão os ensinamentos dos professores que enobrecem a humanidade? Eles deveriam estar na sala de aula e em tudo o mais. O cinema é a escola onde abundam modelos decadentes. A educação deve conduzir ao enobrecimento, formar pessoas honestas com clareza mental e bom senso. Os jovens têm de ser incentivados a cultivar o sentido de beleza que enobrece para não caírem nas baixarias que promovem o retrocesso da humanidade. O essencial é que o governo e toda a sociedade tenham como alvo a continuada melhora das condições gerais de vida.

O dinheiro é como a água que faz o moinho dos negócios girar. Girando e acumulando, expandindo os negócios até o limite, depois surgem os processos de armazenamento em paraísos fiscais e vão se separando da economia real, passando a rodar pelo mundo buscando ganhos, seja em empréstimos soberanos, especulação, bolhas, ficando tudo sujeito às instabilidades. Ativos se valorizam acima do que rendem. Grandes dívidas ficam com a garantia defasada. Como a pessoa que se empanturrou, o sistema fatalmente cai na limpeza purgativa. Importante seria ampliar a análise das consequências sobre a armadilha do endividamento e do efeito bolha sobre os ativos.

O volume de exportações coloca a China em destacada posição na economia global. O eficiente modelo chinês de governo mais enxuto, com plano único a que todos se submetem, tem despertado interesse como meio de conquistar e conservar o poder. É necessário examinar as consequências do confronto entre a economia socialista de mercado e o mercado liberal do ocidente que vai perdendo espaço na produção industrial e nos empregos. O Brasil, que se subordinou às amarras americanas, tem de se cuidar para não se tornar apenas um polo de abastecimento de matérias-primas e alimentos para a China.

Os países precisam ter objetivos, homens sérios e competentes, e uma estratégia flexível em busca das melhores soluções para que o progresso continuado seja alcançado. Mas é preciso que a população também participe, e se o alvo for apenas de cunho material, a decadência moral e ruína serão inevitáveis como já tem ocorrido em diversas civilizações, que por falta de metas enobrecedoras acabaram soçobrando: egípcios, gregos, romanos, e os alemães no século 20. Sem a efetiva evolução material e espiritual o homem não consegue construir obras duradouras.

Como tantos outros, o filme Churchill contém pouca alma, não empolga nem motiva, e é um tanto deprimente, mas mostra a frieza das guerras, a insensibilidade com a vida dos soldados no front e com os danos colaterais. A tirania sempre tem de ser combatida e banida. O que se lamenta é que a humanidade tenha decaído tanto a ponto de possibilitar o surgimento de tiranos impiedosos que se opõem ao real sentido da vida causando caos, miséria e retrocesso. As guerras mostram o coroamento da bruteza dos homens. O período entre 1939 e 1945 foi o mais negro da história da humanidade. Resta saber se na galopante maré do século 21 enfrentaremos fases piores.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

TEMPO DAS VACAS PELE E OSSO

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

A situação vai apertando. Lidar com dinheiro e planejamento financeiro exige responsabilidade e bom senso. Aqueles que nadam no dinheiro fácil, sem um objetivo definido, logo acabam afogando a empresa na falência e o país, na crise fiscal. Sabedoria e alegria deveriam ser as motivações da população. Saber sobre várias coisas e suas causas. Alegria de cumprir tarefas e perceber os avanços que ocorrem. O Brasil vive sob o efeito da revolta e do ódio porque tudo poderia ter sido bem melhor se não houvesse tantos aproveitadores e exploradores.

Até ao ano 2000 as circunstâncias foram difíceis. O PT se aproveitou disso e de novo tem a chance de apontar culpados pela miséria reinante na vergonhosa ampliação de moradias precárias e assumir o poder. Os gestores primaram pelo Estado perdulário e ineficiente, e agarram-se aos privilégios do poder. Durante décadas vivemos a fase das vacas magras, mas parece que agora é o tempo das vacas pele e osso. Como chegamos a uma situação tão crítica? Falta de seriedade e responsabilidade.

O que se esperava do Estado e de seus governantes? O inchaço foi tomando conta com muitos dispêndios e poucos resultados, e hoje a economia não consegue andar. É preciso que os governantes retornem aos seus deveres naturais, mas por serem apaniguados e mandarins, tudo fazem para a situação ficar como está e assim se beneficiarem do conluio espúrio com empresas e interesses inidôneos. Mal-acostumados, os gestores públicos foram abrindo buracos nas contas que ficavam camuflados com o crescimento da arrecadação e nada mudava na gestão perdulária.

Financiamentos para empresas que nada produziram e deram calote. A interferência e dirigismo dos gestores do Estado na economia têm acobertado lideranças pouco empenhadas no progresso do país e sua população, causando atrasos em duas direções: na estagnação econômica e no preparo das novas gerações. Os empresários sérios também ficaram desanimados e os astutos fizeram dobradinha com o poder. Com a chegada dos populistas, soou o alarme e a desestruturação recrudesceu.

Estamos no impasse de um país imaturo que está sem rumo claro. Precisamos de lideranças políticas e empresariais que tenham o propósito de tirar o Brasil do atraso. A desfaçatez tem sido a regra, desacreditando o Estado em sua responsabilidade como, por exemplo, deixando o manuseio do lixo sem solução por décadas, perpetuando os indecorosos lixões. A ineficiência do setor público é agravada com a má fé. Que tipos de pessoas estão nas Câmaras e Assembléias Legislativas? Que tipos de estadistas estão no poder?

O drama de muitos governos, inclusive o brasileiro, é o desvio do dinheiro daquilo que poderia contribuir para a melhora, quando não utilizado para a rolagem da dívida. Gastos elevados com legislativo e judiciário em todo o país. Assim vamos ficando sem saída. Nos anos 1980 ainda havia empresariado e classe política mais consciente, o que foi sendo perdido; além disso, não houve empenho para fortalecer o desenvolvimento dos talentos da população, e uma nação sem talentos está fadada ao declínio.

Com o explosivo crescimento da dívida, ficou evidente a falta de governança sadia. Como reanimar a atividade se a renda se reduz e os custos aumentam; se os importados têm preços inferiores, falta seriedade na gestão do dinheiro público e há especulação desenfreada? Embora tudo seja ruim, pior seria seguir as pegadas da Venezuela onde o Estado se desmancha.

O planeta foi confiado aos seres humanos para se desenvolverem e evoluírem. Desviados de sua finalidade, enveredaram por caminhos obscuros, transformando a Terra num lugar perigoso. A evolução ficou travada, a miséria cresceu, sufocaram a essência espiritual. Inquietas, as pessoas vivem brigando entre si e logo estarão em guerra sem terem se esforçado para entender o sentido da vida à luz da verdade.

Mas a farra acabou; evidencia-se a crise do Estado e os desequilíbrios nas finanças e no comércio global. Como o Brasil poderá se autogovernar com a preocupante projeção de aumento da dívida? O que vai resultar do acúmulo de déficits continuados? Como ativar a economia para criação de empregos e melhoria da renda sem que isso acarrete aumento do déficit comercial? Em 2018 teremos eleições; qual será o programa dos candidatos? Precisamos de governos sérios e fortes, com amor ao país, com capacidade para barrar os interesses escusos e promover o desenvolvimento efetivo.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

O PLANO REAL E AS BANANAS

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Com base no livro 3000 Dias no Bunker: um Plano na Cabeça e um País na Mão, de Guilherme Fiúza, o filme Real, o plano por trás da história faz uma excursão pela montagem do Plano Real no ano de 1994. Se de um lado a inflação galopante mataria o país caso esta não fosse estancada, de outro, a persistência em manter o Real valorizado aleijou a indústria dando chance ao PT para ocupar o espaço do poder em Brasília. Como estaria o Brasil se não tivesse persistido na rigidez cambial e juros elevados? Talvez o país tivesse quebrado e adotado políticas econômicas adequadas àquelas condições. Talvez a indústria tivesse evoluído gerando bons empregos e Lula não teria tido a oportunidade que surgiu com a bagunça econômica que se criou após a impossibilidade de continuar mantendo o Real valorizado.

Todos os países que se apegaram à âncora cambial se deram mal justamente porque o fluxo de dólares depende principalmente de exportações e financiamentos. Como consequência dos desmandos, o Brasil, com 14 milhões sem emprego, está retornando a condição de exportador de bananas.

A roupa suja atirada no colo dos brasileiros pelos irmãos Batista, expondo manobras corruptas envolvendo o presidente Temer, já deu uma esfriada na queda dos juros, que no Brasil vem sangrando há décadas. Antes do Plano Real a taxa Selic era um assombro: mais de mil por cento; depois ficou próxima a 30%, com taxa de dólar fixa. Será que isso foi decorrente das engrenagens das finanças globais que impunham sua força no financiamento para que os países não quebrassem? A falta de reconhecimento da interdependência entre os povos para um relacionamento equilibrado, e o comportamento desenfreado das cobiças tem arrastado a civilização para o descalabro.

Raramente os gestores públicos se preocuparam com o equilíbrio das contas internas e externas, com a boa educação das novas gerações e com a preservação da natureza. Com displicência, permitiram a sangria da verba pública. As transaçõescorruptas vão de juros, swaps cambiais, controle das estatais, benefícios especiais, obras superfaturadas, privatizações pouco idôneas, que ao contrário, requerem um rígido controle da lisura na idoneidade na transferência dos patrimônios públicos. O Estado jamais deveria se envolver na atividade econômica, pois sua interferência tende para relações espúrias. Sua tarefa deveria ser zelar pela ordem e progresso dos povos, defendendo os interesses da qualidade de vida de sua população, mantendo o equilíbrio nas contas e a autonomia. Mas com o advento do capitalismo de Estado, as coisas estão mudando aceleradamente sem que saibamos onde isso vai dar.

A economia deveria prover os recursos necessários para a subsistência e progresso das populações, mas para isso é indispensável que haja liberdade e responsabilidade. O sistema se desequilibrou devido à busca da maximização dos resultados financeiros. O progresso material e cultural dos indivíduos foi estagnando. O voto é livre, mas a escolha é embaraçada pela falta de preparo dos eleitores e dos eleitos. O dinheiro acumulado gerou poder. O capitalismo de Estado, sem democracia, obteve significativo aumento na produtividade e se ajustou às leis da acumulação exportando, gerando protestos nas regiões onde o número de postos de trabalho sofreu redução. E agora, qual será o rumo que o capitalismo do livre mercado vai seguir?

O presidente Donald Trump confirmou que os Estados Unidos deixarão o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, o qual foiassinado em dezembro de 2015 por 197 países e blocos econômicos. Alguns cientistas não querem entender que na natureza tudo está interligado. A compreensão essencial da existência depende da adaptação às leis da natureza como o meio, pois elas são as leis do desenvolvimento da Criação que expressam a vontade do Criador. Segundo Abdruschin, a ciência da religião e a ciência da natureza têm de ser uma só coisa sob todos os aspectos, numa lógica sem lacunas para transmitir a Verdade.

O rumo certo tem de ser alcançado através da boa educação e bom preparo para a vida. É preciso educar as novas gerações para que se tornem fortes e independentes com a compreensão da natureza, e dessa forma possam causar impactos positivos. Os jovens são dotados de capacidades especiais, mas precisam ser motivados para que desenvolvam seu potencial de forma positiva e adequada, contribuindo para a construção de um mundo mais humano.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

O FUTURO DA DÍVIDA E DO PAÍS

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Nos países superpovoados, o que é humano vai perdendo valor. Não é certo que se pague salário quando não se produz nada, mas a produção de riqueza deveria ser distribuída com equilíbrio. Tudo se agrava com os encargos criados pelos governos para sustentar gastança e juros. Os seres humanos são desiguais entre si, mas todos têm a capacitação de se autoaprimorar ou se degradar, pois a livre resolução é inerente. O mundo necessita de pessoas capacitadas para encontrar soluções inovadoras para problemas complexos, isto é, pessoas que tenham a capacidade intuitiva em funcionamento, pois só ela possibilita a visão ampla, como se fosse em terceira dimensão.

A Internet e as redes sociais, como o Facebook, estão oferecendo novas e especiais oportunidades a todos os povos que podem ser bem aproveitadas. O que todos necessitam é ter a chance de se preparar para trabalhar de forma eficiente, e ter uma vida condigna, para que, com isso, se possa assegurar equidade na distribuição da riqueza ofertada pela natureza que acabou ficando concentrada em poucas mãos.

O Brasil precisa encontrar o seu rumo e dar oportunidades para a sua população; enquanto isso não for feito, as portas vão se abrindo para o populismo que se utiliza de todos os meios, quer galgar o poder e suas benesses, desfrutar da gorda arrecadação, dos empréstimos, das estatais, canalizando tudo para as contas pessoais para fazer frente às grandes corporações que ganham o que querem. No meio permanece a população sempre levando a pior.

A irresponsabilidade no trato do dinheiro público vai desequilibrando tudo. Quanto estão devendo Estados e prefeituras? Vendem o imposto adiantado, como vão pagar as contas? Assumir dívida com juros de R$ 540 bilhões no ano de 2016, somando com o previsto para 2017 chegaremos a R$ 1 trilhão em dois anos, não é uma coisa que vai além da imaginação? Enquanto a colossal dívida dos Estados Unidos de US$ 18 trilhões, a juros de 1% acarretaria um acréscimo de US$ 180 bilhões, o Brasil com dívida equivalente a US$ 1 trilhão (dólar a R$3,50) gerou encargo da ordem de U$ 155 bilhões. É fato que o Brasil não emite dólares, mas isso não justifica essa enorme disparidade.

No Brasil, a cotação do dólar é muito volátil: em janeiro de 2015 foi de R$2,50; em setembro de 2016, R$ 4,10; e em fevereiro de 2017 ficou em R$3,06. Qual é o efeito sobre a indústria, exportações e inflação? Além dos juros, a flutuação do real também é fator de entrada dos especulativos: entra na cotação alta para sair na valorização, levando muito mais dólares? Enfim, o que se observa é a grande desordem monetária e cambial global.

O jogo do dinheiro ainda poderá criar um pânico mundial com a dança das moedas que se desvalorizam correndo para as que se valorizam. Trata-se de um volume monumental que nada tem a ver com a produção e comércio de bens; é mero jogo financeiro de fuga de um lugar para outro, um dinheiro que vai e vem como enxame nesse mundo que abriu as portas para a livre circulação monetária, seja para investimento e produção ou pura especulação. Se houver perda de estabilidade das moedas, a qualquer momento poderemos ter a nova corrida do ouro causando pânico geral nos mercados.

Mais juros diminui a inflação, ou o contrário? Num país como o Brasil que gasta mais do que arrecada, que tem um ralo de dimensões gigantescas na corrupção, que não consegue equilibrar as contas internas nem as externas, que vai aumentando a dívida, os juros são uma parte ofensiva, e o grande nó é o crescimento da dívida, que com juros compostos elevados logo vai além do PIB. O problema, como já se tem dito, é o gasto descontrolado, a falta de atender ao que é prioritário. Então o que fazer para fortalecer o país para gerar empregos, estabilidade, crescimento compatível com as necessidades humanas, além do controle das contas? Soluções precisam ser encontradas. Que debatam os entendidos.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7