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O CONFRONTO DAS CIVILIZAÇÕES

Num mundo onde o amor está sumido, a aspereza avança ferindo a sensibilidade. Há mentiras descaradas para todos os lados. No Brasil havia pobreza, mas as pessoas tinham consideração e o viver era mais sereno. No presente tudo está ficando difícil. O celular e a internet criam pressão, pois não há contato humano e as relações acontecem através da máquina. Há frieza e inquietação na obediência ao aplicativo. E de repente, um ciclone mais forte que os anteriores. O que será? A poluição, a devastação ambiental, o sol queimando mais combustível, esquentando?

Na pós-pandemia muitas pessoas estão externando sua rudeza e falta de consideração. Quem dirige automóvel enfrenta um perigo adicional de motoristas estressados e sem consideração. O ser humano não é confiável. Há que se saber manter distância e desapego. Mas amizades sinceras, não invasivas, são essenciais. A especial sintonia da igual espécie e propósitos amplia resultados.

A natureza tem as suas leis lógicas e coerentes, mas a humanidade afastou-se delas e por todos os lados vai semeando consequências negativas que poderiam ser evitadas para um viver sereno sem os conflitos atuais. Faltam amor e sincera consideração. Quem gosta de escrever, ao ver algum acontecimento, junta palavras que vem à sua mente, descrevendo o seu modo de ver; é a diversidade e a intuição. A mesma situação se dá com pintores, músicos e outros artistas que têm o desejo de externar a emoção sentida mesmo que seja num simples comentário numa mídia.

As trevas querem manter o ser humano afastado da Luz da Verdade, e tudo fazem para mantê-lo mental e emocionalmente sob controle. O tempo está passando acelerado, hora de despertar o espírito. Haja força de vontade, antes que seja tarde demais. O que é a vida? Qual o seu significado? Para que viemos? O ser humano é espírito. O corpo é vestimenta passageira. A verdadeira espiritualidade pode esclarecer.

Governantes das nações que integram o G-20 participam de reunião na Índia. O que entra na pauta dessas 20 principais economias do planeta? Guerra, paz? Falarão sobre o declínio ético e moral da humanidade e de como reverter essa curva decadente da espécie humana, com pouco espaço para reflexões individuais profundas sobre o sentido da vida?

Segundo noticiou o site bbc.com, a dívida da China está se aproximando de 310% do seu PIB, um dos mais altos níveis de endividamento entre as economias emergentes, mas quem são os credores? A expansão da China ocorreu em virtude da decisão de produzir de tudo e exportar para acumular dólares, mas o mercado interno pouco evoluiu. Muitas autoridades caem na ilusão de que basta injetar dinheiro para que a economia vá em frente gerando progresso e bem-estar.

No comparativo do que acontece com alguns atletas, quando as substâncias estimulantes utilizadas podem causar a morte em competição por provocar espasmo das artérias coronárias com o surgimento de enfarte do miocárdio, o mesmo efeito se dá com o dinheiro que é lançado na economia sem um direcionamento saudável. Isso produz os distúrbios que entorpeceram a economia gerando descontrolado crescimento da dívida e incertezas quanto ao futuro. Só o PIB não garante felicidade. De que vale um PIB alto se muitas pessoas passam fome e se embrutecem?

O aumento das taxas de juros e das dívidas, a queda na renda e consumo preocupam o varejo, tudo isso leva comentaristas econômicos a falarem sobre recessão e quebradeiras. Uma boa pedida seria buscar equilíbrio entre os monopólios mundiais e pequenos e médios empresários.

Para formar líderes sábios, à altura dos desafios da época, eles têm de compreender as leis da natureza. Poucas pessoas estão percebendo o grave chamado sutil do Universo. Tempestade perfeita? Inflação, juros, recessão, desemprego, violência urbana. A humanidade tem seguido por caminhos tortuosos. Estará em andamento o naufrágio das civilizações apontado pelo escritor libano-francês Amin Maalouf?

O século 21 está pondo em evidência o brutal confronto das civilizações; porém, mais forte do que o choque entre religiões, racismo, Estado autoritário e liberalismo exacerbado, situa-se o grande confronto econômico-financeiro global que está assumindo formas rígidas, expressando as cobiças por riquezas e poder dos homens intelectivos que se opõem ao espírito gerador da boa vontade para a paz.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

AS CONSEQUÊNCIAS DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

Todos sabem como é delicada a situação de depender de terceiros, mas por que deixam que isso aconteça? O Brasil sempre ficou atrelado a interesses externos, desde a produção e exportação de açúcar, café, entre outras commodities. Com tantos recursos naturais e mão de obra, o país poderia ter construído uma economia menos dependente e se tornado mais próspero. Sem visão e sem empenho, os governantes do país o acorrentaram aos poderes e interesses externos há mais de 200 anos. O atraso latino-americano vem desde as repúblicas montadas para atender a interesses particulares. A população até que ensaiou uma evolução, mas a pobreza material e espiritual domina amplamente.

Em meio a tantas desgraças, a sociedade se sente acossada pela síndrome de pânico, sendo que na América Latina esse problema é mais grave ainda. As pessoas estão assustadas, inquietas. Em meio às crises econômicas esse é mais um fator para manter a estagnação geral.

A moeda é dita como produto do Estado, mas na verdade é o poder na mão daqueles que o comandam, e razão da revolta de outros, cuja moeda está longe de ser a moeda internacional que todos acolhem. Se ela sair do físico virtual e passar para o digital possibilitará a ampliação do controle dos movimentos. Aí entram as dúvidas sobre as atividades da sociedade moderna e a grande sombra que permeia os cartéis no mercado das drogas que atuam como multinacionais escorregadias e bem estruturadas. Haverá algum tipo de arranjo?

Cautela é a palavra para o momento. O Brasil está perto do labirinto das dívidas dominantes, mas ainda não está nesse nível. Precisa cuidar atentamente das contas e não permitir que políticas governamentais imediatistas lancem a nação numa vala profunda. Se a inflação mundial se instalar, o Brasil será fisgado pelas importações que terão seus custos elevados, algo a ser meticulosamente planejado.

O espírito intui, o intelecto raciocina. Quando o espírito não se fortalece e deixa o intelecto se impor, a intuição vai perdendo força e o indivíduo também perde a força de vontade, e vai se acomodando, pois lhe faltam propósitos. Assim, vai deixando a vida rolar e, consequentemente, seu pensar vai perdendo naturalidade, simplicidade, agilidade e clareza. O pensamento fica confuso e o raciocínio perde a lucidez; é o enrijecimento.

Então os especialistas que buscam atender aos interesses do poder, acham que a solução para lidar com a questão do baixo aprendizado das novas gerações deverá ser introduzir o pensamento artificial direcionado pelas máquinas para que os indivíduos tenham alguma funcionalidade para o sistema, mas com isso o ser humano acaba perdendo a sua a essência, a conexão com a alma.

É lamentável a situação em que se encontra grande parte dos estudantes. Inseguros, sem clareza no pensar, estão sem rumo. A velha estrutura foi impactada pelo realismo das poucas expectativas para o futuro. O que fazer? Para que fazer? O que somos nós? O que é a vida? O desemprego dos jovens é brutal. Em vez de ser eterno aprendiz, em meio à estagnação, as novas gerações estão desaprendendo a viver. Infelizmente a qualidade da educação tem piorado. Aulas chatas, alunos desinteressados.

Como os estudantes poderão ter prazer de estudar e construir o próprio futuro se perderam a esperança em um mundo melhor, e estão desconectados da própria alma e da intuição, que são a essência do ser humano? Deveriam estar sabendo ler e escrever bem. O meio digital é importante no ensino e poderá ser um simplificador em meio a tantas teorias distantes da realidade, raramente utilizadas ao longo da vida; mas o professor deve explicar na lousa, fazendo uso do giz para boa conexão com os alunos e para facilitar a compreensão do conteúdo abordado na aula.

Aprender com quem sabe fazer. Aprender fazendo. Esse parece ser o jeito certo de aprender em vez de ser envolvido por toda a teoria para depois se ajustar na vida real; o ensino precisa de atualização ante a aceleração geral. Muitos estudantes gostariam de ter aulas que os tornassem aptos para utilizar na prática e imediatamente o conhecimento adquirido. O Brasil está ficando para trás e caminhando aceleradamente para a dependência econômica e tecnológica, comprometendo seriamente o futuro.

A situação real é que o espírito fica aprisionado no corpo dominado pelo cérebro e pelos instintos corporais, sem ter condições de se manifestar para colocar em movimento a essência do ser humano. A vida é um eterno aprendizado, uma jornada para evoluir, mas aqui chegando, as pessoas se esquecem da finalidade da existência e se deleitam com as ninharias do mundo material enquanto o espírito cai na indolência e fraqueza, e não cumpre nem dez por cento do que poderia e deveria.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

DECADÊNCIA OCIDENTAL OU MUNDIAL?

Há muitos fatos que atestam a decadência do ocidente que está perdendo espaço na luta pelo poder. Mas todo o nosso mundo se transformou no vale de lágrimas da decadência humana. É o mundo construído após a voz do espírito ter sido deixada de ser ouvida, assinalando a erosão dos valores espirituais, morais e culturais. Querem restabelecer a ordem à força, cortando a liberdade e a individualidade; mas sem o reconhecimento da realidade espiritual da vida o declínio não será detido. O ser humano nasce para evoluir e ser um beneficiador do mundo.

O final da sangrenta segunda guerra acenou com a promessa de paz, mas as cobiças dos homens permaneceram. O mundo vive a nova tragédia transformada em circo. A questão básica é que as nações possam gerar emprego, renda e condições gerais de vida satisfatórias sem se tornarem reféns das dívidas.

Com a globalização, o Brasil voltou a ser fornecedor de commodities e as condições de vida caíram no caos. Que o país não se transforme amanhã na caótica Argentina. Dá para evitar? Enquanto os EUA se defrontam com déficits extrapolando os limites de endividamento, a China ostenta volumosa reserva de mais de três trilhões de dólares como trunfo geopolítico.

O cenário econômico foi desbalanceado. Os povos deveriam ter equilíbrio em suas relações. As riquezas naturais ficaram concentradas quando deveriam ter permitido a melhora das condições gerais de vida. Veio o dinheiro em papel e com ele as bolsas que, antes de olharem para os investimentos, deixaram os ativos em continuada inflação que atraem aplicações especulativas. Os investimentos estão paralisados. O desequilíbrio vai agravar tendendo para a estagnação secular. Os Estados-nação endividados terão dificuldade para superar as pressões financeiras, de segurança, sanitária, alimentação e outras. Faltarão gestores a altura dos desafios. É essa a realidade a enfrentar.

Pessoas simples confiavam no dinheiro, mas em muitas oportunidades foram desapontadas vendo seu capital ser corroído por medidas que visavam sanear os abusos, os quais beneficiaram alguns. O dinheiro e o poder se tornaram a prioridade. A atividade sexual desenfreada se tornou o escapismo das massas aflitas com baixo poder aquisitivo. Agora há o cansaço, a superpopulação, a crescente necessidade de alimentos, a luta pelo domínio das riquezas naturais. O dinheiro controlado digitalmente em seus movimentos cria, na prática, a fase final do processo desenvolvido há dois séculos. Haverá ganhadores? Quem serão os perdedores?

O Brasil está criando o DREX, o dinheiro digital com nome estranho. O X já substituiu o engraçadinho pássaro do Twitter. Vamos buscar um nome melhor, pois o X não carrega boas impressões. Os Bancos Centrais, além de controlarem o dinheiro, vão controlar tudo que o cidadão comum fizer com ele? Democrático? Com pouco dinheiro o pessoal já está “Durex”.

Estamos enfrentando a grave questão da saúde psíquica e mental. No passado, os pais tinham tempo para dar esclarecimentos às crianças, mas hoje está difícil. Sem esperanças no mundo, sem uma base firme e propósitos de vida, os jovens vão decaindo, perdendo a fibra. São seres humanos que precisam se fortalecer e estarem aptos para enfrentar o futuro. Um drama de segurança pessoal e nacional.

São sintomas da decadência geral. Aumentam os crimes e outras ações maldosas, isso em grande parte decorre devido à falta de bom preparo para a vida. As mães e avós faziam isso, mas hoje as crianças ficam sujeitas ao que a escola ensina. Pelo visto pouco ensinaram. As pessoas estão ansiosas, sem paciência, sem bom senso, o que se reflete na forma de agir e de dirigir. Falta consideração e respeito às mínimas regras de boa convivência.

As novas gerações estão desaprendendo a fazer uso das palavras da língua mãe. Que pobreza de vocabulários! Que raciocínio confuso! Que pensamentos desordenados. E as continhas elementares, mal sabem somar algarismos representativos de dezenas. Que futuro terão esses jovens estudantes? Que tipo de cidadãos estão sendo formados? Que futuro terá a nação e o mundo?

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

GANÂNCIA E PREPOTÊNCIA

Os chefes de Estado presentes à Cúpula Celac – União Europeia 2023, realizada na Bélgica, reconheceram e lamentaram profundamente o sofrimento incalculável infligido a milhões de homens, mulheres e crianças como resultado do comércio transatlântico de escravos. A escravidão e o tráfico de escravos foram tragédias terríveis na história não apenas por causa de sua barbárie abominável, mas também em termos de sua magnitude, natureza organizada e, especialmente, sua negação da essência das vítimas, e que essas práticas são um crime contra a humanidade.

No geral, os ganhos com o trabalho escravo foram transferidos para a Europa, praticamente nem permaneceram na América Latina. A fidelidade ao solo do nascimento implica ligação afetiva com a terra e, consequentemente, com contribuições espontâneas para a melhora das condições gerais de vida, mas isso não significa comunismo ou coletivismo.

As empresas passaram a operar em escala mundial, quer dizer, sem pátria, e muitas pessoas fazem o mesmo. Aqueles que deveriam cuidar do seu pedaço se mostram displicentes; os que estão distantes não têm empatia. Mas o planeta é um, composto de vários povos e regiões que apresentam diversidade; a uniformidade suprime isso. Como consequência, a riqueza auferida numa região traz poucos benefícios a ela e a seu povo.

A tragédia de um povo é quando as pessoas, em vez de receberem aprimoramento, são deixadas ao abandono, sem bom preparo para a vida, sem vontade forte para progredir como ser humano, sem capacidade para interpretar textos simples e fazer pequenos cálculos. Dessa forma está feito o declínio tipo colonial que resulta num povo atrasado e a serviço de interesses externos, repositor de commodities para os povos desenvolvidos de melhor renda, e nisso os governantes têm grande parcela de responsabilidade.

Assim como um prédio que tem um andar sobre o outro, a economia segue o mesmo impulso dinâmico levando à produção agropecuária, criação de fábricas, lojas, escritórios e moradias que ampliam a arrecadação. Agora se dá o contrário; cada coisa desativada provoca efeitos em outras, num impulso reverso. É um grande desafio que atinge empresas, governantes e pessoas em geral, requerendo ações especiais que possam deter a estagnação. Os EUA tinham o modelo que colocavam o homem como objetivo. A coisa desandou. Hoje a máquina vai tomando o lugar do homem. Como será a vida e o trabalho de mais de 90% da população?

O aumento da produção em uma região tem a ver com a competição globalizada. Quando uma região aumenta a produção, reduzindo o preço, acarreta um encalhe na produção de outra que não consegue competir. No passado distante, a prioridade era a melhora das condições de vida, o que se refletia nas ciências que se mantinham mais próximas da natureza. Hoje se abstraíram do ser humano. Kishore Mahbubani, ex-presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, destaca que “enquanto o ocidente dormia acalentando a sensação de comando global, a China acordou e revolucionou a economia.”

A China se tornou a fábrica do mundo e tem a sua economia fundada nas exportações; acumulou caixa alta e agora está investindo em outras nações. O que aconteceria se o processo de globalização com portas abertas e tarifas baixas sofresse uma parada e retrocesso?

O mundo da fantasia e ilusões tende a se desmanchar na pós-pandemia. Isso já está afetando o comércio de ostentação. As pessoas estão simplificando o seu modo de viver. O que virá pela frente? Vamos ter uma remodelação econômica mundial? A vida está ficando difícil para quem depende do salário. Que alterações essas mudanças poderão provocar? A vida ficará mais fácil ou o aperto tende a ser maior? Como dar vazão à produção de bens que acena com encalhes, enquanto a de alimentos ameaça cair?

Para produzir bons frutos, os pensamentos têm de estar voltados para o bem geral. Os espíritos humanos foram encarnados em diferentes raças. A escravidão foi o terrível exercício da ganância e prepotência. O irônico é que um branco astuto e de mau caráter poderá ser reencarnado em uma atrasada tribo africana e vice-versa. Com certeza, as populações arrancadas da África teriam tido melhor evolução se lá tivessem permanecido.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

HISTÓRIA DO BRASIL

Onde estão os historiadores? O que eles dirão sobre a nossa era de atraso? O que dirão as próximas gerações? Conseguirão desvendar as causas da superinflação; o famigerado Plano Collor, as lutas de Zélia Cardoso de Mello, quando foi ministra da economia para não elevar a taxa de juros; os meandros do Plano Real; os governos de Lula; as jogadas com o dinheiro público; o sucateamento da educação dos jovens; o esforço para manter o dólar artificialmente barato; a compra da refinaria de Pasadena? O que aconteceu no governo de Temer? E sobre a chegada da pandemia em 2020; a complicada eleição de 2022; o papel do poder judiciário e a letargia do legislativo?

A nação brasileira sofre de um mal, pois cada poder, cada indivíduo, quer ser mais que o outro e impor sua vontade e seus interesses particulares. Se dissessem que isso aconteceu no passado, daria para entender, mas está acontecendo no século 21. Inacreditável!

Nos anos 1980, com os problemas da dívida externa, a indústria começou a perder apoio, que culminou com a valorização do real que inviabilizava as exportações, como já tinha acontecido com a Argentina. As grandes corporações foram tirar proveito da mão de obra barata da Ásia e precisavam ampliar seus consumidores pelo mundo, mas o câmbio era o entrave, o que foi contornado com a âncora cambial valorizando o peso argentino e o real brasileiro, acarretando ainda elevados encargos de juros.
É decepcionante observar a rudeza das atitudes e palavras de muitas pessoas astutas e desonestas, que não se envergonham de extravasar o seu ódio. O Brasil está vivendo uma fase muito difícil. Há quem diga que parece o tempo dos interventores de Getúlio, com suas imposições e atitudes arbitrárias. O que se poderia fazer?

Em linguagem popular, está chegando a era das vacas magras. O dinheiro não consegue soluções num planeta de recursos limitados com humanidade displicente em seu modo de vida. Aumentar a liquidez não resolve mais como antes. Algum dia o mundo verá uma economia estável cujo crescimento acompanhará o aumento da população. As cidades serão ordenadas, haverá água e saneamento. Educação para a vida e o trabalho.

A alegria vem da alma livre das tensões decorrentes do modo de vida que é pressionado pela luta pela sobrevivência num mundo áspero, onde um bombardeio de informações negativas e antinaturais entopem o cérebro, que não quer aceitar a lei da reciprocidade, fechando o canal que permitiria receber a alegria de viver.

O querer tem de ser bom, mas é influenciado negativamente pelas comunicações que estimulam sentimentos baixos de ódio e vingança em cenários sombrios de miséria e violência. Falta o amor desinteressado. Sem receber energia boa da alma o cérebro se estressa e leva o indivíduo ao desânimo. Os ansiolíticos e outras drogas disfarçam o mal, mas não removem a causa.

Estamos na balbúrdia do Final do Tempo, da prestação de contas. As trevas querem dominar o mundo. Ardilosamente, forjam a miséria e a indolência. Se a desordem tomar conta, a nação deixa de funcionar, entra o vale tudo. Enfim, será o caos que a humanidade vem preparando há séculos trazido à tona pelas leis da Criação. Haja paz para os seres humanos que querem a Luz da Verdade. Haja paz no Brasil e no mundo aos seres humanos de boa vontade.

Na crise que se precipita sobre o mundo, o que há para ser aprendido é que as coisas mudaram, a vida exige seriedade e responsabilidade. O consumo terá de se adequar a um nível natural. As pessoas deverão se afastar das superficialidades e buscar o que seja essencial para um viver mais adequado. Deverão buscar atividades enobrecedoras para não se tornarem escravos do trabalho e, ao mesmo tempo, buscar a ampliação do saber sobre a vida, sua finalidade e seu significado. A economia deverá ser um meio que possibilite um viver condigno e não a finalidade principal pela qual as pessoas morrem e se matam sem terem aproveitado efetivamente o tempo de vida.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

RUMORES DE GUERRA

Os EUA criam dinheiro e aumentam a taxa de juros. A China cria dinheiro e baixa a taxa de juros. Duas situações opostas; que efeitos trarão para a economia? Não basta criar dinheiro. Para consumir, há que se produzir.

Inflação, desemprego, consumo são três questões fundamentais da economia que ainda não encontraram solução. Capitalismo, Socialismo, Capitalismo de Estado; Coreia do Sul e Brasil. São diferentes tipos de organização política e econômica, mas há problemas em todos, pois sempre se defrontam com os fantasmas da estagnação, do endividamento e do aumento da precarização geral.

Os políticos da América Latina fizeram tantas promessas, mas o desencanto da população seria inevitável dada a falta de empenho desses representantes em eliminar o estigma das características de colônia que seus países vivem há mais de 500 anos; ao contrário, tiraram proveito pessoal.

A Argentina já foi palco de uma dolarização fracassada, figurando como exemplo de republiqueta mal administrada. Quanto mais dólares dispunha, mais dispersava, e a dívida crescia. A crise atual é drástica atingindo economia, déficits, câmbio, educação, inflação, qualidade de vida. Uma trágica tempestade de desgoverno. Após a ruptura do acordo de Breton Woods ocorrida em 1971, ainda não foi encontrada a forma adequada para a convivência das várias moedas nacionais, tendo à frente o dólar e suas variações, que ao lado dos juros, acabaram se tornando o prato predileto dos especuladores.

O mercado das finanças é muito complicado. Se uma nação não for administrada com seriedade e competência, em pouco tempo se verá perdida financeiramente como a Argentina. No Brasil, o desmonte industrial e educacional foram terríveis, travaram o gigante que, entorpecido, caiu na dormência apesar dos recursos naturais disponíveis. A população pena no presente, mas como será daqui para frente?

O colapso da economia norte-americana virá, é o que afirma o economista e ex-político Ron Paul. Trata-se de evento até então inimaginável dada a resiliência americana. Decisões atabalhoadas estão desorientando o povo norte-americano. No passado, criar dinheiro era a solução, mas agora sem produzir, gastando desordenadamente e importando de tudo poderá trazer muitas dificuldades.

Que futuro a humanidade poderá ter? Os homens se julgam donos do Planeta. A permissividade tomou conta e nada mais é respeitado. Métodos escusos passam a ser aceitos pela maioria distraída pelas piadinhas disponíveis nos celulares. Se antes era difícil selecionar bom conteúdo, agora, se abrirem as portas, os “riachos” levarão muito lixo para as casas.

O que estão fazendo os bilhões de seres humanos para agradecer ao Criador que concede o dom da vida e os alimentos necessários através da atuação da natureza e suas leis? A natureza é o lar da Criação, tem de ser compreendida e respeitada para que permaneça doadora.

Que riscos decorrem da instabilidade climática? O que se passa no planeta em transformação? Ao comparar a situação atual com o século passado é indispensável incluir nas análises o sol e sua atividade aumentada. As populações foram empurradas de uma forma de vida mais natural no campo, para engrossar o contingente das cidades que se tornaram centros superpovoados, consumistas de bens importados, sujeitos a endemias. É fácil perceber que tem faltado foco prioritário na qualidade de vida do presente e do futuro. Estamos colhendo as consequências.

A evolução é uma lei da natureza que abrange tudo, impulsionando para o aprimoramento. Mas não se pode comparar o que se passa no mundo animal, que atua de forma instintiva, com o ser humano, cuja essência é espírito dotado de livre arbítrio que permite a escolha entre o bem e o mal, o certo e o errado; que possui consciência interior que sempre o adverte. O problema é o raciocínio frio que o guia através das cobiças, inveja, temores e ódio que leva à involução da espécie humana.

O que se poderia esperar disso tudo? Aumentam os rumores de guerra. A esteira dos acontecimentos vai rolando rapidamente, não há reflexões mais profundas nem considerações de natureza humana, pois as pessoas vão seguindo mecanicamente, sem prestar atenção ao que se passa ao redor e ao querer intuitivo, que poderia ser de grande auxílio nesta hora sombria.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

DEMOCRACIA OCIDENTAL

O ocidente, defensor da democracia e liberdade, acabou criando um tipo de república que funciona mal porque, com tudo dividido, não há consenso, mas sim muitos interesses particulares conflitantes. O país e sua população ficam em segundo plano e o resultado está bem visível: ninguém se responsabiliza por nada e a nação vai a pique, restando situação favorável apenas aos tiranos. A liberdade, o grande trunfo, se acha sob ameaça e as novas gerações estão com pouco preparo. A China viu tudo isso e ao perceber que dólar é o que importa, pôs a máquina exportadora a funcionar, conduzindo com sucesso sua população que não quer mais passar necessidades básicas. Enquanto isso, o ocidente vai se desmanchando.

O que se poderia esperar de um sistema de gestão de Estado feito para ser deficitário? O que se poderia esperar de um sistema monetário baseado numa moeda mundial influenciada por interesses particulares? O que se poderia esperar de países geridos por grupos interesseiros inadequados para governar?

Os especialistas estão advertindo sobre as consequências da emissão de dinheiro e crédito em larga escala, enquanto a produção definha, os empregos desaparecem e a insatisfação aumenta. No Brasil, ninguém assume a responsabilidade pelo descalabro das contas públicas. Quem tem poder sabe como se defender, mas o peso sempre recai sobre os mais frágeis que têm de se submeter a leis imediatistas e precarização.

Com o golpe da pandemia e inflação, o Brasil está se recuperando lentamente. Apesar das crises políticas e da aproximação do ano eleitoral, o mercado financeiro recebe sem grandes apreensões o atraente aumento da renda fixa. Haverá uma transferência de renda para fora, mas o viver será apertado para os assalariados, inclusive para os funcionários públicos comuns, sujeitos ao aperto fiscal e aos desmandos dos governadores estaduais.

EUA e China se tornaram os grandes expoentes da economia, mas enquanto os EUA lutam para sanar as próprias incoerências, a China vai impondo aos seus cidadãos medidas pragmáticas. A miséria avança pela maioria dos países, muitos deles superendividados, enfrentando crise econômica, política e social.

Em vez de os políticos e os empresários do Brasil seguirem as pegadas dos Estados Unidos que levaram ao progresso, parece que agora os políticos americanos estão copiando os do Brasil. Diante da turbulência de acontecimentos já se nota a paulatina perda do controle emocional. A polidez vai sendo posta de lado. Quanto mais aumenta a pressão, maior é a tendência da ação impulsiva de pessoas que não querem ouvir o sentimento intuitivo. Na gestão pública, essa possibilidade cria um risco adicional para a população.

O historiador Eric Hobsbawm disse que estamos na era dos extremos e das incertezas. Mas em vez de as mazelas serem atacadas e combatidas, passou-se a discutir ideologia num cenário de luta pela riqueza e poder, e embrutecimento da espécie humana. Despreparados, muitos pais não conseguem dar bom preparo a seus filhos. Tudo isso criou a tendência do decadente embrutecimento da humanidade. Como combater o descalabro?
Tempos de penúria se anunciam, na subida de preços de commodities, alimentos, energia, combustíveis, juros, tudo subindo, significando menos dinheiro nas mãos dos consumidores, menos consumo, menos empregos. Infelizmente a delinquência está tomando conta do Brasil, na criminalidade, nas drogas, nas favelas, na política, na justiça, nas negociatas corruptas. Só com o auxílio do Criador e atuação sincera dos homens de bem é que o Brasil poderá ser salvo. O viver está complexo e atribulado. Que futuro poderá ter a humanidade?

A desigualdade atinge muitos seres humanos que ficaram abaixo de seu potencial. Faltaram oportunidades e força de vontade. Uma questão pouco comentada é a da indolência pessoal ou induzida para manter dóceis as massas e que predispõe os humanos a ficarem acomodados sem desenvolver o necessário esforço para o seu aprimoramento, e não colocar em movimento a sua capacitação de examinar e elucidar a causa das dificuldades e o significado da vida, pois todos nós a recebemos por igual. Acima de qualquer lei humana pairam as leis do Criador que devem ser reconhecidas e observadas em todas as construções para que possa haver a paz e o progresso real.

Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

DEMOCRACIA DEPRAVADA

O desequilíbrio econômico entre os países é geral, de tal forma que apesar dos déficits, as nações utilizam políticas que inibem a atividade econômica quando deveriam estimular a produção de itens essenciais. O déficit comercial dos EUA ilustra bem esse desequilíbrio. Decisões oportunistas criaram essa situação, pois deveria haver equilíbrio econômico geral na produção, comércio, empregos, consumo, progresso com elevação dos níveis de saúde, educação, setor privado diversificado, mantendo estabilidade econômica, política e social. No entanto, os caminhos que levam a isso não foram perseguidos.

O dinamismo da economia globalizada tem sido mantido de forma artificial e distante dos reais objetivo da economia política que visa o bem-estar geral das populações e a melhoria geral das condições de vida, favorecendo o aprimoramento da espécie humana. Quantos desses objetivos foram alcançados? Quando sopra um vento mais forte, seja no Lehman ou na Evergrande, tudo oscila. A vida tem se tornado difícil e em crescente precarização para quase a totalidade das cerca de oito bilhões de pessoas hospedadas na Terra. Cobrir o rombo não deverá ser problema para a China; mais difícil será dar solução para quem ficar sem casa e para quem perder o emprego.

Em 2011, americanos indignados ocuparam a praça próxima a Wall Street em protesto pelo desemprego crescente e queda na renda, vendo o sonho americano ser atropelado. A mais importante questão para uma nação é a seriedade na escolha dos dirigentes, mas ao que se observa a grande maioria dos eleitos não cumpriram o seu papel, fragilizando e depravando a democracia ocidental e tudo o mais, cansando a população que não via a nação ser tratada com seriedade na direção do progresso e autonomia, por isso não há razão para que se estranhe a eleição de Trump e Bolsonaro, que captaram os anseios da população.

As grandes potências, como Inglaterra, França, EUA, Rússia e China, manejam o mundo há séculos da forma que melhor lhes convêm. Os discursos são envolventes, falam em convivência pacífica e progresso para todos os povos, mas na prática cada qual busca vantagens, seja com abuso da força militar ou econômica, mesmo que para isso tenham que sacrificar a natural evolução da espécie humana e a sustentabilidade do planeta.

O planeta Terra tem uma triste história de desestabilização dos mecanismos naturais que asseguram a sustentabilidade da vida. O mais cruel é que isso é consequência das desastrosas políticas econômicas adotadas que visam o enriquecimento de grupos dominantes em prejuízo de toda a humanidade, pois ao invés de visarem o aprimoramento, agem com viés imediatista, cobiçando ganhos e aumento de poder e influência, arrastando as populações para o abismo, escravizando-as sem que tenham consciência disso.

Estamos diante de uma situação extraordinária com acontecimentos que escapam do controle dos superdirigentes e dos supercomputadores, desorientando e gerando incertezas. Evidentemente são as consequências de atividades desordenadas que vêm introduzindo desequilíbrio no sistema natural da vida, atingindo a economia e a sociedade. Hora de direcionar toda inspiração intuitiva e o raciocínio lúcido para descortinar as causas que estão ameaçando a sobrevivência condigna da humanidade. A indolência espiritual finca suas garras onde não encontra resistência. As pessoas veem, mas não enxergam; ouvem, mas não escutam. As coisas vão acontecendo, mas, acomodados, os seres humanos não se mexem, não percebem que deveriam estar agindo como seres vivos e despertos no uso de suas capacitações.

A submissão deveria ser somente às leis da Criação, à Vontade Criadora de Deus, para construir um paraíso na Terra; mas os humanos, escravos das trevas, ousaram escravizar o próximo buscando atar seus espíritos para que se tornassem submissos, e a Terra se transformou num vale de perdição e sofrimentos. O ano de 2021 começou sem festas e tem os mesmos números de 2012. Os dias deste ano estão sombrios e difíceis. É importante mudar o foco dos pensamentos para coisas leves e do bem para escapar da inquietação reinante.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

CONSEQUÊNCIAS DA ECONOMIA DESEQUILIBRADA

Onde encontrar democracia que funciona bem? O problema não está na democracia, mas nos seres humanos, que como em qualquer outro sistema de governo se deixam levar pela mania de grandeza, um mal que pode grudar em qualquer pessoa, seja militar, militar reformado, professores, economistas etc. Hoje isso é dominante. É lamentável a situação geral da humanidade que após tantos milênios para evoluir acabou decaindo no nível abaixo das tribos antigas que só conheciam a natureza; hoje nem isso é conhecido, o que resulta em ignorância maior ainda, pois conhecer a natureza e suas leis já é um avanço que deveria conduzir ao reconhecimento das leis que regem a vida.

No passado, a economia se baseava na produção de bens essenciais, trabalho e consumo. O comércio expandiu e, com isso, surgiu a necessidade de um meio para facilitar as trocas diretas. Uma das alternativas foi utilizar o ouro que deu origem ao banco, que por sua vez deu origem ao papel que valia ouro. Enfim, surgiu o dinheiro em papel que se distanciou da finalidade de produzir bens essenciais, passando o “dinheiro fazer dinheiro”. Fazendo uma analogia, a situação poderia ser comparada com um edifício, com alicerce frágil e cuja construção continua subindo, ficando a cargo da engenharia financeira fazer remendos. Muitas pessoas continuam comprando ativos financeiros na esperança de vender por mais e obter ganho, mas poucos estão conseguindo. Para evitar acidentes, os engenheiros não podem interromper o reforço. Pergunta-se: com isso, a situação não vai ficando mais complicada?

Causa estranheza a forma displicente com que autoridades governamentais de vários países deixaram crescer o passivo. Qualquer administrador sabe que a constituição irresponsável de um passivo financeiro poderá levar o país à ruína. Os países retardatários da periferia não dispunham de acumulação de capitais. Por isso, deveriam programar as suas contas e o desenvolvimento de tal forma que não cavassem um abismo para as suas populações nem caíssem na grande armadilha da dívida.

Quando muito dinheiro é emitido surge a inflação e o dinheiro perde poder de compra pela falta de produção. Quando se combate a inflação, a produção se retrai. Ou seja, há um desequilíbrio geral na economia. O BCA Research, instituto de pesquisas de investimentos, explica a desaceleração da China devido à queda da demanda. A paralisação imposta pela pandemia levou à perda de renda e mudança no estilo de vida. Caiu a renda das famílias, os supérfluos foram postos de lado e o consumo se concentrou em alimentos e remédios, o que acabou afetando a China como o grande fornecedor, e seus satélites asiáticos. Em decorrência, cai o consumo de matérias primas. Quanto maior a dependência dos países a esse ciclo, maior será o efeito sobre a economia. O Brasil tem de estar atento à produção agrícola, exportação, consumo interno, e saber aproveitar e produzir mais manufatura, reduzindo a dependência externa.

Como resolver a questão da sobrevivência condigna? Era previsível que o surgimento de grandes grupos de pessoas refugiadas das condições hostis de vida iria acabar acontecendo no planeta inteiro. Essa população não pode viver de esmolas de forma passiva; precisa de atividades e atendimento das necessidades. O sistema econômico tradicional não apresenta soluções com trabalho, renda, consumo. Com tantos pesquisadores, há que se encontrar solução que permita a essas pessoas conseguir trabalho e aprendizado, pondo em prática o próprio esforço, sem cair no imobilismo do comunismo.

As novas gerações representam o futuro do planeta. Homens e mulheres têm de ser responsáveis ao gerar filhos, dando-lhes cuidados e preparo para a vida. Os modelos que são dados às crianças são muito importantes. Desde cedo elas estão sendo expostas ao que de pior o homem é capaz de fazer. Reúnam-se com as crianças, conversem com elas, estabeleçam vínculos de amizade e confiança, mostrem que o real significado da vida é a evolução espiritual e material.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

DEMOCRACIA EM CRISE

O sistema vigente apresentou grandes promessas no pós-guerra, mas em vez de seguir num padrão natural de vida, os seres humanos foram direcionados para as atraentes ilusões do mundo material, despertando inveja e cobiças, esquecendo-se de sua essência e da finalidade da vida onde o material é o acessório que assegura a conservação do corpo. Os propósitos enobrecedores foram sendo derrubados na busca por vantagens imediatistas. Tudo foi seguindo nessa direção visando dinheiro, poder, dominação, destruindo a esperança, chegando agora ao ponto de ruptura que causa danos devido à ausência de sustentação real.

Nos anos 1950, o mundo despertava após a sangrenta guerra. As novas gerações respeitavam e ouviam seus pais e avós, e se esforçavam para aprender. Logo vieram os filmes, as danças, a nova safra de artistas modelando as novas gerações. Por todos os lados surgiam festinhas que atraíam os jovens para danças e refrigerante com rum (o Cuba-libre), cigarros e a maconha mais oculta. As novas gerações foram afrouxando a disciplina. Agora a moda é o pancadão, mesmo em tempos de covid, mais incisivo ainda na tarefa de enfraquecer o país e a juventude, levando-os à atividade sexual sem responsabilidade.

Os humanos receberam o planeta Terra para que pudessem evoluir. Os diversos povos deveriam se desenvolver uns ao lado dos outros, em paz, se pautando em conformidade com as leis da vida e tendo a natureza como a grande provedora e concessora de benesses e riquezas. É bom que se exporte mercadorias, mesmo que seja minério de ferro, mas esperemos que este não venha a nos faltar no futuro. O dramático é o avanço da precarização decorrente do desequilíbrio entre os povos na produção, comércio, empregos, renda, consumo. Onde há recursos naturais a economia vai se tornando mais extrativista, perdendo sua diversidade e produção com maior valor agregado.

É longo o processo de imprevidência e irresponsabilidade que arruína um país. Geralmente segue diretrizes externas geoeconômicas, agravadas com disputas internas pelo poder. A geoeconomia é a disputa por recursos naturais e mercados. O Brasil já viveu várias crises de dívida externa desde o século 19. Agora está com elevada dívida em sua própria moeda, a arrecadação está caindo, mas os gastos aumentam. O fluxo de caixa está num gargalo com muitos vencimentos de títulos no curto prazo.

Nos anos 1980, os juros externos foram acima de 20% quebrando muitos países. O plano do presidente Fernando Henrique Cardoso mantinha fixo o preço para o dólar que nem os juros altos sustentaram. Especuladores fizeram a festa, a população pagou a conta com a estagnação da economia. A grande quebra que ameaça o Brasil está acontecendo na descapitalização do capital humano. Inundada por achincalhe e modelos inúteis, as novas gerações estão perdendo o bom senso, a agilidade mental e a esperança de futuro melhor.

Onde estão os belos e nobres sonhos? Foram-se dissipando? Por quê? Cada ano que passa representa um ciclo que se encerra, um tempo que se foi. Importa saber como esse tempo foi empregado, se para a renovação ou conservação dos velhos costumes afastados da Luz da Verdade. No entanto, o Ano Novo recria a oportunidade de renovação. Que os homens responsáveis pelas decisões do país se conscientizem de seu dever para com a pátria. Chega de atraso e corrupção.

Muitas crianças precisam aprender várias coisas além de ler e escrever. A escola tem de assumir essa tarefa porque muitas famílias estão desestruturadas. Para muitas crianças, a escola é a única oportunidade para aprender higiene pessoal, mental e ambiental, sobre como se alimentar, e de desenvolver bom senso, respeito, consideração e propósitos enobrecedores.

O grave problema do país são os gestores públicos no Executivo, Legislativo, Judiciário e estatais, que se julgam donos de tudo e que não precisam prestar contas a ninguém. Os gestores públicos e privados se deixavam levar pela mania de grandeza com pouca atenção para ver o que de fato está acontecendo. A covid-19 levou muitos deles a olhar para o essencial: para a sobrevivência ameaçada. Muitas coisas poderiam ter sido melhores. Para muitas pessoas e empresas é tarde demais dada a crise que travou tudo. Os grandes projetos não se ajustam à nova realidade; o que fazer?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br