A TERRA E A ECONOMIA
A meta da construção da Terra era dotar o planeta de todas as condições para acolher a vida humana com sustentabilidade. Cabia aos humanos e seus governantes compreenderem exatamente como a natureza funciona em sua automaticidade. Movidos pela cobiça de poder, os homens descuidaram disso, improvisaram, inventaram, contornaram, mas os efeitos não se fizeram por esperar, e o planeta apresenta terríveis sinais de deterioração causada pela espécie que abrigou para evoluir.
Todos os seres humanos têm de ouvir a intuição, pois se seguirem o caminho simples e natural da vida perceberão que são frutos espirituais da Criação, eternos aprendizes. As pessoas estão abdicando de suas capacitações de examinar, ponderar, refletir de forma intuitiva, o que permite a ampliação e dominação da manipulação de fora, agora facilitada pelos novos recursos tecnológicos. Há uma guerra nas comunicações com informações e desinformações, muitas vezes as pessoas são induzidas a acolher um conteúdo bem formulado, sem atentar para o significado corrosivo da comunicação.
Estamos vivendo um momento muito delicado; tudo está oscilando, da economia à sociedade; das alterações climáticas ao equilíbrio psicoemocional. Temos de compreender o que viemos fazer neste planeta acolhedor, o qual abusado e menosprezado, apresenta, como consequência de nossos desatinos, catástrofes naturais e hostilidade à vida humana.
Num mundo dominado pelo dinheiro, corrupção e mentiras, a humanidade tem enfrentado muitas crises econômico-financeiras, a maior foi a de 1929 que afetou todos os países. Mas, uma nova crise está sempre presente no radar econômico. A economia se apresentava engasgada. Com a chegada da pandemia global tudo parou.
O enfrentamento da dívida externa dos anos 1980 gerou a hiperinflação; mesmo assim o Brasil empregava e produzia manufaturas. Os economistas inventaram a âncora cambial e os juros altos para atrair dólares. O ganho com importados baratos gerou perdas, exportando empregos e atrasando a técnica de fabricação. O ocidente está enfrentando a crise do monetarismo que fez tudo girar em torno do controle do dinheiro e rentismo, fechando fábricas. A China, com reserva elevada, e planejamento centralizado, prossegue ampliando a fábrica mundial e sua influência na economia tornando difícil a recuperação da competitividade do ocidente. A economia mundial desequilibrada tende à ruptura, ampliando as tensões geopolíticas, e mesmo governantes bem intencionados nada conseguem fazer.
A polarização internacional está criada. A diplomacia vai trocando as luvas de pelica pelas de Box. Os habitantes da Terra precisam de sete bilhões de quilos de comida por dia. O Brasil se torna parte fundamental no jogo geopolítico, mas é preciso que haja seriedade dos governantes para não entregar tudo de bandeja, visando seus próprios interesses como sempre têm feito. A situação já tensa poderá se agravar se chegarem a trocar as luvas de Box por algo mais pesado.
A crise hídrica já é ameaça global. Na maior parte do mundo a demanda vai superar a disponibilidade. Essa notícia aumenta a indignação com a displicência da população e seus governantes. Água é vida. Há dez anos o entorno da Grande São Paulo já estava seriamente comprometido com ocupações irregulares com moradias precárias, em regiões com mata, sem que as autoridades e a imprensa tivessem feito uma campanha para impedir ou reduzir o impacto nas regiões urbanas. Nada foi feito, nem orientação da assistência social, nem planejamento, nada, um horror que alcança rodoanel e demais rodovias. Núcleos onde a família se degrada, a violência e a droga se instalam, e nada mais se faz.
A questão da umidade do ar tem sido menosprezada há séculos, desde o início da industrialização na Inglaterra. Os cientistas pouco se ocuparam com as leis da natureza achando que podiam tudo. A população mantinha algum respeito intuitivo à natureza, mas tudo foi sendo extirpado na medida em que o materialismo assumia o controle da vida deixando o espiritual para trás. Agora a natureza vai mostrando a sua força e as consequências dos mecanismos destruídos.
A riqueza real provém unicamente da natureza, a grande crise virá quando a natureza se negar a continuar ofertando as benesses que asseguram a continuidade da vida. A crise não será contornável nem pelo dinheiro nem pela força; dependerá apenas da situação íntima de cada ser humano frente às, até hoje pouco compreendidas, Leis da Criação.
* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br
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