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O MAESTRO E O MAR – SÉRIE NETFLIX

Resumo da ópera: série bem trabalhada, belas imagens, personagens diversificados. Um retrato da civilização atual com sua frieza, passando rapidamente pelas crises da humanidade, inclusive a da dívida da Grécia, e também com fortes emoções pessoais.

Trata-se de uma série densa, em que o maestro Orestis (Christoforos Papakaliatis), um homem de boa vontade que desanimado com acontecimentos da própria vida vai para Paxos, uma ilha pacata na Grécia, com o objetivo de relançar um antigo festival de música. Ele acaba se envolvendo como os moradores locais, o que o coloca em situações misteriosas e difíceis. É uma história de encontros e desencontros tendo a sexualidade como denominador comum das relações entre os personagens.

Pais, filhos, namorados, amantes, algumas vezes parecem estranhos embora pertençam à mesma família. Como explicar essa contradição? Seria puro acaso? Mas existe o acaso? Só se pode entender o emaranhado dos fios do destino levando em conta a reencarnação, o carma, os encontros programados pelo destino. Há um pouco de tudo: a ousadia das mulheres, a desfaçatez dos homens, a incerteza e a falta de esperança que os leva ao desatino. Foram pinçadas as mais angustiantes questões que afligem os seres humanos, embora as causas sejam desconhecidas, uma certa compatibilização é buscada.

Que mundo é esse em que estamos vivendo? É o que mostram as imagens de O Maestro e o Mar.

NO RITMO DO CORAÇÃO

No Ritmo do Coração (CODA – child of deaf adults – filhos de adultos surdos), baseado no filme francês A Família Bélier (2014), conta a história de Ruby (Emilia Jones), uma menina que ouve bem, mas cujo pai, mãe e irmão são surdos. Os pais são pescadores na cidade de Gloucester, nos Estados Unidos, e Ruby é a única da família que escuta e sabe traduzir a linguagem dos sinais. Enquanto puxam a rede e separam os peixes, Ruby gosta de cantar belas canções. Observa-se que o horizonte familiar é restrito, indo pouco além da sobrevivência.

O filme mostra de forma sutil e bem-humorada que o ser humano tem de buscar algo mais especial em seu viver, indo além das banalidades e da forma de vida instintiva dos animais que se constitui em comer, dormir, se alimentar e se reproduzir. Os humanos também fazem isso, mas também procuram diversão. A dedicação ao trabalho é uma forma de escapar do vazio existencial, cumprir as tarefas, respeitar prazos, pois o cérebro precisa ter algo para pensar e fazer para não ficar vagando a esmo e procurar um lenitivo para aliviar a tensão, como fumar, beber ou qualquer coisa, mesmo que seja para um alívio passageiro.

Com o abandono da intuição, a humanidade deixou de se aplicar seriamente na busca do significado da existência e muitos vivem como se fossem robôs. Em vez disso, as questões menores e as banalidades do dia a dia tomam todo tempo e se tornaram a base do viver, sem que surja abertura para uma incursão séria pela espiritualidade.

Muito dedicada, Ruby não mede esforços para ajudar sua família, mas como será seu futuro? A família poderia contratar um intérprete para atender às exigências da atividade pesqueira e seu comércio. A jovem tem no canto a sua vocação, mas fica no dilema entre o sonho de estudar na faculdade de música Berklee ou ajudar a família. É nessa hora que o pai revela sua maturidade ao perceber que a menina, a filhinha querida, estava crescendo e tinha de seguir a própria vida.