AS NAÇÕES E AS DÍVIDAS

O Capitalismo funcionou bem nos Estados Unidos porque havia condições favoráveis para a fabricação e comercialização de produtos, o que gerava resultado e podia oferecer salários de bom nível aos trabalhadores e invejável padrão de vida. Nos demais países, sempre havia uma carência de capital e resultados. Isso gerou um descontentamento e ódio à riqueza, surgindo daí a atração por regimes socialistas; assim teve início uma divisão de classes sociais.

Com a transferência de muitas fábricas para a Ásia a situação foi se modificando e a renda dos trabalhadores declinou. Os empregos foram reduzidos e atualmente aqueles que oferecem melhores salários estão restritos às novas tecnologias. Isso está criando problemas econômicos e sociais, mormente agora em que a economia se ressente de inflação, elevação da taxa de juros e recessão.

A busca por mão de obra de menor custo concentrou a produção industrial na Ásia, onde a legislação trabalhista é bem flexível. A dependência decorrente disso alertou as autoridades ocidentais para a necessidade de desmembrar a produção para outras regiões, antes que pudesse surgir um novo tipo de imperialismo industrial.

Agora discute-se os prováveis riscos da dispersão da produção entre várias nações.  A situação tem semelhança com a difícil fase inicial da Revolução Industrial. Falta uma visão ampla de segurança nacional, de empregos e renda, e aprimoramento da espécie humana. Falta equilíbrio nas relações entre os povos e com a natureza.

Desde o tempo do casal real da França, Luiz XVI e Maria Antonieta, os déficits públicos se tornaram uma constante, com gastos supérfluos e sem foco no desperdício. Um rei e uma rainha têm por dever olhar para o povo, cuidar das condições de vida, elevar o potencial humano. Triste ver que isso não acontecia. A pobreza ficava do lado de fora e os reis não olhavam para ela. O rei não impunha controle nas contas do Estado que gastava muito em suntuosidades supérfluas, o que acabou conduzindo para a ruína.

Cortada a cabeça do casal real, veio o Estado Republicano, uma esperança; mas os governantes dos Estados se revelaram tão indiferentes à situação da população quanto os reis arrogantes, e os desmandos com dinheiro público só pioraram. O Estado se tornou o sorvedouro do excesso da liquidez financeira.

O Japão, nação de economia pujante, ostenta elevado índice de endividamento, equivalendo a US$ 9 trilhões, ou seja, a 230 % do PIB. Ainda bem que a taxa de juros está em 0%, qualquer elevação vai pesar. A dívida dos Estados Unidos também chegou ao teto e o Congresso negocia a elevação do mesmo para a máquina pública não emperrar. A riqueza real tem sua origem na natureza. O homem inventou o dinheiro e o transformou em ídolo. Criou-se uma teoria de pobreza, mas não sendo dominada pela riqueza ela é útil, por que desprezá-la?

A China, grande importador de commodities em geral e alimentos, informa que pela primeira vez em 60 anos a sua população caiu, com a taxa de natalidade nacional atingindo recorde de queda, correspondendo a 6,77 nascimentos por mil pessoas. A população do país, em 2022, estimada em 1,4 bilhão, teve uma redução de 850 mil em relação a 2021. Com as dificuldades em obter informações estatísticas sobre a China pergunta-se se o declínio teve algo a ver com a pandemia.

O século 20 foi trágico em termos de matança de militares e civis na primeira e segunda grande guerra. O que os humanos aprenderam? Sobra insensatez, falta flexibilidade. Atualmente a população da Rússia é de 50 milhões de pessoas, e a Ucrânia conta com menos de 50 milhões. O que pensam os dirigentes dessas nações e os da Otan? Está valendo a pena toda a matança? Por que ficam alimentando o conflito em vez de buscar apaziguamento?

Estamos presenciando acontecimentos nunca imaginados que pudessem ocorrer. Nunca se viu tantas mentiras, roubalheiras e indecência como atualmente, e a situação tende a piorar, pois nada mais é sagrado. A humanidade permanece estagnada devido às lutas pelo poder. No mundo todo, as nações contraíram elevada dívida social e financeira, pois não evoluíram tanto como era esperado para levar os povos à plena florescência espiritual e material.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br

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