GUERRA E INFLAÇÃO

A inflação cria ciclo vicioso que vai se repetindo, ampliando a perda do poder aquisitivo e inviabilizando muitas coisas. Pessoas e famílias veem que sua renda vai perdendo valor e são obrigadas a fazer cortes. Nesse meio, a guerra e o relógio mundial do Juízo Final desestabilizam ainda mais o precário equilíbrio emocional dos seres humanos, reduzindo a esperança de melhores dias. Solucionar é difícil, então os líderes tecem críticas mútuas e pouco falam em soluções.

A inflação é o descompasso entre a criação de dinheiro e a produção de bens. Afeta primeiramente a todos que têm uma renda fixa, o que leva à perda do poder de compra. O efeito é pernicioso para assalariados e pequenos empreendimentos, cujo custo fixo é reajustado enquanto a renda se reduz.

Há também o câmbio que atua como uma gangorra de grande repercussão na economia, um artificialismo que deu gordos ganhos aos espertos. Com real forte e dólar barato, os importados ficam mais em conta, segurando a inflação, mas desaparecem fábricas e empregos. Manter o dólar barato custa juros caros. Com real fraco, o consumidor fica à mercê de produtos de baixíssima qualidade, de cuecas a automóveis. O difícil é equilibrar as contas externas.

Os seres humanos realizaram grandes feitos, mas descuidaram do próprio aprimoramento e vivem em permanente estado de guerra, como a da Ucrânia que parece estar sendo empurrada com a barriga. Dizem que a Rússia não pode vencer, e esta diz que não pode perder. Quanto custa cada tanque que está sendo enviado? De onde sai todo esse dinheiro?

Os seres humanos se afastaram da ancestralidade, da fé, dos valores morais, e já não sabem exatamente o que são. Conduzida pelas trevas para falsos caminhos, a humanidade está convivendo com rumores e preparativos para guerra, e cansada de tantas dificuldades, não sabe o que fazer, enquanto tudo vai sendo contaminado por um desinteresse geral. Solitários, os indivíduos caminham pela vida, deprimidos e revoltados, despidos de valores e de Amor.

Tudo que está escondido e esquecido no íntimo de cada um está sendo empurrado para a flor da pele. Então, as insatisfações e descontentamentos, há muito guardados, se manifestam impedindo o bom entendimento. Vale lembrar que durante a Segunda Guerra, Inglaterra e Alemanha queriam garantir o controle de áreas ricas em recursos naturais para si próprias. Narvik mantinha um porto no norte do Atlântico que não congelava, para que o importante minério de ferro sueco, essencial na guerra, vindo pelas ferrovias de Kiruna, pudesse escoar. A conquista de Narvik foi uma prioridade estratégica alta e acabou se tornando uma renhida região de combates.

Se isso acontecia naquela época, imagine o nível das disputas na atualidade sobre os recursos naturais. Uma guerra nos bastidores leva ao vale tudo, influindo inclusive nas eleições. As regiões ricas em recursos, como o Brasil, estão na mira, sempre convulsionadas e sem possibilidade de gerir o próprio destino. É o atraso secular.

O que é, e como ser tornar uma nação desenvolvida? Fala-se muito em números e investimentos, mas o essencial deveria ser a conquista de qualidade humana e de vida, com a participação de todos na produção e na obtenção dos resultados no que é essencial para um viver com possibilidade de autoaprimoramento, impedindo o continuado declínio.

Outra questão relevante apontada pela ONU informa que a cada oito habitantes do planeta, um mora hoje em favelas ou em moradias precárias. Como se poderia corrigir essa distorção? Os objetivos e o sistema de vida levaram a esse extremo. Há muitos cursos sobre finanças e quase nenhum sobre a vida, seu significado e o papel do ser humano. Enquanto acreditar que a vida é o parque de diversão do “dolce far niente”, dificilmente haverá mudança para melhor, e muitas cidades continuarão apodrecendo, contaminando a espécie humana.

É algo que infelizmente observamos na cidade de São Paulo que completou em janeiro 469 anos e que já foi considerada como o maior centro industrial da América Latina. Poucos prefeitos lhe deram os cuidados necessários para que a capital paulista não perdesse o brilho de modo a manter o padrão de cidade líder mundial, com seus atrativos e sua irradiação acolhedora.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

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