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COMO SAIR DA ESTAGNAÇÃO

De tanto verem cenas de pessoas fumando, homens e mulheres passaram a achar que fumar seria algo natural, esquecendo de que se trata de uma ação nociva para a saúde. Esse processo de condicionamento acabou tendo grande aplicação, pois ficou demonstrado que o cérebro vai assimilando tudo o que lhe é mostrado de forma repetida. Atualmente, as comunicações estão empregando com frequência o uso de falsidades e violência com uma frieza jamais imaginada. O que se poderá esperar dessa forma de comunicação?

Se as pessoas não examinarem atentamente tudo que receberem, teremos o caos muito em breve, inclusive na economia onde se fala muito, mas não se apontam as causas reais da estagnação e as soluções adequadas. Cada ser humano deveria dar sua contribuição de acordo com as suas características individuais. Mas os seres humanos foram se acomodando, não examinando a vida por si mesmos, nem buscando conclusões próprias refletindo intuitivamente, o que fortaleceria o eu interior.

Com o aumento da indolência, ampliou-se a aceitação sem examinar tudo o que era oferecido de fora. Surgiu o produto de massa com hábitos facilmente identificáveis que se revelam através de algoritmos estatísticos. O ser humano tem de reconhecer a importância da reflexão e seguir a lei do movimento certo para não estagnar e enterrar os talentos espirituais, passando a agir como máquina repetidora.

O homem tem de entender a natureza e suas leis, mas em seu afã de dominá-la se torna um ignorante. Quando não observadas, as leis naturais são implacáveis, como a da gravidade. O que ocorre no plano físico da natureza também ocorre em outras áreas, como no descontrole das dívidas, das contas, do comércio, no dinheiro público, nos descuidos com a população.

A mentira, a falsidade, a ocultação da verdade sempre existiram. O que se espalhava boca a boca e pelo jornal impresso, hoje inunda o ar. Agora vivemos o auge da mentira em tudo na vida, mas com as novas máquinas e programas será mais fácil criar narrativas falsas. Ainda veremos maior frieza e astúcia na preparação e divulgação das falsas narrativas motivadas pela cobiça dos homens e da geopolítica.

Com o incremento das importações, a produção ficou travada desde os anos 1990. Urge ativar a produção e criar empregos, mas através de atividades úteis e benéficas, melhorando a renda e o consumo. Sem produção, a circulação do dinheiro definha acarretando estagnação. Com o declínio da produção os custos ficaram insuportáveis e muitas empresas fecharam as portas.

Alguma ação paliativa é necessária, mas não será suficiente, como simplesmente disponibilizar o dinheiro para as pessoas consumirem. Necessitamos algo duradouro que dê estabilidade à economia e à vida, senão continuaremos caminhando aos sobressaltos sem sustentabilidade. Os imediatismos geraram a desorganização e decaímos às dificuldades semelhantes aos anos 1930, mas ficamos sem força para produzir.

Baixar os juros SELIC representaria segurar o crescimento da dívida e, enquanto o mundo baixa os juros, não fazer o mesmo serviria para atrair capitais especulativos que promoveriam a valorização do real, mas o caixa do governo com déficits nas contas continuaria no aperto.

As nações surgiram decomunidades estáveis formadas por vontade própria de um grupo de indivíduos, com base num território, numa língua, e com aspirações materiais e espirituais. Com a massificação, isso mudou. As aspirações de progresso material com equilíbrio foram substituídas pela cobiça e guerras, e as espirituais de amplitude universal, por religiões que deram espaço aos sectarismos e fundamentalismos, em vez de se tornarem o solo adequado para o progresso espiritual da humanidade. O espiritualismo inato perdeu força diante do fortalecimento do materialismo egoístico encobridor das causas da decadência.

Tornado politicamente independente em 1822, o Brasil não avançou o tanto quanto poderia se tivesse sido bem administrado. Ainda falta muito para ser uma República digna e humanista. O pessimismo se instalou entre os empresários. As novas gerações desanimam com empregos elementares de baixos salários. Há cerca de 14 milhões de desempregados. A população, que há décadas sofre com a falta de bons rumos para o país, está saindo do torpor e ordeiramente vai pedindo a recuperação e a libertação da desfaçatez e da estagnação moral e econômica. Precisamos das condições que assegurem mais produção, empregos, renda, educação e progresso real.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

CHARLATÕES E O ATRASO

Ao entrarmos no ano de 2019 ressurge a pergunta: o que quererem os seres humanos que receberam a Criação para se desenvolverem? As aspirações estão rasteiras. Tudo está muito abaixo do nível que se poderia esperar de nosso potencial. As pessoas se deixaram rebaixar, as novas gerações foram mantidas nesse patamar baixo. E agora? Deveriam estar sendo despertadas para construir um futuro melhor, em equilíbrio entre dar e receber.

Charlatões é o que não falta no mundo, mais ainda no Brasil. A charla é a fala que agrada aos ouvidos dos incautos. O charlatanismo é a exploração da credulidade pública. Se as atividades em geral não estivessem contaminadas pelo charlatanismo, o mundo seria outro; as grandes crises dos anos 1930 e 2008 não teriam ocorrido, nem as guerras mundiais. Há vários estudos sobre as terapias econômicas empregadas para debelar a crise dos anos 1930; no entanto, pouco se ouve falar sobre a busca das causas que provocaram o declínio que rompeu tradições seculares, incluindo o comportamento ético e moral que passou a ser avaliado pela utilização do tempo e resultado financeiro.

No Brasil, as commodities são importantes, mas ficar eternamente pendurado a elas não deu bom resultado para o todo. Precisamos de solução para a estagnação econômica que avançou pelas demais atividades fora as commodities sempre sujeitas à instabilidade, apesar de que a produção de alimentos poderá sofrer comprometimentos climáticos e se tornar estratégica. Fala-se que para debelar a crise econômica a solução é produzir bens para exportar.

A China criou a via do Estado Capitalista, com governo forte, que suprime a liberdade e a individualidade, onde o ser humano é tratado como robô; substituiu a ideologia pelo acúmulo de reserva em dólares, subverteu a teoria econômica estabelecendo preços abaixo do possível nas estruturas de produção do capitalismo de livre mercado; isso está promovendo precarização geral com alguma melhora para a população espremida pelo regime comunista. No que isso vai dar não se sabe, mas já há guerra comercial. Além disso, há um conjunto de fatores que incluem a displicência de muitos governos cujo objetivo prioritário era vencer a próxima eleição.

A reserva cambial do Brasil cresceu em reais, mas a dívida pública também. O aumento do passivo pela capitalização de juros superou o ganho contábil com a depreciação do real. O lamentável foi ter permitido que a dívida tivesse crescido tanto a ponto de travar tudo ao lado do processo de desindustrialização que se instalou com a valorização do real desde o final dos anos 1990, inviabilizando as exportações de bens manufaturados.

Com o declínio nas oportunidades de trabalho e na renda o consumo cai. O açambarcamento dos recursos da natureza e o aumento da capacidade produtiva instalada têm acarretado problemas pelo mundo, desequilibrando a economia. O capitalismo de livre mercado vem sendo absorvido pelo capitalismo de estado. Há muita capacidade ociosa e desemprego pelo mundo. Cada povo tem de se voltar para a melhoria interna, criando oportunidades de trabalho, recebendo a adequada compensação e aproveitando as horas de lazer de forma construtiva.

No Brasil, o regime escravocrata permaneceu por longo tempo. Após a abolição em 1888 não houve uma pronta mudança de mentalidade. Getúlio Vargas, sensibilizado, introduziu a legislação paternalista da CLT que ao longo do tempo provocou várias distorções. Com a globalização, a produção de bens migrou para outras regiões mais flexíveis, desarranjando tudo, gerando conflitos comerciais, desindustrialização e perda de empregos. Mas o necessário ajuste da CLT não será suficiente para a reativação da economia. O capitalismo de livre mercado não está conseguindo diversificar a produção além das commodities.

O que vai ser possível arrumar na economia desarranjada? Os gastos estúpidos e a roubalheira? Em cinco anos foram capitalizados dois trilhões de reais na dívida, e nada melhorou no país: educação, estradas, saúde. Certamente, com seriedade, vamos parar de piorar e com o tempo teremos melhoras, mas é preciso equilibrar as contas internas e externas e dar trabalho para a população obter renda e consumir. Para alcançar o futuro promissor, o Brasil tem de banir as mazelas da falta de caráter e patriotismo, dar bom preparo aos jovens motivando-os para a sadia construção do país.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A ECONOMIA E A FANTASIA

A vida está aborrecida para muitas pessoas. A questão do suicídio de jovens vem à tona, mas em análises sem profundidade. As novas gerações viram muitas coisas feias e hoje observamos a vida vazia e incompreendida que afeta bilhões de pessoas. Por mais dolorido que seja o despertar para a vida adulta, o jovem precisa reconhecer o presente que a vida é.

O amor da juventude incorrupta é sempre bonito de se ver, mas as tragédias são tidas como coisas do acaso; crendo nisso, as pessoas poderão desacreditar da Justiça maior quando assistirem a tantos filmes e novelas que terminam no vazio, em que os personagens terão de prosseguir suas vidas sem saber que rumo tomar para sair da confusão. Diante dos acontecimentos agradáveis ou trágicos da vida, as pessoas deveriam se esforçar para compreender o significado, afinal que raio de vida é essa em que acontecem tantas coisas ruins? Não é à toa que muitas coisas dão errado, sempre há uma causa.

Drogas, alcoolismo, cigarros, tudo danoso, constituem um atentado contra a saúde. A maconha, além do mais, afeta o cérebro e a psique, ou como dizem, é o cigarro de pessoas com problemas psíquicos. Causa espanto o montante de dinheiro envolvido no negócio. A questão do dinheiro se complica. Comércio e indústria necessitavam de um instrumento para agilizar as operações; foi aí que o pesado dinheiro metálico foi sendo substituído pelo simples papel impresso, mas com este veio uma nova questão: quem vai controlar e quem vai garantir o dinheiro que acabou se tornando uma variável independente dissociada da economia real que é a geradora de produção e lucro. Daí surgiram as confusas medidas de gestão monetária e passamos a viver no mundo da fantasia.

Com o reducionismo imposto à indústria, surgiram várias consequências negativas, como o atraso geral na esfera de produção, na capacidade técnica da mão de obra e no bom preparo das novas gerações. Arraso geral. O Brasil descuidou da indústria desde que implantou uma dolarização disfarçada. Qual é a recomendação dos candidatos para recuperar o atraso no setor produtivo?

O problema dos países com desequilíbrio nas contas internas e externas é que estes passaram a cobrir os déficits com dinheiro de curto prazo, o hot, que entra e sai a qualquer hora, sem compromisso, apenas olhando para o diferencial de juros. Um desarranjo que não se sabe como ou quando será resolvido, e tome precarização em larga escala. A estruturação das finanças tem levado a continuado déficit sem que nada tenha sido feito além das conturbadas dolarizações e sacrifícios.

Os governantes descuidam das contas como se estivessem na casa de ninguém e o resultado são essas dívidas enormes constituídas sem que ocorressem melhorias no país. Na Argentina, a dívida equivale a 50% do PIB, algo equivalente a 300 bilhões de dólares, sendo 210 bilhões a dívida externa. O déficit anual acrescenta 30 bilhões. Um desarranjo produzido ao longo de décadas.

No século passado, no Brasil, muitas empresas caíram na Resolução 63 para empréstimos em dólar e ficaram mal com a alta da moeda norte-americana. A armadilha se repete. As dívidas em dólares de empresas dos países emergentes triplicaram, alcançando em 2016 cerca de US$ 25 trilhões, ou 110% do PIB dessas economias. O câmbio mata: se a empresa tem dívidas em dólares e receitas em moeda local, altas abruptas do dólar – ou desvalorizações súbitas da moeda local – podem trazer prejuízos consideráveis. Inflação também traz danos, mas, se denominado em moeda local, essas perdas são mais fáceis de administrar do que as perdas cambiais.

A economia se transformou no mundo da fantasia que surgiu com a possibilidade de emitir dinheiro do nada. Há muito mais dinheiro rodando especulativamente do que o montante do PIB global. O Brasil já suportou muitas perdas nas escandalosas manobras cambiais. Quando o Real desvaloriza, entram muitos dólares, para saírem mais gordos quando o Real valoriza. Bilhões já se foram nessa gangorra. A recessão global vem aí, o Brasil que se cuide para não queimar sua reserva e que trate de produzir mais porque importar vai ficar difícil. É preciso, no mínimo, assegurar uma condição de sobrevivência condigna para não cairmos no caos e desordem.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7