O FÓRUM ECONÔMICO E A MELHORA GERAL

O mundo enfrenta o problema da falta de motivação. Americanos podem estar motivados com o projeto “Faça a América Grande”, desenvolvido pelo presidente Trump. Também a China tem metas de progresso econômico e tecnológico para 2025 anunciadas pelo presidente Xi Jinping. E os brasileiros? E as novas gerações de um modo geral? O objetivo de progresso geral para a humanidade tem estado dormente e precisa ser redespertado, pois sem ele as coisas seguemem direção oposta. Precisamos sustentabilidade no convívio com a natureza e nas relações interpessoais,o que requer consciência e alvos enobrecedores.

Estamos na encruzilhada das necessidades internas e os rumos da globalização. A autocracia vai encontrando espaço. O dólar se tornou a moeda global. No novo mercantilismo, o alvo é o acúmulo de dólares. Pagam os custos internos bem restritos com moeda local. Importam as matérias primas que não conseguem produzir internamente, e vão exportando pelo preço mínimo para angariar dólares. As consequências danosas estão evidentes. Como conviver com esse desequilíbrio? Trump vai agindo na defensiva, mas o sistema global requer um exame justo e ações de reequilíbrio.

Num mundo tão desigual e diversificado na estrutura de produção, como organizar o comércio e a circulação financeira? Ainda resta um ranço colonialista sobre os mais fracos. No Fórum Econômico Mundial, em Davos, o presidente Trump disse estar aberto para realizar acordos bilaterais com todos os países, mas que não fechará os olhos para práticas de comércio “injustas”. A globalização tem seu valor e suas contribuições, mas não poderia promover a desindustrialização de países nem se sobrepor aos seus legítimos interesses. Os governantes deveriam zelar pela continuada melhora das condições gerais de vida, pela qualidade humana e preservação da sustentabilidade da vida. Os impostos devem servir à sociedade, não empobrecê-la. Os acordos comerciais devem ser condicionados com a busca do equilíbrio geral entre os povos e seu desenvolvimento.

Nada pode prosperar enquanto prevalecer a forma aviltante em que cada um espera que possa obter vantagens sobre ao outro. Formam-se quadrilhas para rapinagem deixando os restos desmantelados e os problemas nas costas da população. O início do ano de 2018 trouxe novo adiantamento no “Relógio do Fim do Mundo”, criado no pós-guerra como uma alegoria em que a meia-noite representa o fim do mundo em meio a uma catástrofe, em especial uma guerra nuclear, e consequências das alterações do clima.

Uma sucessão de erros levou à atual situação desequilibrada: afastamento do significado da vida, falta de preparo, falta de propósito de alcançar a evolução da espécie humana.
O sistema global distribui renda, mas acaba recolhendo-a com acréscimos. O excesso de dinheiro vai para a especulação e, quando as bolhas explodem, a miséria também vai sendo redistribuída. Surge a austeridade, o declínio do PIB e do consumo. O sistema de rapina interferiu em tudo, mas a natureza está reagindo.

A falta de consideração com as áreas de proteção aos mananciais, com a ocupação desordenada e com o saneamento geraram uma perigosa situação que se agrava com as alterações climáticas. Governadores e prefeitos não podem continuar administrando da forma descuidada como vem fazendo sob pena de inviabilização geral do país, impedindo que o Brasil esteja de volta, como disse o presidente Temer.

Na educação, o atraso do Brasil é grande e exige um esforço do país todo. Quem não sabe ler e escrever raramente tem clareza no pensar e lucidez no raciocínio. O elementar é indispensável: pronomes, verbos, concordância gramatical, usar o dicionário, aritmética, frações, porcentagem, proporções.

O afastamento do real significado da vida acarretou a concentração da riqueza e a estagnação da evolução da humanidade. Para assegurar a paz e o progresso é necessário que a população adquira bom preparo visando o bem geral, livre da corrupção e da cobiça de poder. Discursando no Fórum Econômico, o primeiro ministro da Índia Narendra Mori disse: “É necessário que as maiores potências do mundo cooperem entre si e que a competição entre essas potências não se torne uma guerra entre elas”. Índia, Brasil, e tantos outros países que mantiveram sua população e a economia atrasadas têm de alterar o rumo. O equilíbrio entre os povos e as melhores condições gerais de vida são necessários para deter o avanço da precarização.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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