A “Idade das Trevas” é uma delimitação temporal da história que apresenta a estagnação cultural e econômica que ocorreram na Europa em decorrência do declínio do Império Romano do Ocidente. Esse período do ano 476 a 1453, também denominado “Idade Média”, com a conquista da cidade de Constantinopla pelos turcos-otomanos, foi dominado culturalmente pela religião. Foi uma época de avanço das trevas e obscuridade em que a original Mensagem de Luz trazida para a humanidade por Jesus foi sendo desfigurada por falhas de memória, alterações e inserções mais condizentes com a vaidade humana. Foi um período que manteve a humanidade estagnada em sua evolução espiritual.
O Renascimento foi um movimento cultural, econômico e político que surgiu na Itália do século 14, se estendendo até ao 17 por toda a Europa. Os renascentistas se colocaram como herdeiros do pensamento e da ciência desenvolvidos por gregos e romanos, dando ênfase ao intelectualismo materialista fazendo renascer a cultura da antiguidade, menos no que tange ao saber sobre os Entes da Natureza, reconhecidos por gregos, romanos e outros povos, embora com outros nomes, e que foram relegados à confusa mitologia.
Para os iluministas do Renascimento, a Idade Média era o tempo da escuridão mental e ignorância. Durante o Renascimento, convencionou-se chamar a Idade Média de Idade das Trevas, mas na verdade a idade das trevas perdura até nossos dias, pois o avanço do intelectualismo se voltou inteiramente para o materialismo sufocando o pouco de espiritualismo que havia restado do passado.
Dois fatores foram progressivamente reduzindo a influência e interesse pela religião: a evolução do dinheiro e a Revolução Industrial, mas podemos dizer que ao lado dessa última teve início a revolução financeira que a tudo afetou. A economia e finança passaram a ser a grande motivação das nações e dos homens do dinheiro, a geoeconomia. A Inglaterra e a França queriam assegurar suprimento de recursos naturais, matérias primas, energia e mercados para as manufaturas, e adentravam pelo sul para constituir colônias. Nesse ínterim, os Estados Unidos iam se fortalecendo e acabaram afirmando que a América era dos americanos através da Doutrina Monroe. A Alemanha entra na conversa, com população disciplinada foi galgando posição na técnica com produtos de boa qualidade e preços competitivos. Com o avanço econômico e da competitividade da Alemanha, a economia ia se complicando chegando aos embates da Primeira Guerra Mundial.
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Os alemães foram sendo conduzidos para o materialismo místico, pondo de lado a clareza das leis da natureza, queimando livros contrários à sua ideologia. A Inglaterra e os Estados Unidos avançaram no controle do dinheiro e das finanças. A Alemanha, se ressentindo disso, tenta buscar outro caminho para evitar depender de capital externo, gerando atritos irreconciliáveis que deram origem ao mais trágico embate, a Segunda Guerra Mundial que se estendeu de 1939 a 1945 com muita destruição e sofrimentos.
No pós-guerra surgiu um alento, a humanidade queria paz e progresso e houve um período de leveza propício para reflexões sobre o sentido da vida, mas prevalecia a cobiça por riqueza e poder. O mundo foi caminhando para o desenvolvimento tecnológico e inovações. Logo ficou evidente que muitos países ficariam para trás na educação, avanço científico e tecnológico passando à condição de dependentes nas finanças e tecnologia, restringindo-se ao fornecimento de alimentos e matérias-primas.
A situação foi caminhando com alguma melhora na qualidade de vida, até surgirem as crises financeiras, o endividamento público e a globalização da produção. O dinheiro se tornou o grande ídolo. As corporações foram produzir na China onde a mão de obra era muito mais em conta, e todos eles estavam satisfeitos com os resultados. Aparentemente não haveria mais razão para guerras, a globalização era a solução preferida. Com preços imbatíveis, a China foi penetrando nos mercados inviabilizando a produção industrial local.
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Tudo caminhava a contento, a China enriquecia e ia adquirindo a nova tecnologia passando a produzir produtos de qualidade, almejando ter moeda forte. Até que os americanos descontentes elegeram Donald Trump que dizia “América primeiro” e passou a tomar medidas para atender às necessidades do povo americano, contrariando os postulados da globalização.
Veio a guerra comercial e o recrudescimento da geoeconomia. No Brasil, Jair Bolsonaro foi eleito sem o apoio da mídia, surpreendendo a classe política acomodada no poder há décadas. Eis que os chineses são atacados pelo Covid-19, o novo coronavírus, e não divulgam logo a gravidade da doença que ataca o pulmão, e tudo está parando. Cidades inteiras fechando o comércio, parando de produzir, de vender, receber e pagar. A situação é tanto mais grave pelo artificialismo do sistema econômico global que fechou fábricas, desempregou e deixou os papéis da bolsa irem subindo sem consistência, e tudo foi caindo. Bancos Centrais falam em despejo de dinheiro para acalmar os mercados, mas e a produção?
Estaria a humanidade sendo conduzida para o beco sem saída e não está vigiando nem orando? Nem percebendo? Durante décadas, as autoridades assistiram passivamente a proliferação de comunidades com moradias precárias em áreas de alto risco e a população manipulada para fins eleitorais. Um cômodo para toda a família, como falar em isolamento? Os estrategistas precisam buscar soluções para contornarmos as dificuldades na saúde e na economia para impedir o declínio do Brasil e seu povo.
Há décadas vivemos em plena guerra econômica que agora se acirra visando aumento de riqueza e poder. Os países e a população são manipulados diariamente sem perceber. Tudo faz parte do jogo onde os ganhadores são sempre os mesmos enquanto aumenta a precarização geral.
Vivemos os tempos das epidemias e outras catástrofes, mas os seres humanos continuam dominados pela cobiça de poder, deixando a humanidade sujeita a projetos de supressão da liberdade. A era das trevas é hoje com a humanidade conduzida para o superficialismo desde longa data e agora sujeita aos artifícios da guerra de comunicações com múltiplas formas de influenciar as pessoas de modo que elas não se conscientizam da manipulação. A humanidade deveria se voltar para a compreensão do significado da vida e da situação em que deixamos o planeta e o Brasil. Afinal, para que nascemos? A humanidade tem de avançar para além do materialismo e se esforçar para encontrar a Luz da Verdade.
* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7