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SOMBRAS PAIRAM SOBRE A HUMANIDADE

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

O problema atual da humanidade é que a fé no homem foi perdida, pois com sua cobiça e egoísmo tornou vazia e insipiente a presença da espécie que deveria elevar o nível e a qualidade de vida no planeta. Mas com o seu embrutecimento, teceu quadros de absoluta miséria e feiura, emoldurando com ilusões e teorias toscas e incoerentes a existência que deveria ser simples e natural para ser proveitosa. Urge resgatar os valores da essência humana, pois a vida tende a se tornar mecânica.

Há muita teoria econômica, mas o dinheiro vai numa direção só. Para que haja paz e progresso no mundo, tem de haver equilíbrio nas contas entre os povos, aspecto descuidado pela maioria dos governantes. O tabelamento de preços é condenado por grande parte dos economistas, mas não se alarmam quando a cotação do dólar – mercadoria rara nos países deficitários – fica com preço fixo, aumentando os déficits sem que surjam oportunidades de aumentar o PIB e a renda pessoal. A economia se rege por muitas variáveis, mas as análises têm sido restritas; deveriam ser mais abrangentes no contexto da democracia e da globalização e direcionar para soluções duradouras.

Num mundo desequilibrado, não se olha mais para a essência das coisas. O tamanho da dívida do Estado sempre deve ser levado em consideração e não apenas a capacidade de administrá-la, pois os encargos permanecem sugando continuamente. O Estado tem de dosar bem isso e não descuidar de sua tarefa de criar oportunidades para a melhora das condições de vida.

Para onde vai o Brasil? O país tem sido laboratório para os mais estapafúrdios experimentos: planos Cruzado, Bresser, Color, Real, sempre com juros acima da média mundial, sempre desatento com os déficits interno e externo. Manteve-se dólar barato sem ter disponibilidade de dólares, abriram-se as portas, mas a indústria foi golpeada, e caímos nas mãos da pior classe política, deseducadora das novas gerações. E agora? O problema está no presidente Temer e a descoberta de atos corruptos ou já estava tudo estragado desde o início do século, e no governo Dilma desandou de vez? Como vai ficar o Brasil? O que quer a população? Como modelar o seu querer para o bem diante do atual quadro sinistro e incertezas para as eleições de 2018?

Chegamos ao ponto crítico. Não basta um nome que possa angariar votos; o problema é o sistema viciado com a classe política buscando oportunidades para ganhar milhões em jogadas nocivas para o país, agindo como se fosse dona de tudo levando o Brasil para o abismo, enquanto o viver e a cultura vão decaindo brutalmente, gerando descrença geral nos homens.

Quem são os mandantes do mundo? A Venezuela foi insurgente, nunca esteve tão mal como agora. Há grupos interessados em adentrar numa aventura de fortalecer o poder do Estado, mas isso não trará nada de bom, pois tais grupos querem a tomada do poder para si e seus fins. Faltam líderes estadistas que visem o bem geral. A classe empresarial global precisa de maior flexibilidade, ser responsável com a humanidade e abandonar o “tudo para nós e nada para os outros” que inspirou o colonialismo e a exploração de uns pelos outros.

O futuro depende da boa formação das novas gerações. Falta conscientização e motivação para as crianças estudarem. São motivadas para tudo quanto é besteira menos para entender a vida e se prepararem para agirem como seres humanos de qualidade. Esta falha é primeiro dos pais e depois do governo federal, Estados e municípios que não olham para as novas gerações como o futuro, deixando-as incultas e sem fornecerem uma base sadia de aprendizado e bom relacionamento com as pessoas em geral, oferecendo-lhes conteúdo de valor por livros, internet, vídeos, em vez da baixaria disponível.

Após as mortes e mutilações provocadas pela Segunda Grande Guerra, muitos estudiosos passaram a refletir sobre os fundamentos da civilização humana. Atualmente, essa triste lembrança ficou apagada e as pessoas não mais pesquisam o significado da vida enquanto o viver vai se tornando áspero e vazio, em oposição à Vontade do Criador que ofertou a Terra para o progresso dos seres humanos.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

COMO SAIR DO TURBILHÃO

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Com a aceleração geral, o ser humano está perdendo a capacidade de refletir e analisar a vida e os acontecimentos que o rodeiam e não consegue mais refletir por si, perdendo a essência e capacitações. A vida está acelerada, mas cultural e moralmente há estagnação e retrocesso. Os relacionamentos são superficiais, movidos por interesses do momento. No turbilhão de acontecimentos, o desgaste é grande e tudo vai ficando efêmero, sem que se aproveite o presente de corpo e alma, com intensidade, colhendo vivências úteis. Não há mais espaço para reflexões sobre a espiritualidade.

Há muitas questões para serem pensadas e examinadas, mas na aceleração em que estamos vivendo nada se pensa porque falta vontade e os problemas se avolumam, pois não são compreendidos e nada é feito para solucionar, o que amplia o distanciamento do ritmo natural da vida. Nada mais é respeitado e as leis naturais da Criação permanecem desconhecidas. Tudo vai empurrando e sendo empurrado para o vazio, alienação e depressão. Perde-se a tranquilidade da alma. A vida vai seguindo sem que se saiba exatamente por que e para quê.

Evidentemente, a velocidade das comunicações e dos transportes impulsiona as tomadas de decisões. Através do celular, as pessoas são acionadas dia e noite. Essa nova situação possibilitou a ascensão do dinheiro ao centro das motivações humanas, dando ensejo a operações especulativas aceleradas que provocam instabilidades permanentes no mercado e aumento da aspereza nos relacionamentos, pois o dinheiro se dissociou da economia real e gira pelo mundo visando gerar mais dinheiro em operações ousadas e competitivas entre grupos poderosos, interferindo na economia de Estados e suas populações.

A aceleração geral tende a criar a avidez de consumir sem parar para refletir e desfrutar, provocando o esgotamento dos recursos; o planeta já mostra fraturas expostas. Com a limitação dos recursos, agravada pelas alterações climáticas e elevada população que precisa ser atendida, os preços dos bens essenciais tendem a subir gerando inflação, com exceção daqueles produtos que encalham nos pontos de venda porque falta renda nas mãos dos consumidores. Não se trata só de uma questão monetária, mas de algo mais limitante. Mesmo assim, não faltam os que advogam que o controle de preços exige a necessidade de manter as taxas de juros elevadas, restringindo a economia ainda mais.

O desenvolvimento humano e o nível de qualidade de vida no Brasil vêm se arrastando desde os tempos do Império. Atualmente o Brasil ocupa o 79º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A economia se encontra no chão, abatida e sem forças para se reerguer. Ganhos especulativos com juros, câmbio e cambalachos criaram um ambiente propício para a busca de vantagens particulares em prejuízo do progresso real do todo. A questão é como ter uma economia com sustentabilidade e fortalecimento do mercado interno?

O aumento da aspereza se torna uma constante. Perde-se tempo precioso com futilidades, mas a dor causada pela grande aspereza poderá despertar aqueles que cultivam o anseio inconsciente para entender o que está se passando. Mesmo assim, correm o perigo de serem afastados de seu anseio e de sua busca pela compreensão, pois a aceleração dificulta a parada para pensar. O desassossego se multiplica com as nuvens de informações e imagens que querem adentrar na mente das pessoas sem pedir licença. Imagens chocantes. Palavras de horror e desesperança que atravancam e desorientam, desconectando o indivíduo do que se passa ao seu redor. Com tanto impacto negativo, o mundo se desumaniza.

O aprendizado da vida ficou soterrado sob o monte de entulho despejado sobre o cérebro dos estudantes, enchendo-lhes a cabeça sem que seja formada uma estrutura básica para raciocinar com clareza. Não há tempo para o sonho, nem para a reflexão pausada. Alguns países deram à educação um papel preponderante na formação de uma civilização séria e disciplinada, com alvos nobres. No entanto, a educação deve alcançar o nível compatível para promover discernimento, profundidade e humanidade. Desacelerar é o imperativo para sair do turbilhão e restabelecer o ritmo natural do corpo e da alma, humanizando a vida.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7