BANALIDADES E ROBOTIZAÇÃO
No relacionamento entre as nações o princípio continua sendo o da confiança vigiada, pois cada país está sempre de olho na galinha e nas armas do vizinho. Competem agressivamente pela supremacia, mas o essencial, que é buscar a melhora das condições gerais de vida da espécie humana na Terra, fica em segundo plano. Assim, a humanidade, em vez de se elevar, tem sido levada para o caminho da estagnação e decadência, e em vez de produzir o bom e o belo, vai arruinando tudo o que alcança com sua cobiça.
A revolução industrial inglesa apertou o laço da mão de obra que, sem ter como sobreviver, aceitava rígidas condições de trabalho. Empresários e trabalhadores poucas vezes se deram bem num esforço conjunto na busca de melhores condições de vida. O Estado ficava observando e pouco fazia para equilibrar o relacionamento, por vezes criando leis complexas, dificultando o bom entendimento entre as partes.
Vieram os sindicatos e os anticapitalistas. Surgiu a polarização entre esquerda e direita, capitalismo e comunismo, patrões e sindicatos. Os sindicatos tinham por objetivo dar voz aos trabalhadores para negociarem com os proprietários das empresas. O conflito se foi acirrando. O esquerdismo no meio sindical pregava que o Estado deveria dirigir tudo, afastando os empresários do poder econômico, adentrando na política e no poder conferido pelos cargos eletivos.
A situação foi se tornando insustentável, dando origem à substituição da mão de obra por máquinas e pela automação dos processos produtivos. A iniciativa privada do ocidente transferiu as fábricas para a Ásia, onde tinha mais liberdade e abundante mão de obra de baixo custo. A China se estruturou para formar a fábrica do mundo, ampliando sua tecnologia e poder econômico. Com esse arranjo, o sindicalismo perdeu sua força e a economia mundial ampliou os desequilíbrios na produção, empregos, renda e consumo.
A economia do ocidente entrou no desvio do mercado financeiro sonhando obter ganhos sem produzir. Surge a chamada Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0 que engloba um amplo sistema de tecnologias avançadas que estão mudando as formas de produção e comércio mundial.
Com a dependência externa aumentada, despreparo da mão de obra e atraso tecnológico fica difícil para os países atrasados retomarem a produção industrial e empregos. Surge a ideia de implantar auxílios em dinheiro, nivelar por baixo e interferir na economia. Com baixa atividade, a arrecadação não tem onde crescer. Como dar prosseguimento a esse projeto? Recorrendo ao mercado financeiro, tomando mais empréstimos, e depois?
Quando em fevereiro de 2021 foi aprovada, no Brasil, a independência do Banco Central até parece que sabiam o que iria acontecer em 2022. Em meio à turbulência e incertezas, o BC terá de permanecer atento para impedir que o país caia no endividamento e perca a autonomia. Por outro lado, em defesa do bem, as Forças Armadas terão de cobrar resultados para que a nação não decaia novamente na educação tendenciosa, em imoralidades, corrupção e ampliação uso de drogas, destruindo a possibilidade de um futuro digno da espécie humana. Cuidar para que essas situações não aconteçam faz parte da segurança nacional; descuidar disso é descuidar da nação.
O ser humano tem de buscar algo especial em seu viver, indo além das banalidades e da forma de vida instintiva que se constitui em comer, dormir, se alimentar, se reproduzir e procurar por diversão. A dedicação ao trabalho é uma forma de escapar do vazio existencial, cumprir as tarefas e respeitar prazos, pois o cérebro precisa ter algo para pensar e fazer para não ficar vagando a esmo.
Com o abandono da intuição, a humanidade deixou de se aplicar seriamente na busca do significado da existência e de fazer uma incursão séria pela espiritualidade; assim surge a robotização do indivíduo. Nos tratados sobre economia falta um toque de humanização, ou seja, de algo espiritual. Algo difícil porque o ser humano intelectivo não quer ver que é espírito e que deve reconhecer as leis naturais da Criação para agir de acordo com elas e, desse modo, alcançar a paz e progresso real.
*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br
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